iBet uBet web content aggregator. Adding the entire web to your favor.
iBet uBet web content aggregator. Adding the entire web to your favor.



Link to original content: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruínas_de_Quilua_Quisiuani_e_de_Songo_Mnara
Ruínas de Quilua Quisiuani e de Songo Mnara – Wikipédia, a enciclopédia livre Saltar para o conteúdo

Ruínas de Quilua Quisiuani e de Songo Mnara

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Ruínas de Quilua Quisiuani e de Songo Mnara 

A cidade de Quíloa em 1590.

Critérios C (iii)
Referência 144 en fr es
País Tanzânia
Coordenadas Kilwa Kisiwani 8º 57' 28" S 39º 31' 22" E

Songo Mnara S9 02 58.0 E39 34 02.0

Histórico de inscrição
Inscrição 1981 (em perigo: 2004)

Nome usado na lista do Património Mundial

A Grande Mesquita de Quilua Quisiuani

As ruínas de Quilua Quisiuani[1] (Kilwa Kisiwani), também conhecida historicamente como Quíloa, e Songo Mnara localizam-se nas duas pequenas ilhas de mesmo nome, à entrada de uma baía a sul de Dar-es-Salam, na costa sueste da atual Tanzânia.

Ambas representam os vestígios de dois grandes portos comerciais onde, entre os séculos IX e XVI, se trocou o ouro e ferro do Zimbábue, escravos e marfim de toda a África Oriental, por tecidos, porcelana, joias e especiarias da Ásia. Estas ilhas foram inscritas pela UNESCO em 1981 na lista dos locais que constituem Património da Humanidade e, em 2004, na Lista do Património Mundial em Perigo.[2]

As ilhas de Quilua Quisiuani (Quíloa, na História de Portugal) e de Songo Mnara parecem ter sido ocupadas no século IX, provavelmente por populações swahili. Nessa época, um chefe da ilha de Quilua Quisiuani vendeu-a a um mercador árabe chamado Ali ibne Haçane, fundador da Dinastia Xiraz. Entre os séculos XI e XV, os seus descendentes nelas estabeleceram o mais poderoso centro comercial da África Oriental. No século XIII, os seus chefes dominavam todos os centros comerciais da costa africana, desde a ilha de Pemba, a norte, até Sofala, no sul.

O mundo ocidental ficou a conhecer Quilua através dos escritos do geógrafo marroquino ibne Batuta, que a visitou em 1331. Ele ficou extasiado pela "beleza da grande cidade, com edifícios construídos de pedra de coral, normalmente com um único piso e pequenos compartimentos separados por maciças paredes e com telhados formados de placas da mesma pedra, suportados pelas paredes e por estacas de mangal." Mas também encontrou "estruturas formidáveis de vários pisos e algumas belamente ornamentadas com pedra esculpida nas entradas, tapeçarias e nichos cobrindo as paredes e o chão com carpetes... Claro que estas eram as casas dos ricos, porque os pobres viviam em casas de palha, vestiam-se apenas com um pano sobre as ancas e comiam apenas papas de milho..."

A presença portuguesa

[editar | editar código-fonte]

Em 1500, a caminho da Índia, o português Pedro Álvares Cabral também visitou Quilua e referiu-se às belas casas de coral e seus terraços, pertencentes a "mouros negros", o que atraiu a atenção dos portugueses. Com a presença destes na região, a fortuna de Quilua mudou radicalmente: Vasco da Gama invadiu a ilha em 1502 tornando-a tributária de Portugal. Como o sultão cessasse de pagar o seu tributo, em 24 de julho de 1505, as forças de D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei do Estado Português da Índia, acompanhado de seu filho D. Lourenço, conquistaram-na[3] e iniciaram a construção da primeira fortificação portuguesa de pedra e cal na África Oriental

O Forte de Quíloa

[editar | editar código-fonte]

A construção do forte português em Quíloa iniciou-se no dia subsequente à conquista (25 de julho de 1505), tendo as obras ficado a cargo do mestre de pedraria Tomás Fernandes.[4] Tinha como função proporcionar abrigo aos passageiros das naus da Carreira da Índia que demandavam aquele porto e, acessoriamente, a de defesa contra eventuais inimigos.

Embora tenha sido a primeira fortificação de vulto a ser erguida na costa oriental africana, teve curta existência. De manutenção dispendiosa, gerando recursos insuficientes para a aquisição de especiarias no Oriente pela Coroa portuguesa, foi abandonada em 1512, concentrando-se as suas funções na Torre Velha de Moçambique.

