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Templo Sagrado | Sport Club Internacional
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Templo Sagrado

O Gigante que conquistou o Brasil

Muitos momentos históricos foram vivenciados pelo Inter no Beira-Rio, palco de grandes vitórias e conquistas desde os seus primórdios. Logo em sua primeira década de vida, o Gigante reforçou a soberania colorada no Rio Grande do Sul e, também, ajudou o Clube do Povo a superar o limite do Mampituba.

Convivendo com indigesto jejum de títulos que se estendia desde 1961, quando conquistara sua última taça estadual, o Inter sabia que, com o Gigante, os troféus voltariam – e de fato voltaram. Em dezembro de 1969, o time de Gainete, Pontes, Dorinho, Valdomiro, Claudiomiro e companhia impediu que o rival chegasse ao octacampeonato inédito. Mais do que isso, abriu caminho para que o Inter o fizesse, iniciando sequência que seria encerrada somente no ano de 1977.

Assegurado o domínio sobre sua casa, o Clube do Povo decidiu partir para coisas maiores. Assim, em 1975, seis anos depois de inaugurado, o Gigante recebeu sua primeira final de Brasileirão na tarde de 14 de dezembro. Duas potências nacionais, Inter e Cruzeiro colocaram seus craques à prova na luta pela taça nacional. E foi Figueroa quem falou, e também pulou, mais alto. Iluminado por inexplicável feixe de luz, testou cruzamento de Valdomiro direto para as redes de Raul, e alçou o Colorado ao topo do pódio do país.

O Beira-Rio voltou a receber a decisão do Brasileirão no ano seguinte, em 1976. Desta vez referendado por campanha histórica, até hoje eternizada como a melhor da história dos Campeonatos Brasileiros, o Colorado recebeu o Corinthians após eliminar, na fase anterior, o Atlético, com direto à pintura de Falcão que sempre estará eternizada entre as mais bonitas do Gigante.

Embalados pelo calor de sua torcida, que nas semifinais invadira o Maracanã para eliminar o Fluminense, os paulistas se depararam com o Gigante do sul do país. Palco que, para sua infeliz surpresa, mostrou-se mais hostil do que aquele encontrado na capital carioca. Completamente abarrotado, nosso templo soube esfriar o ânimo dos visitantes e comemorar, assim que chegada a hora, o Bicampeonato.

Finalizando os anos 70, o Beira-Rio serviu de berço ao maior esquadrão da história do futebol brasileiro. Time único, responsável por feito inédito e jamais igualado. Geração capaz de vencer um Brasileirão construindo campanha impecável de ponta a ponta, marcada pela impressionante ausência de derrotas. Invicto, o Clube do Povo de Benítez; João Carlos, Mauro Pastor, Mauro Galvão e Cláudio Mineiro; Batista, Jair e Falcão; Valdomiro, Bira e Mário Sérgio bateu o Vasco, por 2 a 1, no dia 23 de dezembro de 1979, e desta forma conquistou o tricampeonato nacional.

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Endereço do maior dos Gre-Nais

Foi nos anos 80 que o Beira-Rio atingiu sua maioridade. Após conviver, ao longo de toda a adolescência, com frustrações comuns aos jovens, o estádio chegou pronto à fase adulta para, meses antes de completar 20 anos, superar o maior dos testes.

No dia 12 de fevereiro de 1989 o Clube do Povo recebeu, para a disputa do jogo de volta das semifinais do Brasileirão do ano anterior, seu maior rival. Após empate sem gols no Olímpico, o Rio Grande do Sul inteiro debatia qual seria o escore final do duelo tido como ‘Gre-Nal do Século’. À altura da expectativa para o confronto esteve o público que prestigiou o clássico, de número 297 da história. Ao todo, 78.083 pessoas tomaram as arquibancadas do Beira-Rio, e tiveram seu fervor recompensado com confronto do mais alto nível.

Passados 25 minutos do primeiro apito de Arnaldo César Coelho, Marcos Vinícus abriu o placar para os visitantes, inaugurando um primeiro tempo de alegrias para a parcela azul do estádio. Aos 38, a comemoração dos gremistas foi ampliada com a expulsão de Casemiro, lateral-direito colorado. Com um a menos em campo, coube ao Inter se preparar para um segundo tempo no qual, dentro de campo, os jogadores precisariam correr em dobro. Fora dele, caberia ao Gigante, tradicional 12º jogador, exercer, com sua empolgação, a função de um dos 11 iniciais.

