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Advérbio: o que é, função, tipos, locução, exemplos

Advérbio

Advérbio é uma palavra invariável que acompanha e modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, pois expressa uma circunstância. Assim, os principais tipos de advérbio são:

  • de tempo

  • de lugar

  • de modo

  • de intensidade

  • de afirmação

  • de dúvida

  • de negação

Já as locuções adverbiais são duas ou mais palavras que se unem para exercer função adverbial. Como exemplo, temos “tarde” (advérbio de tempo) e “à tarde” (locução adverbial de tempo).

Leia também: Pronomes – classe de palavras responsável por referir-se a um nome

Tópicos deste artigo

O que é advérbio?

O advérbio é uma palavra de caráter invariável que acompanha o verbo, adjetivo ou outro advérbio. Quanto ao seu aspecto semântico, expressa uma circunstância, isto é, uma situação, condição ou estado, como a passagem do tempo ou a maneira como algo acontece, entre outras.

Por exemplo, a expressão “Eu gosto de Conceição” terá o seu sentido alterado se adicionarmos a ela um advérbio de intensidade. Assim, no enunciado “Eu gosto muito de Conceição”, o termo “muito” acompanha o verbo “gostar” e modifica seu sentido original.

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Classificação dos advérbios

Os principais tipos de advérbio são:

  • de lugar: longe, perto, aqui, ali, lá, acima, abaixo, atrás, dentro, fora etc.

  • de modo: bem, mal, melhor, pior, assim, depressa etc., além de muitos advérbios terminados em -mente, como docemente, tristemente etc.

  • de tempo: hoje, agora, ontem, amanhã, já, nunca, sempre, antes, depois, tarde, cedo etc.

  • de intensidade: muito, pouco, bastante, mais, menos, demais, tão etc.

  • de dúvida: talvez, acaso, provavelmente, porventura etc.

  • de afirmação: sim, certamente, realmente etc.

  • de negação: não, tampouco etc.

Existem também os advérbios interrogativos:

  • de lugar: onde

  • de tempo: quando

  • de modo: como

  • de causa: por que

Leia também: Demais ou de mais?

Flexão dos advérbios

Os advérbios são invariáveis no que diz respeito à flexão de gênero e número. Contudo, alguns advérbios de tempo, lugar, modo e intensidade possuem flexão em grau:

→ comparativo de:

- igualdade: Dênis é tão inteligente quanto Maria.

- superioridade: Dênis é mais organizado do que Maria.

- inferioridade: Dênis é menos otimista do que Maria.

→ superlativo absoluto:

- analítico: As crianças foram muito bem no exame psicológico.

- sintético: Inspirou a equipe de médicos a trabalhar melhor.

Observe que, no grau comparativo, os enunciados mostram circunstâncias em que há uma ideia de igualdade, superioridade ou inferioridade entre os indivíduos comparados, isto é, Dênis e Maria.

Já no grau superlativo absoluto, os enunciados dividem-se em analítico (um advérbio é modificado por outro advérbio; no caso, “bem” é modificado por “muito”) e sintético (um único advérbio, ou seja, “melhor”, traz em si a ideia de superlatividade).

Locução adverbial

Quando duas ou mais palavras juntam-se para exercer a função de advérbio, chamamos a esse fenômeno linguístico de locução adverbial:

  • Getúlio fez a mesa sob medida.
    (Locução adverbial de modo: “sob medida”)

  • Lá do fundo, veio um gemido assustador.
    (Locução adverbial de lugar: “lá do fundo”)

  • De manhãzinha, os enfermeiros chegaram para levá-lo embora.
    (Locução adverbial de tempo: “de manhãzinha”)

  • Com certeza, as coisas estão indo muito mal.
    (Locução adverbial de afirmação: “com certeza”)

  • De modo nenhum permitirei que ela entre nesta loja.
    (Locução adverbial de negação: “de modo nenhum”)

  • Tudo em excesso faz mal.
    (Locução adverbial de intensidade: “em excesso”)

  • Quem sabe um dia nós seremos lembrados por isso.
    (Locução adverbial de dúvida: “quem sabe”)

Veja também: Enfim ou em fim?

Exercício

Os advérbios são palavras responsáveis por modificar verbos, adjetivos e outros advérbios, atribuindo-lhes circunstâncias.
Os advérbios são palavras responsáveis por modificar verbos, adjetivos e outros advérbios, atribuindo-lhes circunstâncias.

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Questão 1 – (Furmarc)

RAPIDINHO

Todos nos beneficiamos e nos orgulhamos das conquistas da vida moderna, especialmente da crescente velocidade com que fazemos as coisas acontecerem. Mudanças que antigamente levavam séculos para se efetivarem agora podem ser realizadas em poucos anos, às vezes em poucos meses. Quando não em poucas semanas, ou até em poucos dias. Nas sociedades tradicionais, as normas de conduta, as leis, os costumes, o modo de se vestir, os estilos artísticos tinham uma extraordinária capacidade de perdurar. Tudo se modificava, é claro, mas sempre muito devagar. [...]

