Universidade de Paris
Universidade de Paris | |
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Université de Paris Latim:'Universitas magistrorum et scholarium Parisiensis' | |
Lema | Hic et ubique terrarum |
Fundação | 1170 |
Dissolução | 1968 |
Tipo de instituição | Pública |
Localização | Paris, França |
Campus | Urbano |
A Universidade de Paris (em francês Université de Paris) é uma das mais antigas instituições de ensino superior da Europa, e localiza-se na França. Já não existe como uma única universidade, uma vez que, em 1970, foi dividida em treze universidades independentes umas das outras.
Em 2019 uma instituição denominada Universidade Paris Cité ressurgiu após a reunião das universidades Paris Descartes (Paris V) e Denis Diderot (Paris VII), estabelecidas após a divisão da Universidade de Paris em 1970.[1][2]
História
[editar | editar código-fonte]Primórdios
[editar | editar código-fonte]Foi fundada aproximadamente no ano de 1170, a partir da escola da catedral de Notre-Dame. Era comum haver escolas junto às catedrais na França na época. O bispo era quem nomeava os professores e controlava o ensino por meio de seu Chanceler ou Secretário Geral do Bispado.
Quando o sempre crescente número de estudantes fez com que a escola de Notre-Dame se tornasse insuficiente para abrigá-los, os professores particulares foram autorizados a abrir escolas ao redor da catedral. Estes mestres, para defender seus interesses e suas ideias, se reuniram e se associaram formando a sua "corporação", uma "Universitas", um modo de união à semelhança dos modernos sindicatos. Assim surgiu, por volta de 1170, a Universidade de Paris.
Cada mestre, ou grupo de mestres, tinha sua própria escola; quando a corporação tinha que deliberar sobre algum assunto de interesse comum, eles em geral se reuniam em uma ou outra igreja. A organização dessas reuniões bem como a representação dos mestres perante a Igreja e o governo fez surgir o posto e a figura do Reitor. Os assuntos e as disciplinas e as necessidades práticas comuns a várias escolas terminaram por promover o agrupamento em escolas maiores, as faculdades.
Século XII
[editar | editar código-fonte]No início do século XII, Abelardo, um dos grandes intelectuais da Idade Média, veio ensinar em Paris e sua fama atraiu milhares de estudantes para a escola catedralícia, vindos de todos os países do mundo cristão. As escolas se expandiram para a outra margem do rio Sena, no monte Sainte Geniève, onde Abelardo ensinou. Lá se encontra ainda a famosa rue du Fouarre, no quartier Latin, onde os mestres da Faculdade das Artes tinham suas escolas; mais adiante encontra-se a igreja de Saint-Julien-le-Pauvre, onde muitas vezes se reuniu a velha corporação ou "Universidade" dos professores.
Com o apoio papal, a Universidade de Paris tornou-se o grande centro transalpino de ensino teológico. Durante os anos 1220, as ordens mendicantes Dominicana e Franciscana dominaram o ensino na Universidade que, ao final do século XIII e durante o século XIV foi o maior centro de ensino de toda a cristandade, particularmente em Teologia. Entre seus professores mais famosos contam-se, além de Abelardo, Alexandre de Hales, São Boaventura, Santo Alberto Magno, e São Tomás de Aquino. A universidade ficou dividida em quatro faculdades: três "superiores" compreendendo a de Teologia, a de Direito Canônico, e a de Medicina, e uma "inferior", a Faculdade de Artes.
Século XVIII
[editar | editar código-fonte]No decurso dos séculos XVI e XVII a universidade de Paris tornou-se um conglomerado de colégios, à semelhança das universidades inglesas. Os colégios foram inicialmente pensionatos de estudantes, aos quais se acrescentaram depois salas de aula onde os mestres vinham ensinar. Esta é a época em que os Jesuítas foram autorizados a abrir seus Colégios. Os padres da Companhia de Jesus atraíram muitos jovens para os seus colégios, conhecidos pela alta qualidade do ensino.