D. Francisco de Almeida, em carta a Manuel I de Portugal descreve a fortificação então construída como:

"huuma fortaleza que se podesse ser compraria por anos de minha vida, vee la Vossa alteza porque he tam forte que se esperara

nela el rei de França e tem apousemtamento de muito boas casas pera duas tamta gente e desenbarquon os batees as pipas por huuma esquada de seis degraaos demtro no baluarte que he o mais forte da casa."[5]

É ainda descrita, por outras fontes:

"(...) que havia de ter a fortaleza em quadra, que per quadra tinha sessenta braças, e em hum canto pera a banda da cidade huma torre quadrada, sobradada com o andar do muro (...) toda a obra em roda se fazia com outra torre quadrada per a banda da baya, em que a terra fazia uma ponta, e na torre a porta pera o mar, e nas casas dentro mandou alevantar a torre de menagem, de dous sobrados fortes, com janelas pera todas as partes, de que podia jogar artilharia."[6]

Em setembro de 1506, um grupo de pedreiros portugueses e quatro pedreiros "mouros" "acabaram de cerrar hos muros de dentro" e a "torre de sobola porta do baluarte", encontrando-se a fortaleza equipada, em fevereiro de 1507, com 73 armas de fogo, quantidade expressiva à época.[7]

No início da década de 1960, o arqueólogo britânico Neville Chittick conduziu uma campanha de prospecção arqueológica de um forte de menores dimensões, identificado como de origem portuguesa (conhecido como "Gereza"), reconhecendo-lhe características da arquitetura militar árabe e periodizando-o do século XIX[8] o que, modernamente é questionado, sendo proposta uma datação alternativa do século XVIII. Esta estrutura apresenta planta na forma de um quadrado com 20 metros de lado, e duas torres nos vértices opostos, de bases maciças e sem aberturas para o tiro senão nos pisos superiores.[9]

A reconquista árabe

[editar | editar código-fonte]

Em 1512, a ilha foi ocupada por uma força árabe e voltou a ser uma cidade-estado swahili até 1784, quando se tornou num protectorado do Omã e voltou a perder o seu poderio. Em 1843, a cidade vizinha de Quilua Quivinje, a cerca de 20 km a norte, na costa, passou a ser utilizada como porto e Quilua Quisiuani foi abandonada e os seus edifícios tornaram-se ruínas.

Do século XX aos nossos dias

[editar | editar código-fonte]

Na década de 1950, as autoridades coloniais começaram a explorar as ruínas e, mais tarde a recuperar alguns edifícios. Neste momento Quilua Quisiuani é um ponto turístico importante. Entre os edifícios mais importantes contam-se:

  • A Grande Mesquita, que era a maior de África quando foi construída, com grandes abóbadas e pilares monolíticos;
  • O Palácio Husuni Kubwa, com cem compartimentos, é o maior edifício pré-europeu em pedra na região oriental e austral de África;
  • A Pequena Mesquita, também abobadada, que é o edifício mais bem preservado na ilha;
  • O Palácio Makutani, com grandes paredes triangulares;
  • O "pequeno" Husuni Ndogo; e
  • A "Gereza" (prisão).

Referências

  1. Jaguaribe 2001, p. 269.
  2. «UNESCO». Consultado em 21 de junho de 2014 
  3. Conquista de Quíloa, Veritatis, 23 de julho de 2021, in Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.
  4. DIAS, Pedro (1998). "História da Arte Portuguesa no Mundo. O espaço do Índico". Lisboa: Círculo de Leitores, pp. 356, 377 ou 387. apud LIZARDO, João. "A Identificação do Forte Português em Quíloa" Arquivado em 27 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. in Al-Madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005. Consultado em 18 nov 2011.
  5. Carta de D. Francisco de Almeida citada por Pedro Dias, em "História da Arte Portuguesa no Mundo. O espaço do Índico", pág. 356. apud LIZARDO, João. "A Identificação do Forte Português em Quíloa" Arquivado em 27 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. in Al-Madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005. Consultado em 18 nov 2011.
  6. PEREIRA, Mário (1994). "Da Torre ao Baluarte". in A Arquitectura Militar na Expansão Portuguesa. Lisboa: CNCDP, p. 41. apud LIZARDO, João. "A Identificação do Forte Português em Quíloa" Arquivado em 27 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. in Al-Madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005. Consultado em 18 nov 2011.
  7. CALADO, Rafael (1989). "História das Fortificações Portuguesas no Mundo". Edições Alfa, p. 112. apud LIZARDO, João. "A Identificação do Forte Português em Quíloa" Arquivado em 27 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. in Al-Madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005. Consultado em 18 nov 2011.
  8. CHITTICK, Neville (1974). "Kilwa: an islamic trading city on East African coast". Nairobi: The British Institute in Eastern Africa. apud LIZARDO, João. "A Identificação do Forte Português em Quíloa" Arquivado em 27 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. in Al-Madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005. Consultado em 18 nov 2011.
  9. LIZARDO, João. "A Identificação do Forte Português em Quíloa" Arquivado em 27 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. in Al-Madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005. Consultado em 18 nov 2011.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Ruínas de Quilua Quisiuani e de Songo Mnara