1931 / Comissariado e o Fundo de Desemprego
A tentativa de resolver os problemas de emprego surge, em Portugal, nos princípios dos anos 30, para fazer face ao desemprego que se fazia sentir como reflexo da crise económica.
Em 1931, foi realizado um inquérito para determinar o volume de desempregados (cerca de 41000) e, na sua sequência, foi criado o Comissariado e o Fundo de Desemprego em 1932 (Dec. 21 699) sob tutela do Ministério das Obras Públicas, com uma filosofia de ação claramente defensiva perante a situação que se vivia.
"Correndo o conhecimento da maneira como é uso atacar o desemprego nos países que o viram nascer: o subsídio gracioso, esmola do erário, estabelecido como um direito natural do indivíduo que não tem trabalho. Sabem-se ou adivinham-se perigos desta medida, mesmo em países de elevada cultura e os que o adoptaram por certo o fizeram como um recurso extremo, ante milhões de braços parados, impotentes para os fazerem viver uma marcha produtiva. Não está, felizmente, Portugal em condição tão precária e, por sabê-lo, orienta o Governo em sentido diferente a resolução de tão alto problema social...".
Fazia-se crer que a crise era temporária, tal como seria a sua resolução.
"O Comissariado do Desemprego será de duração temporária devendo ser extinta pelo Governo quando o estado da crise o aconselhar". Nas listas de desempregados podiam inscrever-se os "indivíduos que em tempo normal exerçam regularmente a sua profissão e se não achem em situação de abandono voluntário do trabalho por efeito de greve ou qualquer causa da responsabilidade do próprio desempregado".
As entidades públicas ou privadas que colocassem trabalhadores inscritos, requisitando-os ao Comissariado, poderiam beneficiar de 50% das remunerações, no máximo de 3 dias por semana, desde que fossem acrescidos ao número normal de trabalhadores. Os encargos eram suportados pelo Fundo de Desemprego, criado com receitas próprias resultantes da contribuição de 3% sobre as remunerações pagas aos trabalhadores, correspondendo 1% à entidade patronal e 2% ao trabalhador. O Fundo de Desemprego passou a existir como "o banco das obras públicas".