Com a Revolução Francesa (1789-1799) a universidade foi proibida de funcionar. Todas as universidades francesas foram fechadas pela Lei Le Chapelier, bem como todas as demais corporações de ofício. Mais tarde, Napoleão reabriu a universidade, organizando-a em toda a França de acordo com um modelo centralizado.
Século XX
[editar | editar código-fonte]Os principais prédios da universidade, apesar de não serem contíguos, têm por centro o edifício da Sorbonne. Esta, originária de uma escola fundada pelo teólogo Robert de Sorbón ao redor de 1257, foi o mais famoso colégio de Paris. Sua proximidade da faculdade de estudos teológicos, e o uso do seu auditório para grandes debates, fez o nome Sorbonne tornar-se a designação popular para a faculdade de teologia de Paris.
Sua localização atual, no Boulevard Saint-Michel, data de 1627 quando Richelieu a reconstruiu a suas custas. Desde o século XVI, por ser a faculdade mais importante, a Sorbonne acabou por ser considerada como o núcleo principal da Universidade. Sorbonne e Universidade de Paris passaram a ser sinônimos. Porém, os edifícios antigos da Sorbonne foram demolidos, com exceção da igreja erguida por Richelieu e onde está seu túmulo, a qual foi incorporada à construção nova, que forma um retângulo de 21 000 metros quadrados, três vezes maior que a Sorbonne erguida pelo Cardeal. Alberga a faculdade de letras, a administração do distrito educacional com centro em Paris e os serviços administrativos da Universidade: gabinete do reitor, escritórios, o salão do conselho e o grande anfiteatro para três mil pessoas.
Nos anos de 1960, a Universidade de Paris, mediante uma política de ingresso capaz de atrair um número maciço de jovens estrangeiros vindos de países economicamente subdesenvolvidos, tornou-se um centro mundial de difusão do socialismo, do marxismo, do comunismo, do anarquismo e do antiamericanismo, superando neste afã a própria Universidade Patrice Lumumba, que fora criada especificamente para esse fim em Moscou, no início da mesma década. Como resultado dessa política, a própria estrutura de organização universitária foi criticada pelo levante estudantil de maio de 1968, que desencadeou uma onda de rebeldia estudantil ao redor do mundo. Nessa fase, o número de estudantes da Universidade havia subido a mais de 115.000.
Após a crise, o governo de direita procedeu a uma reforma geral profunda na organização do ensino superior francês, através do Ato de reforma da educação superior, do mesmo ano de 1968. Com base nesse ato, em 1970 a Universidade de Paris foi dividida em 13 universidades autônomas e financiadas pelo Estado, localizadas principalmente em Paris (Paris I a XIII).
Universidades atuais
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Gouvernance. U-Paris. 2021.
- ↑ Brasil será um dos principais parceiros da nova Université de Paris. Fapesp. 26 de novembro de 2019.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Panthéon-Sorbonne — Ciências Sociais e Humanas, Direito, Artes, Cinema, Ciências Econômicas e Empresariais
- Panthéon-Assas — Direito, Ciências Sociais e Políticas ( Ciência Política, Relações Internacionais, Comunicação e Jornalismo) e Ciências Econômicas
- Sorbonne Nouvelle — Artes, Letras, Línguas Estrangeiras, Ciências da Comunicação e Informação, Ciências Humanas
- Sorbonne Université — Ciências Exatas, Ciências Naturais, Tecnologia, Medicina, Informática
- Paris Cité — Ciências Humanas, Ciências Sociais, Direito, Ciências do Esporte/Desporto, Medicina e Ciências da Saúde, Farmácia
- Vincennes - Saint-Denis — Línguas, Letras, Ciências Humanas e Sociais, Ciências Econômicas
- Dauphine — Convertida em "Grande École", especializada em Ciências Econômicas, Matemática, Informática, Direito Administração de Empresas, Matemática, Jornalismo
- Paris - Nanterre — Direito, Letras, Ciências Sociais e Humanas, Artes, Línguas Estrangeiras, Ciências Econômicas
- Paris-Saclay — Matemática, Física, Química e Medicina
- Val-de-Marne — Medicina, Direito e Letras
- Paris-Nord — Tecnologia, Letras e Humanidades