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surucuá-variado (Trogon surrucura) | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil

surucua-variado

Surucuá-variado

O surucuá-variado (Trogon surrucura) é uma ave trogoniforme da família Trogonidae.

Também conhecido como surucuá-de-peito-azul, perua-choca, pata-choca (Minas Gerais) e peito-de-moça.

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (grego) trôgón, trogo = devorar, roer, para roer ou para ser roído a forma como a ave se alimenta; e do (guarani) surrucura = nome indígena para a ave. Ave devoradora surrucura.

Características

Mede entre 26 e 28 centímetros e pesa entre 70 e 78 gramas. É um pássaro quieto que passa longos períodos de descanso em um poleiro, e seu canto pode ser ouvido durante todo o dia.
A variedade nominal Trogon surrucura surrucura apresenta a cabeça, pescoço e peito na coloração azul escuro metálico e as bochechas e garganta na cor preta. Apresenta os olhos na cor marrom escuro com um anel periocular na cor laranja intenso. O bico é curto e robusto, na cor marfim manchado com tons cinza esverdeados. A mandíbula inferior apresenta coloração preta na porção central. A mandíbula superior termina em um pequeno gancho. O dorso é esverdeado e se torna turquesa quanto mais próximo da cauda. Sobre as asas, as coberteiras secundárias são verde esmeralda com reflexos dourados, as rêmiges são cinza escuro, ligeiramente marcados com um barrado branco. A parte ventral e o crisso são vermelhos. A cauda é longa e escura, apresentando os tons azulados presentes no dorso e uropígio e também uma barra preta na extremidade final. A parte inferior da longa cauda apresenta penas retrizes brancas com duas marcas enegrecidas em sua base, bastante visíveis quando a ave pousa. Os tarsos são curtos e como os pés, são acinzentadas. Possuem dedos bastante específicos que lhe permitem agarrar firmemente os ramos em que ficam empoleirados. Os dois primeiros dedos são orientados para trás e os outros dois para a frente.
A variedade Trogon surrucura aurantius difere da variedade nominal pois dentre outras características apresenta o ventre amarelo e o anel periocular do macho na cor amarelo alaranjado.
A fêmea da espécie apresenta o anel perioftálmico branco. A plumagem da fêmea é cinza opaco com pequenas barras pretas nas asas. O ventre e crisso é vermelho rosado (variedade surrucura) e para a variedade auratius é amarelo. A cauda é cinza, da mesma coloração do dorso, e apresentam na porção terminal uma barra preta. Abaixo da cauda cinza apresentando as bordas brancas.
Juvenis apresentam a plumagem semelhante à das fêmeas. Na transição para a fase adulta os juvenis machos apresentam a coloração azul esverdeada e preta do dorso, cabeça, garganta e peito incipiente e inconstante.

Casais de indivíduos das subespécies (fêmeas à esquerda e machos à direita em todos os casos):

Jovens:

Subespécies

Possui duas subespécies, com colorido do ventre e do anel perioftálmico distintos:

  • Trogon surrucura surrucura (Vieillot, 1817) - ocorre no Brasil, do sul do Mato Grosso e Goiás até o Rio de Janeiro e para o sul até o Rio Grande do Sul; no Paraguai, Uruguai e nordeste da Argentina. possui barriga vermelha e anel periocular laranja-avermelhado;
  • Trogon surrucura aurantius (Spix, 1824) - ocorre no leste do Brasil, do estado da Bahia, Minas Gerais até o estado do Rio de Janeiro e norte de São Paulo. Possui a barriga alaranjada e anel periocular amarelo-laranjado.

(Clements checklist, 2014), Aves Brasil CBRO - 2015 (Piacentini et al. 2015).

Fotos das subespécies de (Trogon surrucura)
(Ssp. surrucura) (Ssp. aurantius)

Indivíduos com plumagem leucística

O que é leucismo?

O leucismo (do grego λευκοσ, leucos, branco) é uma particularidade genética devida a um gene recessivo, que confere a cor branca a animais geralmente escuros.
O leucismo é diferente do albinismo: os animais leucísticos não são mais sensíveis ao sol do que qualquer outro. Pelo contrário, são mesmo ligeiramente mais resistentes, dado que a cor branca possui um albedo elevado, protegendo mais do calor.

O oposto do leucismo é o melanismo.

Alimentação

Alimenta-se de insetos, vermes, moluscos e frutas, especialmente do palmito juçara.

Reprodução

Nidifica em cupinzeiros arbóreos, com o casal escavando o cupinzeiro íntegro. O ninho é geralmente construído alto o suficiente em uma árvore oca, muitas vezes em cupinzeiros arborícolas. A fêmea põe de 2 a 4 ovos brancos. A incubação dura entre 16 e 19 dias e é incubado por ambos os pais. Os jovens são alimentados pelo casal e deixam o ninho após um período em torno de 20 dias.

Nascem em média dois filhotes, que vocalizam o tempo todo, mesmo quando os pais não os estão alimentando (observação pessoal).

Hábitos

Habita matas e cerrados.
Durante a época de reprodução, o macho apresenta comportamento muito territorialista, não só na região onde está situado o ninho, mas também defende as áreas onde estão localizadas suas fontes de alimento. Ele persegue outras aves e predadores mesmo longe do local do ninho por um voo direto até o intruso acompanhado da emissão de gritos. Belas exibições aéreas são realizadas, e nelas, as asas abertas e a cauda em leque são expostas, dando a ave uma aparência bem maior. Estes voos também são usados ​​como um sinal agressivo para outros machos. Durante as exibições, a apresentação da coloração do abdome é também mais exposta fazendo um belo contraste com a porção interna de coloração escura da asa.

Distribuição Geográfica

A subespécie Trogon s. aurantius, de barriga e pálpebras amarelo-alaranjadas, é encontrada da Bahia ao Rio de Janeiro, Goiás e leste de Minas Gerais. Já a subespécie Trogon s. surrucura, de barriga vermelha e pálpebras laranjas, ocorre do sul de Mato Grosso e Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, nordeste da Argentina e Paraguai.

Referências

Consulta bibliográfica sobre as subespécies:

  • CLEMENTS, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, D. Roberson, T. A. Fredericks, B. L. Sullivan, and C. L.. The Clements checklist of Birds of the World: Version 6.9; Cornell: Cornell University Press, 2014.
  • Piacentini et al. (2015). Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, 23(2): 91–298.
  • del Hoyo, J.; et al., (2014). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona.
  • ITIS - Integrated Taxonomic Information System (2015); Smithsonian Institution; Washington, DC.

Galeria de Fotos

surucua-variado.txt · Última modificação: 2024/08/31 09:22 por Lucas Jeronimo 2