Pensamos: Ele está louco! Estamos perdendo e ele vai abrir ainda mais o time. Seremos goleados!” – Nilson, camisa 9 colorado

Simbolizando as alterações necessárias ao adverso cenário, o Clube do Povo voltou a campo com mudança na equipe. No lugar de Leomir, volante, entrou Diego Aguirre, atacante. Troca ousada, que assustou os atletas colorados, como revelou Nilson, centroavante que temeu ser goleado, mas que acabou colocando à prova a genialidade de Abel Braga para fazer história a partir de alterações inesperadas.

Reiniciada a partida, o Clube do Povo, mais ofensivo, cresceu no jogo e passou a se apoderar das ações do duelo. De tanto rondar a área dos visitantes, inclusive, cavou importante falta nas cercanias da meta gremista aos 14 do segundo tempo. Edu Lima, o homem das bolas paradas, partiu para a cobrança e levantou na cabeça de Nilson, que testou firme. Tudo igual no Beira-Rio.

Pouco menos de 10 minutos depois, Maurício recebeu pela direita. Marcado por dois defensores, o ponta-direita colorado usou o corpo para superar a dupla que, quando parou de bater cabeça, encontrou o camisa 7 engatilhando a bomba. Arremate forte, saiu rasteiro e preciso, não no caminho do gol, mas do pé direito de Nilson, que apenas beijou a redonda, enviando para o fundo das redes. Virada. Histórica, colorada, secular. Construída no gramado do Gigante, e no cimento do Beira-Rio.

A casa da quarta estrela

Acostumada às medalhas de ouro, a torcida colorada cansou de sentir o gosto da prata ao longo da década de 80. Por detalhe, destacados troféus nacionais e continentais não desembarcaram no Beira-Rio. A carência de grandes títulos batia na porta. Até que o ano de 1992 chegou para varrer qualquer desconfiança.

Campeão gaúcho um ano antes, o Inter recebeu importantes reforços para a estreia na Copa do Brasil. O adversário, Muniz Freire, do Espírito Santo, não conseguiu complicar a equipe colorada, que se classificou com um tranquilo placar agregado de 8 a 1. O embate serviu para encaixar as novas peças do elenco, até porque, a partir da fase seguinte, os comandados de Antônio Lopes não teriam sossego. Corinthians, Grêmio, Palmeiras e Fluminense estiveram no caminho do Clube do Povo, que disputou todas as partidas decisivas no Beira-Rio. No Gigante, inclusive, superamos uma decisão por pênaltis, eliminamos o estrelado time do Parque Antártica e, ainda, recebemos os cariocas após derrota por 2 a 1 no jogo de ida, com Caíco marcando.

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A torcida colorada deu show nas horas que antecederam a finalíssima, disputada no dia 13 de dezembro. Tirando vantagem do fato de a concentração do elenco do Inter acontecer no próprio Beira-Rio, um verdadeiro povo vermelho tomou o pátio do Gigante desde as primeiras horas da manhã, contagiando o grupo e enviando energias positivas para os atletas, deixando claro que, durante os 90 minutos, existiria uma multidão ensandecida os apoiando rumo ao título. A festa continuou nas arquibancadas, sociais e cadeiras do Estádio, tomadas por uma massa que, em uníssono, cantou ininterrupta pelo Internacional.

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A ampulheta deve ser o mais torturante dos relógios já inventados pela humanidade. De seus vidros transparentes, impõe ao espectador a ingrata sensação de assistir ao tempo se esvaindo em nossas mãos. Em uma partida de futebol, cada grão de areia que dela despenca simboliza, mais do que um segundo superado, uma oportunidade perdida, ou chance de gol não aproveitada. Foi exatamente desta forma que a torcida colorada viveu a decisão da Copa do Brasil: angustiada.

Tomada de enorme tensão, similar, em seu tamanho, ao Beira-Rio. Fora do estádio, os secadores sorriam aliviados. Pelo Rio Grande, os pessimistas começavam a hesitar. Mas, no Gigante, a torcida não se permitiu desacreditar. Mesmo com o tempo cada vez mais escasso. E foi exatamente essa inabalável fé no vermelho colorado que ajudou Daniel a brigar contra três marcadores até sofrer falta na ponta esquerda do ataque alvirrubro. Surgia uma luz no fim do túnel.

