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Wu Xing

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Diagrama dos 5 elementos

A teoria dos cinco elementos (ou movimentos) (五行, wŭ xíng: "cinco" [Wu] e "andar" [Hsing/Xíng]),[1][2] afirma que o fogo (火), a água (水), a madeira (木), o metal (金) e a terra (土), são os elementos básicos que formam o mundo material. Existiria uma interação e controle recíproco entre eles que determinaria seu estado de constante movimento e mudança.[3] Nessa teoria que estabelece um conjunto de matrizes, todas as coisas podem ser classificadas de acordo (em analogia) a estes elementos ou relações entre eles. (ver abaixo matriz aplicada à acupuntura)

De acordo com Ronan,[4] historiador da ciência da Universidade de Cambridge, a teoria dos cinco elementos foi estabelecida e sistematizada pelo naturalista Tsou Yen (Zou Yan) entre 350 e 270 a.C. Ele era o mais destacado membro da Academia Chin Hsia (Zhi-Xia) do príncipe Hsuan (Xuan), e por vezes chamado "fundador do pensamento científico chinês".

A medicina tradicional chinesa pode e deve ser considerada como um complexo sistema etnomédico com milhares de anos de experiências práticas, com uma descrição narrativa própria (a exemplo do "Livro do Imperador Amarelo") organizada em escolas com relações mestre - discípulo instituídas formalmente. Observe-se também como propôs o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009), que o conhecimento mítico/empírico diverge das teorias científicas ocidentais por privilegiar a analogia em vez da identificação de contradições como na lógica formal.[5]


Correlações entre os cinco elementos utilizadas na acupuntura

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Como se sabe o ambiente natural, como as mudanças de tempo e as condições geográficas influenciam grandemente as atividades fisiológicas. Tal constatação, visível sobretudo nas epidemias sazonais de inverno (gripes, meningite) ou verão (diarreias), não passou despercebido à biomedicina nem à medicina tradicional chinesa. Segundo o Livro dos 4 Institutos (o.c.) esse reconhecimento, conecta a fisiologia e a patologia dos órgãos e tecidos zang-fu a muitos fatores ambientais e naturais. Esses fatores são classificados nas cinco categorias e são empregadas similaridades e alegorias para explicar os intrincados elos entre o ambiente externo (macrocosmos) e interno (psíquico / afetivo) como pode ser visto na tabela ao lado extraída do Livro dos 4 Institutos (o.c. p.41) muito comum nos diversos manuais de acupuntura.

A nossa concepção de mente corresponde nas tradições chinesas aos "cinco espíritos", em chinês chamados de "Cinco Shen" [五 神], são os Shen, Hun, Po, Yi e Zhi, residentes respectivamente no Coração, Fígado, Pulmões, Baço e Rins.[6]

(Nota: estas são as coordenadas do Hemisfério Norte, onde o Polo localiza-se ao Norte, oposto do Hemisfério Sul, onde o Polo localiza-se ao Sul.)

Elemento Direção Cor Órgãos Zang Órgãos Fu Estação do ano Emoção Mente Alma
Madeira leste      verde Fígado (肝) Vesícula biliar (胆) Primavera (春 chūn) Raiva (怒 nù) Hun (魂)
Fogo sul      vermelho Coração (心) Intestino delgado (小肠) Verão (夏 xià) Alegria (喜 xǐ ) Shen (神)
Terra centro      amarelo Baço-pâncreas (脾) Estômago (胃) Canícula (天狼星) Preocupação (想 si) Yi (意)
Metal oeste 西      branco Pulmão (肺) Intestino grosso (大肠) Outono (秋 qiū) Tristeza (悲 bēi) Po (魄)
Água norte      azul Rins (肾) Bexiga (膀胱) Inverno (冬 dōng) Medo (恐 kǒng) Zhi (志)

Transformação, interdependência e controle recíproco

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Diagrama chinês do "Wu Xing" indicando as relações de estimulação e inibição entre os elementos: madeira (木), fogo (火), terra (土), metal (金) e água (水)

A matriz ou diagrama dos cinco elementos estabelece, simultaneamente, comparações entre múltiplos códigos sensoriais e simbólicos referentes a observações da natureza. Representa os órgãos do corpo, os respectivos "canais de energia" (经络 - Jīng Luò), a fisiologia normal ou patológica do corpo humano, os sentimentos, cores e as estações do ano, sempre comparados aos 5 elementos e às regras de sua transformação, interdependência e controle recíproco. A medicina chinesa relaciona as leis do cosmos que regem o universo à vida do homem.

