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Pele escura – Wikipédia, a enciclopédia livre Saltar para o conteúdo

Pele escura

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Menina de pele escura em Burkina Faso.

Pele escura é uma cor da pele humana que é rica em melanina, especialmente, pigmentos de eumelanina.[1][2][3] Pessoas com pele muito escura são, muitas vezes, referidas como negros,[4] embora esse uso possa ser ambíguo em alguns países onde também é usado para se referir especificamente a diferentes grupos étnicos ou populações.[5][6][7][8]

Acredita-se que a evolução da pele escura tenha começado há cerca de 1,2 milhão de anos,[9] em espécies de hominídeos de pele clara após passarem da floresta equatorial para a ensolarada savanas. No calor das savanas, foram necessários melhores mecanismos de resfriamento que foram alcançados através da perda de pelos no corpo e desenvolvimento de uma perspiração mais eficiente. A perda de pelos do corpo levou ao desenvolvimento da pigmentação da pele escura, o que atuou como um mecanismo de seleção natural contra a depleção de folato e, em menor grau, danos no DNA. O principal fator que contribuiu para a evolução da pigmentação da pele escura foi a quebra do folato em reação à radiação ultravioleta; a relação entre a quebra do folato induzida pela radiação ultravioleta e a redução da aptidão física como uma falha da embriogênese e da espermatogênese levaram à seleção da pigmentação escura da pele. Na época em que o moderno Homo sapiens evoluiu, todos os humanos tinham a pele escura.[3][10][11][12][13][14][15]

Os humanos com pigmentação da pele escura têm pele naturalmente rica em melanina (especialmente eumelanina) e mais melanossomos que fornecem uma proteção superior contra os efeitos deletérios da radiação ultravioleta. Isso ajuda o corpo a reter suas reservas de folato e protege contra danos ao DNA.[3][16]

Pessoas de pele escura que vivem em altas latitudes com luz solar moderada correm um risco maior - especialmente no inverno - de deficiência vitamina D. Como consequência da deficiência de vitamina D, essas pessoas têm um risco maior de desenvolver raquitismo, numerosos tipos de câncer e possivelmente doença cardiovascular e baixa atividade do sistema imunológico.[3][17] No entanto, alguns estudos recentes questionaram se os limiares que indicam deficiência de vitamina D em indivíduos de pele clara são relevantes para indivíduos de pele escura, pois se descobriu que, em média, os indivíduos de pele escura têm maior densidade óssea e menor risco de fraturas do que os indivíduos de pele clara que possuem os mesmos níveis de vitamina D. Isto é atribuído, possivelmente, à menor presença de agentes de ligação de vitamina D (e, portanto, maior biodisponibilidade) em indivíduos de pele escura.[18][19]

A distribuição global de populações de pele escura está fortemente correlacionada com os altos níveis de radiação ultravioleta das regiões habitadas por elas. Estas populações, quase exclusivamente, vivem perto do equador, em áreas tropicais com luz solar intensa: Austrália, Melanésia, Nova Guiné, Sul da Ásia e África. Estudos sobre essas populações indicam que a pele escura é uma retenção do estado preexistente de humanos modernos, adaptado à radiação ultravioleta, antes da migração fora da África e não uma adaptação evolutiva posterior.[20] Devido à migração em massa e aumento da mobilidade de pessoas entre regiões geográficas no passado recente, as populações de pele escura hoje são encontradas em todo o mundo.[3][21][22]

Distribuição geográfica

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A pele relativamente escura permanece entre os Inuits e outras populações do Ártico. Uma combinação de dietas ricas em proteínas e reflexão da neve no verão tem sido especulada como favorecendo a retenção da pele pigmentada.[3]

As primeiras descrições colonialistas europeias das populações norte-americanas incluem termos como brown ("marrom"), tawny ("amarelo-acastanhado") ou olive ("oliva"), embora algumas populações também fossem descritas como lights-skinned ("pele clara").[23] A maioria das populações indígenas norte-americanas é semelhante às populações africanas e oceânicas no que diz respeito à presença do alelo Ala111.[24]

Os nativos sul-americanos e os mesoamericanos também são tipicamente considerados de pele escura, classificando-se de forma semelhante às populações africanas e oceânicas no que diz respeito à presença de 'Ala111'.[24] Testes genéticos mostram significativa influência austronésia[25] em uma hipotética população ypykuéra ("ancestral").

A preferência ou rejeição da pele mais escura tem variado dependendo da área geográfica e do tempo. Hoje, a pele mais escura é vista como moda e como sinal de bem-estar em algumas sociedades. Isso resultou no desenvolvimento da indústria do bronzeamento em vários países. Entretanto, em alguns países, a pele escura não é vista como desejável ou como indicativa de classe superior, especialmente entre as mulheres.

