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Obatalá

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Obatalá
Obatalá
Estátua representado Oxalá com seu cajado em Sauipe, em Mata de São João, na Bahia, no Brasil
Orixalá, Obatalá
Cônjuge Iemouô [1]
Filhos Omolu, Oxumarê, Ieuá, Oçânhim e Irocô.
Instrumentos Opaxorô
Sincretismo Senhor do Bonfim (na Bahia) Jesus Cristo (no RJ)[2]

Oxalá (em iorubá: Òrìsànlá), também chamado Obatalá (em iorubá: Obàtálá), é o criador da humanidade, na mitologia iorubá e religiões Candomblé e Umbanda. Foi o primeiro Orixá criado por Olodumarê, sendo o próprio Oxalufã, Grande Orixá Rei de Vestes Brancas, raiz de todos os outros Orixás[3]. É o pai de Oxaguiã, tão grande e poderoso é Obatalá que sua palavra transforma-se, imediatamente, em realidade.

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres humanos, é o senhor dos vivos, preside o nascimento. Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala, durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dele. É este orixá que é o responsável por moldar os corpos dos seres humanos, mas quem os dá a vida com o sopro divino (emi) é o Ser Supremo Olódùmarè.

O mito da Criação

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Oxalá, ou Obatalá, recebeu a tarefa de criar a Terra, mas falhou na tarefa ao se embriagar com vinho de palma. Sua irmã Oduduwa, aproveitou a oportunidade, pegou a bolsa que o pai Olódùmarè dera a Oxalá/Obatalá para ajudá-lo e a usou para criar terras no oceano primordial. Odudwa fez um trabalho tão bom que Olódùmarè lhe concedeu o título de "Deusa da Terra"[4].


Oxalá, ou Obatalá, é o filho de Olódùmarè, o criador do universo. Depois de criado o universo e a terra em específico; depois de milhares de anos Olódùmarè resolveu dar vida a terra (Ayé) e enviou seu filho direto "Obatalá" para esse fim à terra que até então era composta de água, falha na criação da terra por ter se embriagado. Como punição pela negligência em uma tarefa importante, Oxalá/Obatalá recebeu do pai Olódùmarè o trabalho de criar os seres humanos, recebendo o título de escultor da humanidade.

"Agora Olodumare [o ser supremo] uma vez chamou Obatala e disse-lhe que o amaria para ajudar na criação de seres humanos que viveriam no mundo que ele estava prestes a criar. Isso porque, como ele (Olodumare) disse ainda, ele iria não como o mundo que ele planejava criar para existir sem seres humanos." [5]

Para criar a humanidade, Oxalá/Obatalá pega o saco da criação contendo uma "longa corrente de ouro, uma concha de caracol cheia de areia, uma galinha (da angola, ou preta), um gato preto e uma noz de palmeira"  e desce até a ponta das correntes de água. Então, solta a galinha que espalha a areia da concha de caracol, dando desta maneira forma ao relevo, continentes, montes; depois, planta palmeiras e dendê para criar florestas[6]. Enquanto Obatala trabalhava contente em sua tarefa - em algumas narrativas com a ajuda de Osun (Oxum), noutras com ajuda de Nanã), ele teve sucesso em criar seres humanos com água e barro. Mas durante este processo novamente ficou bêbado com muito vinho de palma, criado a partir da floresta de palmeiras, e acabou por criar seres humanos com deficiências. Quando ficou sóbrio e percebeu o que fez, jurou nunca mais beber e proteger as pessoas com deficiência. Obtendo sucesso a partir daí, a humanidade criada por Oxalá/Obatalá recebeu o Axéṣẹ), uma faca de cobre e uma enxada de madeira, e prosperou. Devido a esta sua reinvenção e superação, ele recebeu ascendência sobre os seres humanos. Quando as pessoas têm um grande problema de saúde é a este Orixá que se pode recorrer; claro que dependendo do tipo de doença que seja, podemos recorrer também a outros Orixás. Obatalá é quem rege tudo o que é "branco" sobre a terra, em sentidos figurativos, como a pureza.[7]

De acordo com as tradições orais de Ifé, o humano mortal de nome Obatala foi fundador e rei do Reino de Ifé durante seu período clássico. Sua posição como rei foi desafiada pelo irmão Oduduwa, que assumiu a liderança da cidade por um breve momento. No entanto, Obatala conseguiu sair vitorioso na disputa e isso levou ao assassinato de seu rival Oduduwa e à recuperação de seu trono[8]. A compreensão das qualidades do orixá Obatalá foi incorporada a história deste Obatalá humano que governou em Ifé, após sua deificação póstuma. Assim, o humano Obatala que era o rei em Ifé foi admitido no panteão Iorubá como um aspecto desta divindade primordial de mesmo nome.