A antropologia estrutural facilita o entendimento ocidental da filosofia chinesa ao afirmar que "todo mito coloca um problema e o trata mostrando que é análogo a outro problema",[7] símbolo, ou relação entre signos. Nesse caso, o controle ou restrição imposto por exemplo na ação da água agindo sobre o fogo ou do fogo sobre o metal, representando as ações de inibição que um determinado grupo de meridianos ("canais de energia") ou pontos (穴位), possui sobre os outros. O mesmo exemplo pode ser dado para os processos de excitação quando consideramos que a madeira estimula o fogo, ou que a água estimula (gera, faz crescer) a madeira. As analogias são organizadas de tal forma que completam um ciclo, por sua vez análogo às estações do ano que se sucedem, às emoções humanas que variam durante o dia ou o comportamento dos animais adaptando-se às estações do ano etc.

Sua característica, tal como escreveu o autor do método estrutural de análise, é que:

Esse jogo de espelhos e reflexos que se remetem mutuamente nunca corresponde um objeto real. Para ser mais exato, o objeto tira sua substância das propriedades invariantes que o pensamento mítico consegue extrair quando coloca em paralelo uma pluralidade de enunciados.
— Levi Strauss, 1986

Os processos de estimulação (tonificação) e inibição (sedação) do Qi (氣), a energia vital, como vimos, "obedecem" as regras da relação entre os cinco elementos conhecidas como lei da mãe-filho ou ciclo de geração e lei do avô-neto ou ciclo de inibição. (Livro dos 4 instituto o.c.; Marins, 1979[8])

O ciclo de geração (também chamado ciclo de estimulação ou 生 - shēng):

  • a madeira alimenta o fogo,
  • o fogo, com suas cinzas, produz terra,
  • a terra reúne o metal,
  • o metal que compõe as montanhas que produz a água que desce,[9]
  • a água dá vida à madeira.

No ciclo de inibição/sedação (também chamado estrela da dominação e grafado como 剋/克, kè):

  • a madeira nutre a terra,
  • a terra retém a água,
  • a água apaga o fogo,
  • o fogo funde o metal,
  • o metal corta a madeira.

Tais relações resultam na prática clínica no aumento ou diminuição da atividade de um determinado grupo de meridianos ou órgãos correspondentes, que como vimos são classificados com representantes de cada um dos elementos, o que pode ser visto na matriz e diagramas aqui apresentados.

Segue uma breve tabela relacionando os 5 elementos com equivalências.

Elemento Terra Ar Água Madeira Fogo
Estação Troca Outono Inverno Primavera Verão
Caminhos Zang-Fu Cabeça-Barriga Dumai-Renmai 3 mãos yangs:

Da chang

Xiao chang

San jiao

3 pés yangs:

Wei

Pang guang

Dan

3 pés yins:

Pi

Shen

Gan

3 mãos yins:

Fei

Xin

Xin bao

Celulas Órgãos-Vísceras Neurônios Ossos Tendino-Muscular Sangue
Energia Solar Éolica Hídrica Orgânica Térmica
Matemática Equação Subtrair Dividir Somar Multiplicar
Hormônio Dopamina Noradrenalina Serotonina Endorfina
Forças da física Eletrodinâmica Força eletromagnética Flavordinâmica Força nuclear fraca Geometrodinâmica Força gravitacional Cromodinâmica Força nuclear forte
Circunferência 90-180 graus 180-270 graus 270-0 graus 0-90 graus
Hora 12h-18h 18h-0h 0h-6h 6h-12h
Fase da Lua Eclipse Minguante Nova Crescente Cheia
Planeta Saturno Júpiter Mercúrio Vênus Marte
Cabalá Ain Yetzirah Briah Assaiah Atziluth
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Referências

  1. Faubert, Gabriel; Crepon, Pierre. A cronobiologia chinesa. SP, Ibrasa, 1990
  2. Wen, Tom Sintan. Acupuntura clássica chinesa. SP, Cultrix, 1995
  3. Livro dos 4 Institutos – Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Beijing; Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Shanghai; Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Nanjig; Academia de Medicina Tradicional Chinesa. Fundamentos essenciais da acupuntura chinesa. SP, Ed. Ícone, 1995
  4. Ronan, Colin A. História Ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge (4vol.) vol 2 - Oriente, Roma Idade Média RJ, Zahar Ed, 1987
  5. Levi-Strauss, C. O Pensamento Selvagem São Paulo, Companhia Ed Nacional, 1976
  6. MACIOCIA Giovani. Shen and Hun: The Psyche in chinese medicine. Maciocia Giovani Online, Nov. 2012 Acesso. 19 de abril de 2018
  7. Lévi-Strauss, C.. “A Natureza do Pensamento Mítico”, in: A oleira ciumenta. São Paulo: Brasiliense, 1986
  8. Marins, Attilio C.D. Elementos de acupuntura. SP, Ground/ Global Ed. 1979
  9. Zhou, Yu; Zwahlen, François; Wang, Yanxin. Antigas notas chinesas sobre hidrogeologia. Hydrogeol J 19, 1103–1114 (2011). https://doi.org/10.1007/s10040-010-0682-1

Ligações externas

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