Referências

  1. dark-skinned Princeton University "naturally having skin of a dark color"
  2. «Dark-skinned». thefreedictionary.com. Consultado em 24 de janeiro de 2017. a person or race having skin of a dark colour 
  3. a b c d e f Muehlenbein, Michael (2010). Human Evolutionary Biology. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 192–213 
  4. Oxford Dictionaries. April 2010. Oxford University Press. "pertencente ou denotando qualquer grupo humano com pele de cor escura" "black" (accessed 6/8/2012).
  5. Dictionary.com: black 3.a "a member of any of various dark-skinned peoples" 21.a"specifically the dark-skinned peoples of Africa, Oceania, or Australia."
  6. «Global Census». American Anthropological Association. Consultado em 10 de dezembro de 2012 
  7. Oxford Dictionaries. April 2010. Oxford University Press. "especially of African or Australian Aboriginal ancestry" "black" (accessed 6 August 2012).
  8. James, Mackers (8 de novembro de 1828). «Proclamation». Classified Advertising. Trove. Consultado em 10 de dezembro de 2012 
  9. Nina, Jablonski (2004). «The evolution of human skin and skin color». Annual Review of Anthropology. 33: 585–623. doi:10.1146/annurev.anthro.33.070203.143955. evidências genéticas [demonstram] que fortes níveis de seleção natural atuaram em torno de 1,2 mya para produzir a pele pigmentada nos primeiros membros do gênero Homo 
  10. Bower, C.; Stanley (1992). «The role of nutritional factors in the aetiology of neural tube defects». Journal of Paediatrics and Child Health. 28 (1): 12–16. PMID 1554510. doi:10.1111/j.1440-1754.1992.tb02610.x 
  11. Minns, R.A. (1996). «Folic acid and neural tube defects». Spinal Cord. 34 (8): 460–465. PMID 8856852. doi:10.1038/sc.1996.79 
  12. Copp; et al. (1998). «Embryonic mechanisms underlying the prevenetion of neural tube defects by vitamins». Mental Retardation and Developmental Disabilities Research Reviews. 4: 264–268. doi:10.1002/(sici)1098-2779(1998)4:4<264::aid-mrdd5>3.0.co;2-g 
  13. Molloy; Mills, J. L.; Kirke, P. N.; Weir, D. G.; Scott, J. M.; et al. (1999). «Folate status and neural tube defects». BioFactors. 10 (2–3): 291–294. PMID 10609896. doi:10.1002/biof.5520100230 
  14. Lucock, M. «Folic acid: nutritional biochemistry, molecular biology, and role in disease processes». Molecular Genetics and Metabolism. 71 (1–2): 121–138. PMID 11001804. doi:10.1006/mgme.2000.3027 
  15. William; Rasmussen, S. A.; Flores, A; Kirby, R. S.; Edmonds, L. D.; et al. (2005). «Decline in the prevalence of spina bifida and anencephaly by race/ethnicity:1995–2002». Pediatrics. 116 (3): 580–586. PMID 16140696. doi:10.1542/peds.2005-0592 
  16. Nielsen; et al. «The importance of the depth distribution of melanin in skin for DNA protection and other photobiological processes». Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology. 82: 194–198. doi:10.1016/j.jphotobiol.2005.11.008 
  17. Jane, Higdon. «Vitamin D». Micronutrient Information Center. Linus Pauling Institute. Consultado em 10 de dezembro de 2012 
  18. Holick, Michael F. (21 de novembro de 2013). «Bioavailability of Vitamin D and Its Metabolites in Black and White Adults». The New England Journal of Medicine. 369: 2047–2048. PMID 24256384. doi:10.1056/NEJMe1312291. Consultado em 19 de junho de 2014 
  19. DeVita Raeburn, Elizabeth (20 de novembro de 2013). «Bone Density Higher in Blacks, Vitamin D Lower». MedPage Today. Consultado em 19 de junho de 2014 
  20. Harding, R; Healy, E; Ray, A; Ellis, N; Flanagan, N; Todd, C; Dixon, C; Sajantila, A; et al. (2000). «Evidence for Variable Selective Pressures at MC1R». The American Journal of Human Genetics. 66 (4): 1351–61. PMC 1288200Acessível livremente. PMID 10733465. doi:10.1086/302863 
  21. O'Neil, Dennis. «Skin Color Adaptation». Human Biological Adaptability: Skin Color as an Adaptation. Palomar. Consultado em 10 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 18 de dezembro de 2012 
  22. O'Neil, Dennis. «Overview». Modern Human Variation. Palomer. Consultado em 10 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 5 de novembro de 2012 
  23. Vaughan, Alden T. (1982-10-01). "From White Man to Redskin: Changing Anglo-American Perceptions of the American Indian". The American Historical Review. 87 (4): 918. doi:10.2307/1857900. ISSN 0002-8762. JSTOR 1857900.
  24. a b Reference SNP(refSNP) Cluster Report: rs1426654 **clinically associated** Archived 2017-12-05 at the Wayback Machine.. Ncbi.nlm.nih.gov (2008-12-30). Retrieved 2011-02-27.
  25. [1]