Na utilização dos meios de comunicação, os mensageiros foram substituídos pelo telégrafo elétrico, que cedeu lugar ao telégrafo sem fio, ao telefone, à televisão, ao fax, ao e-mail e às maravilhas da eletrônica contemporânea. Não somos bobos, tratamos de aproveitar as possibilidades criadas por todos os novos recursos tecnológicos. Para que perder tempo? Se podemos fazer depressa o que os nossos antepassados só conseguiam fazer devagar, por que não haveríamos de acelerar nossas ações? Um dos expoentes do espírito pragmático da modernidade, o americano Benjamin Franklin, já ensinava no século XVIII: “Tempo é dinheiro”, time is money. [...]

Dedicamo-nos, então, a uma frenética corrida contra os ponteiros do relógio. Para sermos eficientes, competitivos, apressamos cada vez mais nossos movimentos. Saímos de casa correndo para o trabalho, somos cobrados para dar conta correndo de nossas tarefas e — habituados à corrida — alimentamo-nos às pressas (ah, a chamada fast food!), para depois voltarmos, correndo, para casa. [...]

Impõem-se, contudo, algumas perguntas: nas condições em que somos mais ou menos obrigados a viver, não estaremos, de qualquer maneira, pagando um preço altíssimo, mesmo se formos bons corredores e nos mostrarmos aptos para vencer? Os ritmos que nos são impostos e que aguçam algumas das nossas faculdades não resultam, ao mesmo tempo, num empobrecimento de alguns aspectos importantes da nossa sensibilidade e da nossa inteligência? A necessidade de assimilar com urgência as informações essenciais para a ação imediata não acarreta uma grave incapacidade de digerir conhecimentos sutis e complexos, cheios de caroços e mediações que, embora careçam de serventia direta, são imprescindíveis ao aprofundamento da minha compreensão da condição humana? Uma reflexão que se sabe condenada a desenvolver-se num exíguo prazo predeterminado não será, inevitavelmente, superficial? O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?

Leandro Konder. In: O Globo, 29/08/96.

Os termos destacados têm natureza adverbial, EXCETO:

A) “Mudanças que antigamente levavam séculos para se efetivarem [...].”

B) “O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?”

C) “Quando não em poucas semanas, ou até em poucos dias.”

D) “Um dos expoentes do espírito pragmático da modernidade, o americano Benjamin Franklin, já ensinava no século XVIII [...].”

Resolução

Alternativa D. São advérbios os termos destacados: “antigamente” (de tempo), “rapidinho” (de modo) e “não” (de negação). Já a palavra “pragmático” é um adjetivo.

Questão 2 – (AEVSF/FACAPE)

TEXTO I

EM DEFESA DOS ADJETIVOS

Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um murmúrio débil.

Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários. Pois o adjetivo é o imprescindível avalista da individualidade de pessoas e coisas. Vejo uma pilha de melões na bancada de uma quitanda. Para um adversário dos adjetivos, não há dificuldade: “Melões estão empilhados na bancada da quitanda”. Todavia um dos melões é pálido como a tez de Talleyrand quando discursou no Congresso de Viena; outro é verde, imaturo, cheio de arrogância juvenil; outro ainda tem faces encovadas e está perdido num silêncio profundo e fúnebre, como se não suportasse a saudade dos campos da Provença. Não há dois melões iguais. Uns são ovais, outros são bojudos. Duros ou macios. Têm cheiro do campo, do pôr do sol, ou estão secos, resignados, exauridos pela viagem, pela chuva, pelo contato das mãos de estranhos, pelos céus cinzentos de um subúrbio parisiense.

O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura. O senhor do meu lado no metrô: uma lista inteira de adjetivos. Está fingindo que cochila, mas por entre as pálpebras semicerradas observa os colegas passageiros. De vez em quando, o sorrisinho arqueado nos seus lábios vira uma torção irônica. Não sei se o que há nele é desespero calmo, fadiga ou um paciente senso de humor que não se dobra à passagem do tempo.

[...]

Vida longa ao adjetivo! Pequeno ou grande, esquecido ou corrente. Precisamos de você, esbelto e maleável adjetivo que repousa delicadamente sobre coisas e pessoas e cuida para que elas não percam o gosto revigorante da individualidade. Cidades e ruas sombrias se banham de um sol pálido e cruel. Nuvens cor de asa de pombo, nuvens negras, nuvens enormes e cheias de fúria, o que seria de vocês sem a retaguarda dos voláteis adjetivos?

A ética também não sobreviveria um dia sem adjetivos. Bom, mau, sagaz, generoso, vingativo, apaixonado, nobre — essas palavras cintilam como guilhotinas afiadas.

E também não existiriam as lembranças não fosse pelo adjetivo. A memória é feita de adjetivos. Uma rua comprida, um dia abrasador de agosto, o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos pelo pó do verão, os teus dedos despachados... (tudo bem, teus é pronome possessivo).

ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí, n. 52, p. 47, jan. 2011.

TEXTO II

IRENE NO CÉU

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor

Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

[...]

Manuel Bandeira.

Existe advérbio de lugar na seguinte passagem:

A) “Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos” (Texto I).

B) “O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles” (Texto I).

C) “O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura” (Texto I).

D) “Irene sempre de bom humor” (Texto II).

E) “[...], o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos pelo pó do verão, os teus dedos despachados...” (Texto I).

Resolução

Alternativa E. A palavra “ali” é um advérbio de lugar.

Por: Warley Souza

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