As incríveis novas espécies de animais descobertas na Bacia do Congo

Crocodilo-de-focinho-delgado em cima de galho de árvore

Crédito, Nik Borrow

Legenda da foto, Crocodilo-de-focinho-delgado enfrenta ameaças da perda de habitat e da caça ilegal

Um novo relatório divulgado nesta terça-feira (3/12) pela WWF (World Wide Fund for Nature), uma das mais reconhecidas ONGs de conservação ambiental do mundo, revelou que mais de 700 novas espécies de animais e plantas foram descobertas por cientistas na Bacia do Congo nos últimos 10 anos.

Entre as descobertas, estão uma nova espécie de pé de café, uma coruja com um canto estranho e um crocodilo com focinho fino.

Conhecida como o "pulmão da África", a Bacia do Congo é a segunda maior floresta tropical do mundo, abrangendo seis países. É também o maior sumidouro de carbono do mundo — um ecossistema que absorve mais dióxido de carbono do que libera.

O relatório detalha o trabalho de centenas de cientistas ao redor do mundo, e a WWF afirma que "destaca a notável biodiversidade, além das necessidades urgentes de conservação de um dos ecossistemas mais vitais do mundo".

No mês passado, a WWF publicou os resultados de um levantamento do mundo natural que indicou uma redução de 73% na população global de vida selvagem.

"A Bacia do Congo não é tão conhecida, e muitas pessoas não estão cientes da sua importância", afirmou à BBC Jaap Van der Waarde, que trabalha na ONG como chefe de conservação da Bacia do Congo.

Van der Waarde explica que, além de abrigar uma grande quantidade de biodiversidade exclusiva, a Bacia do Congo é a última das grandes porções de floresta tropical do mundo que ainda absorve mais carbono do que emite — diferentemente da Amazônia, que vem perdendo essa capacidade.

"Novas espécies só podem ser defendidas se sua existência for promovida. E não vamos nos esquecer de que a Bacia do Congo é extremamente necessária para a estabilização do clima", acrescenta.

A coruja que 'mia'

Coruja-das-torres do Príncipe em um galho de árvore olhando para a câmera

Crédito, WWF

Legenda da foto, A coruja-das-torres do Príncipe emite um som bastante característico

A coruja-das-torres do Príncipe (Otus bikegila), descoberta em 2022, é encontrada apenas na pequena nação insular de São Tomé e Príncipe. Ela tem tufos de penas nas orelhas e um canto característico semelhante ao miado de um gato.

De acordo com o Birds of the World, um banco de dados ornitológico, a coruja está criticamente ameaçada de extinção, com uma população de 1,1 mil a 1,6 mil indivíduos.

Homenagem alada ao Pink Floyd

A libélula Umma guma sobre uma folha

Crédito, Jens Kipping

Legenda da foto, Este é um dos poucos insetos que foi batizado em homenagem a uma banda de rock britânica

O lendário grupo de rock britânico Pink Floyd fez um porco inflável sobrevoar Londres na década de 1970. Mas também inspirou o nome de uma nova espécie de libélula descoberta na Bacia do Congo: Umma gumma.

O inseto foi chamado assim em homenagem ao álbum Ummagumma, do Pink Floyd, de 1969, por uma equipe de cientistas que não resistiu ao trocadilho — umma é um termo usado para classificar certas espécies de insetos.

Serpente mortal e sorrateira

Víbora de Mongo (Atheris mongoensis)

Crédito, Jean-François Trape

Legenda da foto, Esta víbora é perigosa não apenas por causa de seu veneno

Apesar de ter sido descoberta apenas em 2020, a víbora de Mongo (Atheris mongoensis) já é conhecida por ser uma das espécies de cobra mais venenosas da África.

Ela é ainda mais perigosa graças à sua capacidade de camuflagem: a combinação de escamas verdes, amarelas e pretas permite que a serpente se misture devidamente ao ambiente da floresta.

O sapinho que oferece uma pista

Congolius robustus

Crédito, Vaclav Gvozdik

Legenda da foto, O minúsculo Congolius robustus oferece uma pista importante sobre a saúde de seu habitat

O Congolius robustus é um anfíbio noturno que até agora só foi observado na República Democrática do Congo, tendo sido encontrado em vários locais ao sul do Rio Congo. Ele mede menos de 4 cm de comprimento.

Como uma espécie endêmica — ou seja, que vive em uma área limitada —, ele serve como um indicador importante da saúde do seu habitat.