O branco é a cor simbólica de Obatalá e pode combinar com o uso de marfim para esta pulseira

Oxalá/Obatalá divindade

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Uma avaliação minuciosa da religião tradicional iorubá mostra que cada uma das 201 divindades é entendida por seus descendentes e adeptos como tendo tido parte na criação da terra. Isso sugere que o começo do mundo é um aspecto da cosmogênese iorubá associado a inúmeras divindades nos panteões iorubás, para além do papel desenvolvido especificamente pelos irmãos Oxalá/Obatala e Oduduwa[9].

Obatalá Mortal

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"Oba Obatala" foi o fundador e o Rei de Ile-Ife, daí a denominação, Olufe. Seu reinado foi interrompido por uma usurpação liderada por Oduduwa e seus apoiadores como Obameri, Obadio, Aloran, Ejio e Apata. No entanto, Obatala foi capaz de facilitar a morte de Oduduwa e recuperar seu trono como rei de Ile-Ife com a ajuda de sua base de apoio composta por Oluorogbo, Orunmila, Akire, Obalufon Ogbogboinrin (Obamakin), Owa Ilare e muitos outros. Isso é reencenado todos os anos no festival de Obatala em Ife e nos ritos de coroação de Ooni, que indicam a posse da coroa, trono e autoridade de Obatala[10]. No final das contas, após a guerra entre Obatalá de um lado e Oduduwa do outro, este último perdeu e seu apoio se dispersou. Assim, levando a um governo rotativo entre as linhagens de Obatala e Obalufon Ogbogbodinrin (Obamakin) que o sucedeu. Isso vigorou até que um golpe conduzido por Lajamisan, um descendente de Oranfe, interrompeu a estrutura governante[11].

Obatalá - Obá (rei) alá (branco)

Sacerdotes de Obatalá em seu templo em Ilê-Ifé

Orixanlá, Orixalá é o primeiro orixá funfum nascido diretamente de Olorum (DEUS) (tudo desses orixás é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro "The History of the Yorubas", Lagos, 1937, escreve:

"Orixalá é encarregado do poder criador e é considerado um cotrabalhador de Olorum. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Orialá. Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira. Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal. Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse orixá.
orixála é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Oluofim em Iuofim, Orixacô em Ocô, Orixaquirê em Iquirê, Orixaguiã em Ejibó, Orixaeguim em Ou, Orixajaiê em Ijaiê, Obatalá em Obá."

Existe um Festival anual de Obatalá na cidade de Ilê-Ifé, estado de Oxum, na Nigéria. O festival acontece na segunda quinzena de janeiro no Obatalá Holytemple e reune grande um número de iniciados em Obatalá da Nigéria e de outros países. O Festival acontece no Obatalá Holytemple (segundo templo de Obatalá na história) e também no lugar sagrado conhecido como primeiro templo).

Oferendas e rituais

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Em termos de oferenda aos orixás, os orixás fêmeas (Iabás) "comem" animais fêmeas, enquanto os orixás machos (Borós) "comem" animais machos. Porém, Obatalá é o único orixá masculino que "come" na roda de Iabás, aceitando assim sacrifícios de fêmeas de animais em sua homenagem. Bastide[12]  comentou sobre as características andróginas de Obatalá como uma explicação de por que este orixá aceita animais fêmeas como oferendas. Segundo alguns sacerdotes, porém, Obatalá não tem sexo, pois, segundo os mitos, é o Pai da Criação. Oxalá/Obatala é portanto equivalente ao Deus cristão, que também não tem sexo específico.

Ao contrário de outros Orixás, Obatalá só aceita oferendas cozidas no mel, pois tem aversão ao óleo de dendê[13]. Como qualquer outro Orixá, Obatalá não come propriamente a oferenda, mas consome a energia da oferenda, ou Axé . A expressão "comer" é usada como simbolismo para uma forma espiritual de alimentação. Os orixás não "descem" do plano espiritual para comer (literalmente falando) o animal oferecido. Tradicionalmente, para oferendas a Obatalá, considerado um orixá-funfun (literalmente "orixá branco"), os animais ou suas partes devem ser completamente brancos, como o sangue branco do molusco chamado Igbin ( Achatina fulica ).[13].