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Às vésperas dos 40 minutos do segundo tempo, Luciano fez cobrança precisa, levantando bola perigosa na área carioca. Pinga conseguiu dominar mas, no momento em que se preparava para finalizar, foi puxado. Pênalti, que devido à reclamação dos visitantes só pôde ser batido quando o relógio já indicava 41. Na bola, Célio Silva. Na ponta da chuteira, o coração de milhões. No Beira-Rio, um ensurdecedor silêncio.

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A primeira corrida do batedor foi interrompida pela infantil cera do goleiro que, de tanto brilhar no jogo, decidiu seguir aparecendo mesmo quando o destino parou de sorrir para sua meta. Infeliz, o adversário apenas retardou o inevitável. Quando voltou a engatilhar a cobrança, Célio, avassalador, levantou grama, bola e torcida, fazendo o Gigante explodir. Inter campeão!

Conquistado o título, da Coréia às perpétuas o Estádio chorou. De alegria, com a quarta estrela, mas também de alívio, pela retomada do caminho rumo aos grandes títulos. É bem verdade que as temporadas seguintes não estiveram à altura daquela em que conquistamos a Copa, mas este novo jejum seria recompensado como torcedor algum imaginava. Depois de dominar o Brasil seguidas vezes, o Inter se preparava para libertar a América.

Templo Internacional

A conquista da América

Sete jogos que valeram por 97 anos. Quase 40 mil pessoas de público, em média. Uma multidão fiel, que desejava se libertar. De um jejum de 13 anos sem cruzar o Mampituba. De outro quase centenário, sem o principal título continental. Para isso, contava com um grupo de verdadeiros guerreiros, soldados, liderados por um capitão eterno.

Nossa caminhada no Beira-Rio teve primeiro e último episódio disputados contra uma equipe tricampeã. No meio do caminho, um gigante mexicano, seguido de uma equipe Venezuelana, um uruguaio repetido, uma potência equatoriana e uma grata surpresa paraguaia. Em comum, todos caíram no Gigante. É bem verdade que o Nacional até segurou o empate na partida de volta das oitavas de final, mas, àquela altura, já perdera por 3 a 0 nos grupos. Por sua vez o São Paulo, único time que não perdeu em Porto Alegre, foi, curiosamente, o maior derrotado.

Na finalíssima, após vitória triunfal por 2 a 1 no Morumbi, o Inter empatou por 2 a 2 com os paulistas. Eram 57.554 pessoas abarrotadas no Gigante na noite de 16 de agosto, que voltou a ter suas estruturas testadas como se fosse o dia de sua inauguração. O primeiro tremor veio aos 29 minutos do primeiro tempo, ajudado por Ceni, que não segurou cruzamento e viu Fernandão balançar suas redes. Aos 20 da segunda etapa, Tinga deixou claro para todos: a Libertadores da América não iria mais escapar. E realmente não escapou.

Finalmente, a América era alvirrubra, colorida em homenagem à Academia do Povo. O troféu, tão belo quanto desejado, enfim beijava as mãos do capitão que a tratou como poucos na história: Fernando Lúcio da Costa, cabeludo goiano, ídolo colorado. Mais do que nunca, o time do número 891 da Padre Cacique se afirmava como Internacional.

A Tríplice Coroa

O primeiro semestre de 2007 frustrou as expectativas de Clube e Povo. Conquistar a Recopa, portanto, aparecia como principal alternativa para salvar o infeliz outono e aquecer o coração colorado para o inverno que chegava. Mais do que um título continental, a taça seria a terceira do Inter no intervalo de uma temporada. Estava em jogo, portanto, a extremamente respeitada Tríplice Coroa.

Poucos times são capazes de perder seu grande líder e, mesmo assim, seguir fortes para uma decisão. No Inter, o melhor remédio para momentos de indecisão sempre foi o produto de casa. Recorrer ao Celeiro de Ases, berço de craques. Assim, quando Fernandão se tornou desfalque para a segunda partida da decisão da Recopa Sul-Americana, após revés por 2 a 1 na ida, a torcida soube que deveria acreditar em Pato.

Embalado pelo garoto, o Clube do Povo goleou os mexicanos do Pachuca. Foram quatro gols marcados – dois de Alexandre, outro de Pinga, e mais um de Alex – e nenhum sofrido, levando 51.023 pessoas, quase todas vestidas com coroas de papelão e de plástico, ao delírio. Rugindo o Beira-Rio celebrou a virada gaúcha, resultado que mais uma vez comprovou a tradição da camisa colorada.

Pioneiro na Sul-Americana

Estudiantes de La Plata, Boca Juniors, Chivas Guadalajara, Universidad Católica e Grêmio. Não, esta não é a lista de classificados para a próxima fase da Libertadores da América, mas sim dos adversários que estiveram na caminhada colorada rumo ao título da Copa Sul-Americana.

