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Família Esclero

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Esclero (em grego: Σκληρός; romaniz.: Skleros; plural: Σκληροί, Skleroi; forma feminina: Σκλήραινα, Skleraina ou Scleraena; em latim: Sclerus) foi uma família nobre bizantina ativa principalmente nos séculos IX a XI como membros da aristocracia militar, e depois como funcionários civis.[1]

Origem e primeiros membros

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Ásia Menor c. 842

A família é originária da Armênia Menor ou do Tema de Sebasteia, no nordeste da Ásia Menor. Devido à sua origem, seus membros foram tradicionalmente reconhecidos como armênios, embora nada seja explicitamente atestado.[1][2][3] Eles estavam relacionados mais especificamente com a área em torno de Melitene, na Mesopotâmia Superior, onde um membro da família foi ativo nos anos 840, e onde se centraram as rebeliões de Bardas Esclero nos anos 970 e 980. Após isso, parecem ter movido a base deles para o Tema Anatólico, onde são registrados como tendo grandes propriedades rurais no século XI.[4]

Embora a família pertencesse à aristocracia militar anatólica, no século IX seus membros são principalmente atestado como ativos nos Bálcãs: o primeiro Esclero conhecido foi um estratego do Peloponeso em 805, e em 811, o mesmo ofício foi ocupado por Leão Esclero, possivelmente um filho ou sobrinho do anterior.[1][5] Outro membro de nome desconhecido é registrado nos anos 840 como servindo os árabes e estando em conflito com Ambros (Omar Alacta), o emir de Melitene, possivelmente indicando a perda de influência da família durante a dinastia amoriana.[6][7] A família parece ter recuperado uma posição proeminente sob Basílio I, o Macedônio (r. 867–886), com o magistro e antípato Teodoro Esclero registrado em 869-870. Seus filhos Antônio e Nicetas tornaram-se patrícios, com Antônio servindo como estratego de Hélade e Nicetas possivelmente como almirante da frota imperial (drungário da frota), enquanto ele também é registrado como liderando uma embaixada para os magiares em 894.[1][5][8]

Os Escleros caíram na obscuridade durante o reinado de Leão VI, o Sábio (r. 886–912), que favoreceu as famílias Ducas e Focas. Em contrapartida, os Escleros parecem ter apoiado a usurpação de Romano Lecapeno: o general Pantério, que tinha sido provisoriamente identificado como um membro do clã Esclero, tornou-se estratego de Licando, do Tema Tracesiano e finalmente doméstico das escolas por um curto período em 944-945, antes de ser substituído por Bardas Focas, o Velho, após a queda dos Lecapenos do poder.[9][10]

Bardas Esclero e o ápice da família

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Proclamação de Bardas Esclero como imperador.
Iluminura do Escilitzes de Madrid.
Confronto entre os exércitos de Esclero e Bardas Focas.
Iluminura do Escilitzes de Madrid

O membro mais ilustre da família, Bardas Esclero, aparece pela primeira vez em 956 como patrício e estratego do pequeno tema fronteiriço de Calúdia.[11] Os irmãos de Bardas casaram nas famílias mais proeminentes da aristocracia militar: Constantino Esclero casou-se com Sofia Focaina, a sobrinha de Nicéforo II Focas (r. 963–969), enquanto Maria Escleraina casou-se com o sobrinho de Nicéforo Focas, João I Tzimisces (r. 969–973). A última conexão foi de particular importância para a fortuna da família: embora ela tenha morrido antes de ascensão de Tzimisces ao trono em 969, os Escleros foram promovidos por ele para posições seniores no Estado.[10] Bardas foi nomeado como doméstico das escolas do Oriente, suprimindo a revolta do clã Focas liderada por Bardas Focas, o Jovem, e derrotando os rus' em 970.[12][13] Apesar de um período de desgraça em 972-974, relacionado com uma conspiração contra Tzimisces, os Escleros permaneceram entre as famílias mais proeminentes durante seu reinado.[1][14] Em 972 Tzimisces casou a filha de Constantino Esclero, Teofânia Esclerina, com o sacro imperador romano-germânico Otão II (r. 973–983).[15]

A morte de Tzimisces em 976 trouxe outra mudança na posição da família: o poderoso paracemomeno, Basílio Lecapeno, que assumiu a tutela do jovem imperador Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025), considerou Bardas Esclero como uma ameaça para o novo regime, e rebaixou-o a duque da Mesopotâmia. Como resultado, Bardas rebelou-se em na primavera de 976, mas foi derrotado por um exército imperial sob Bardas Focas, o Jovem em 979 e forçado a procurar refúgio no Califado Abássida junto com seu irmão Constantino, e filho, Romano.[16] Em 987, os Escleros regressaram ao Império Bizantino, e lançaram uma nova tentativa para conquistar o trono. Desta vez Bardas Escleros aliou-se com Focas contra Basílio II, mas foi traído e preso por Focas, só sendo libertado após a derrota e morte deste último. Esclero renovou sua resistência contra Basílio II por alguns meses, mas finalmente reconciliou-se com o imperador, sendo honrado com o título de curopalata e autorizado a retirar-se com seu irmão para Didimoteico.[1][14][17] O destino do seu filho Romano Esclero é incerto: permaneceu em serviço militar ativo, e W. Seibt sugere que serviu como duque de Antioquia, mas o posto foi ocupado no período por Miguel Burtzes. De acordo com J.-C. Cheynet, Romano pode ter sido o vice de Burtzes ou mesmo um estratopedarca ou doméstico das escolas.[18]