Oriki (nomes de culto)

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  • Oluwa Aye - Senhor da Terra
  • Alabalashe - Aquele que tem autoridade divina
  • Baba Arugbo - Velho Mestre ou Pai
  • Baba Araye - Pai de todos os humanos / Mestre de todos os humanos
  • Orixanlá - O Arquiteto / A divindade arquitetônica
  • Olufe - Rei de Ifé / Senhor de Ifé
  • Oseremagbo - Senhor de Ugbo

Nas Américas

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"Tambor e dança para orixá, Obatalá, Santiago de Cuba. Vídeo original filmado/editado por Tim Harrison, Santiago de Cuba"

Na Umbanda, é sincretizado com Jesus Cristo. Em linhas de Candomblé menos tradicionais (embranquecidas), é sincretizado com Nosso Senhor do Bonfim; nessa função, é o padroeiro da Bahia. O uso extensivo de roupas brancas, associado ao culto a Oxalá, tornou-se um símbolo do candomblé em geral. Sexta-feira é o dia dedicado ao culto a Oxalá[14]. Uma grande celebração religiosa sincrética da Festa do Bonfim em janeiro em Salvador celebra tanto Oxalá quanto Nosso Senhor do Bonfim; inclui a lavagem dos degraus da igreja com água especial, feita com flores

O caramujo Achatina fulica é utilizado para fins religiosos no Brasil como oferenda a Obatalá. É visto como um substituto para o caramujo gigante africano ( Archachatina marginata ) que é usado na Iorubalândia por serem conhecidos pelo mesmo nome (Igbin, também conhecido como Ibi) tanto no Brasil quanto em Africa[15].

Obatalá em Cuba também é conhecido por outros nomes, Obatalá Babbadé, Ochanlá, Báhálúbbó, Alamoréré, veste de branco e suas manifestações são guerreiras.[16][17][18]

Referências

  1. CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos S/A. 1979. p. 30.
  2. CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos S/A. 1979. p. 56.
  3. Abimbola, Wande. "Ìwàpèlé: The Concept of Good Character in Ifá Literary Corpus." In: Wande Abimbola (org.) Yoruba Oral Tradition, pp. 389-420, Ifé, Universidade de Ifé, 1975.
  4. "OBATALA - the Yoruba God of Purity (Yoruba mythology)". Godchecker - Your Guide to the Gods. Retrieved 2022-12-06.
  5. Souvignet, Florent (2016-10-03). "Probst, Peter. Osogbo and the Art of Heritage. Monuments, Deities, and Money". Cahiers d'études africaines (223). doi:10.4000/etudesafricaines.18572. ISSN 0008-0055.
  6. A criação Iorubá (PDF)
  7. «Religião». Aulo Barretti Filho. 3 de agosto de 2012. Consultado em 15 de janeiro de 2021 
  8. Ancient Ile-Ife: Another Cultural Historical Reinterpretation by Ade Obayemi
  9. “Iwori Meji” in The Original Major Odu Ifa Ile Ife Volume 1 by Ologundudu, A., and Aworeni, A.
  10. NAI CSO 26/3 file 29829, Report on the Native Organisation of Ife District – Oyo Province by J. A. McKenzie
  11. Voz da África por Leo Frobenius
  12. https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/361/1/313%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf
  13. a b Léo Neto, Nivaldo A.; Brooks, Sharon E.; Alves, Rômulo RN (26 August 2009). "From Eshu to Obatala: animals used in sacrificial rituals at Candomblé "terreiros" in Brazil". Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine. 5 (1): 23. doi:10.1186/1746-4269-5-23. ISSN 1746-4269. PMC 2739163. PMID 19709402
  14. van de Port, Mattijs (2015). "Bahian white: the dispersion of Candomblé imagery in the public sphere of Bahia". Material Religion. 3 (2): 242–274. doi:10.2752/175183407X219769. ISSN 1743-2200. S2CID 218836534.
  15.  Text was copied from this source, which is available under a Creative Commons Attribution 2.0 (CC BY 2.0) license.
  16. Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Bahia de Todos os Santos, ...Obatalá em Cuba
  17. Gonz?lez-Wippler, Migene (1994). Santería: The Religion, Faith, Rites, Magic (em inglês). [S.l.]: Llewellyn Worldwide 
  18. «Obatalá». Santeria Church of the Orishas (em inglês). Consultado em 15 de janeiro de 2021 
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