Em 2008, o torneio ainda era território hostil para brasileiros. Até então, as equipes canarinhas sequer haviam disputado uma final do campeonato. Tradicionalmente pioneiro, coube ao Inter dar fim a mais este tabu. O que só se tornou possível graças à sinergia entre time e torcida no Beira-Rio.

Logo na primeira fase do torneio, um Gre-Nal. Clássico de número 371, serviu de estreia para um dos maiores ídolos da história colorada, Andrés Nicolás D’Alessandro, que teve boa atuação no empate de 1 a 1. Na partida de volta o resultado indicou nova igualdade, esta por 2 a 2, capaz de classificar o Clube do Povo, que na sequência superaria Universidad, Boca e Chivas para chegar à decisão contra o Estudiantes.

Mesmo com um jogador a menos, o Inter bateu os hermanos no jogo de ida, disputado no Estádio Ciudad de La Plata, por 1 a 0. Na semana seguinte, 51.803 torcedores serviram de 12º jogador nos momentos mais delicados e atuaram como pulmão extra na busca pelo gol do título, marcado já na prorrogação por Nilmar. Apontado o centro de campo, a multidão repetiu o espetáculo do momento da entrada dos times em campo, com seus sinalizadores e fogos que iluminaram a madrugada gaúcha.

A América, de novo, vermelha

Em sete partidas, sete vitórias. Aproveitamento de 100%. Apenas três gols sofridos, contra quatorze marcados. Média de público superior a 40 mil pessoas por jogo. Foi este o desempenho do Inter como mandante na Libertadores de 2010.

A campanha colorada foi um verdadeiro teste para cardíaco. Na estreia contra o Emelec, em casa, o gol da virada alvirrubra saiu somente aos 41 minutos da segunda etapa, decretando o 2 a 1. Na última partida da fase de grupos, foi no segundo minuto dos acréscimos que Giuliano marcou o terceiro do Inter contra o Deportivo Quito, definindo os argentinos do Banfield como nossos adversário nas oitavas. O início do mata-mata, inclusive, reservou o primeiro revés do Clube do Povo: 3 a 1 para os hermanos. Placar revertido em um lotado Gigante, que empurrou o Inter rumo aos 2 a 0.

As quartas e semifinais foram inauguradas em Porto Alegre e encerradas em terras adversárias. Seguiram tensas, talvez até mais do que as anteriores, considerando que foram decididas longe do povo colorado, mas foram superadas, permitindo que seguíssemos rumo à grande decisão, contra o Chivas. No México, ganhamos por 2 a 1. No Gigante, 3 a 2, impulsionados por uma massa ensandecida, antes do jogo regida por uma orquestra e, durante os 90 minutos, promotora de grande espetáculo. Terminado o embate, passava a ser oficial. A América era, de novo, colorada.

O Bi da Recopa

Decidir um torneio contra o maior campeão da Libertadores é uma tarefa indigesta. Encarar um acanhado caldeirão, idem. Desafio equivalente a confrontar um recente campeão da América, cuja casa, mesmo desfalcada, é temida por todo o continente. A Recopa de 2011, ao colocar os vermelhos Inter e Independiente frente a frente, foi marcada pelo respeito.

Que não confundam, no entanto, estima com covardia. Ao mesmo tempo que valorizava o tamanho do adversário que enfrentava, o Inter estava decidido a adicionar mais uma taça ao seu pomposo museu. No primeiro confronto, disputado na Argentina, até saímos na frente, mas tomamos a virada. Com o revés de 2 a 1, seria necessário vencer no Beira-Rio.

Uma mais do que especial união das torcidas do Clube unificou o grito do Beira-Rio. Naquela noite, inclusive, o estádio chegou a falar para a torcida, inflamando os presentes. A chegada do elenco ao Gigante, destaque-se, foi abençoada com a segunda edição das tradicionais Ruas de Fogo, que coloriram a Padre Cacique no mais intenso tom alvirrubro.

A limitada social, já em reformas para a Copa do Mundo, não teve sua ausência sentida, sendo compensada por cada colorado e colorada presente, que cantaram como se fossem os 100 mil do dia inaugural. Leandro Damião, duas vezes, e Kléber, de pênalti, marcaram para o Inter, garantindo a vitória, por 3 a 1, e o título, penúltimo do estádio antes de ser fechado para remodelação.