Ascensão e declínio no século XI

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Ao contrário de seus rivais de outros, os Focas, os Escleros conseguiram sobreviver e mantiveram altos cargos sob Basílio II e seus sucessores. Basílio Esclero, um filho de Romano, é atestado como patrício sob Constantino VIII (r. 1025–1028), quando foi exilado e parcialmente cegado, mas foi reabilitado sob Romano III Argiro (r. 1028–1034), irmão da sua esposa Pulquéria. Tornou-se magistro e estratego do Tema Anatólico, antes de ser exilado novamente c. 1032/1033.[1][19][20]

Basílio Esclero e Pulquéria Argiropolina tiveram uma filha, Helena Escleraina, que tornou-se a segunda esposa de Constantino Monômaco, mais tarde imperador Constantino IX Monômaco (r. 1042–1055).[21] Sob o governo de Monômaco, dois outros Escleros, Romano e Maria, possivelmente os filhos de um irmão de Basílio aparecem e ganham proeminência.[22] Maria Escleraina tornou-se amante de Constantino IX,[4] enquanto seu irmão ascendeu de estratego do Tema Tracesiano para o posto supremo de proedro e o posto de duque da Antioquia. Sua rivalidade com Jorge Maniaces contribuiu para a rebelião do último, e ele foi um dos principais apoiantes da bem-sucedida revolta de Isaac I Comneno (r. 1057–1059). Pode até mesmo ter sido promovido a doméstico das escolas sob Isaac ou seu sucessor, Constantino X Ducas (r. 1059–1068).[19][23]

A família declinou em importância depois disso, e a maioria dos Escleros do final do século XI foram oficiais civis ao invés de líderes militares. Entre os mais importantes destes estão: o protonobilíssimo e logóteta do dromo Andrônico Esclero; o protoproedro e curopalata Nicolau Esclero, que serviu como grande drungário da guarda; o protoproedro e curopalata Miguel Esclero, exísota e juiz civil dos temas da Macedônia e da Trácia; e o magistro Leão Esclero, governador civil dos temas Anatólico e Opsiciano e cartulário do vestiário.[19][24][25]

Escleros dos séculos XII-XIV

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Os Escleros não se casaram com os membros da dinastia comnena (1081–1185) e por conseguinte foram afastados do poder. Do século XII, membros da família Esclero aparecem apenas raramente nas fontes: um certo Set Esclero foi cegado em 1166/1167 por praticar magia;[26] um Romano Esclero, que viveu na virada do século XIII e provavelmente manteve grandes propriedades rurais; um sebasto Esclero, proprietário rural em Serres em 1336; e um Demétrio Esclero, oficial da metrópole de Zicno (próximo de Serres) em 1362.[24][27]

Referências

  1. a b c d e f g Kazhdan 1991, p. 1911.
  2. Whittow 1996, p. 338.
  3. Stouraitis 2003, Chapter 1.
  4. a b Cheynet 1990, p. 215.
  5. a b Stouraitis 2003, Chapter 2.1.
  6. Cheynet 1990, p. 215, 323.
  7. Treadgold 1997, p. 447.
  8. Whittow 1996, p. 339.
  9. Whittow 1996, p. 345.
  10. a b Stouraitis 2003, Chapter 2.2.
  11. Cheynet 1990, p. 325.
  12. Treadgold 1997, p. 507-508.
  13. Cheynet 1990, p. 24.
  14. a b Stouraitis 2003, Chapter 2.3.
  15. Davids 2002, p. 79–81.
  16. Cheynet 1990, p. 27-29.
  17. Cheynet 1990, p. 33-34.
  18. Stouraitis 2003, p. note 7.
  19. a b c Stouraitis 2003, Chapter 2.4.
  20. Cheynet 1990, p. 39–40, 193.
  21. Cheynet 1990, p. 195.
  22. Kazhdan 1991, p. 1911-1912.
  23. Cheynet 1990, p. 68, 311 note 41, 340–341.
  24. a b Kazhdan 1991, p. 1912.
  25. Stouraitis 2003, Auxiliary Catalogs.
  26. Cheynet 1990, p. 108.
  27. Stouraitis 2003, Chapter 2.6.
  • Cheynet, Jean-Claude (1990). Pouvoir et contestations à Byzance (963–1210). Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 978-2-85944-168-5 
  • Davids, Adelbert (2002). The Empress Theophano: Byzantium and the West at the Turn of the First Millennium. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-52467-4 
  • Kazhdan, Alexander (1991). Oxford Dictionary of Byzantium. Oxford e Nova Iorque: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-504652-6 
  • Stouraitis, Ioannis (2003). «Σκληροί». Encyclopaedia of the Hellenic World, Asia Minor (in Greek). Atenas: Foundation of the Hellenic World 
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2 
  • Whittow, Mark (1996). The Making of Byzantium, 600–1025. Berkeley e Los Angeles: University of California Press. ISBN 0-520-20496-4