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Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros – Wikipédia, a enciclopédia livre Saltar para o conteúdo

Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
João Doria Júnior, que criou o movimento.

O Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, autodenominado pelos seus integrantes como Cansei,[1] foi um efêmero movimento criado após o acidente com o voo 3054 da TAM, que se denominou como não político com o intuito de homenager as familias das vitímas e protestar contra o caos áereo. Apesar de ser criado por opositores ao então Governo Lula, o evento conseguiu convencer celebridades a participaram sob a justificativa de não ter viés oposicionista. "Não entraria em nada com cunho político... Não somos anti-Lula." afirmou Luiz Flávio Borges D'Urso.[2][3][4][5] Ele surgiu e ganhou fama por algumas semanas no Brasil em 2007.[6][7][8]

Surgido logo após o acidente com o voo 3054 da TAM[nota 1], teve, como principais articuladores, o empresário João Dória Júnior, o executivo Paulo Zottolo e o advogado Luiz Flávio Borges D'Urso.[9][10][11][12] artistas foram convencidos a participar para homenager as vitímas como Ivete Sangalo, Hebe Camargo, Ana Maria Braga e Regina Duarte[13] - e algumas entidades de classe e patronais, dentre elas a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, além de sindicatos patronais.[14]

Em 17 de agosto de 2007, o movimento realizou seu maior ato em São Paulo, que reuniu cerca de 5 mil pessoas para homenager as vitímas do acidente e protestar contra o "caos aéreo", "a corrupção aérea" e "a falta de segurança", além de fazerem 1 minuto de silêncio em respeito.[9][15][16] A manifestação na Praça da Sé ficou marcado pelos gritos de "Fora Lula" que começaram a ser puxados pelo público que assista, os quais fizeram com que os artistas deixassem o evento, pela homenagem ter se tornando algo politíco o qual não estava combinado,[15] além da falta de sensibilidade dos organizadores, que não permitiram que parentes das vítimas do acidente do Airbus da TAM subissem ao palco para discursar, no dia em que o acidente completava um mês.[16]

Embora seus idealizadores afirmassem que o "Cansei" era uma iniciativa "apartidária" e "cívica",[10][17] o movimento ficou identificado como uma expressão do antilulismo por parte de setores da elite brasileira, notadamente a paulista, e por isso mesmo acabou fracassando e sendo alvo fácil de chacotas.[7][18][19][20][21][22]

O presidente da OAB do Rio de Janeiro e futuro deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, Wadih Damous, chegou a chamar o Cansei de "golpista" e ligado "às elites paulistas e setores conservadores da sociedade".[4][23] O ex-governador de São Paulo Claudio Lembo compartilhou a mesma posição, afirmando que o movimento tinha "figuras conhecidas que sempre possuíram e possuem uma visão elitista do país e da sociedade" e ironizando o termo "Cansei" como algo "muito usado por dondocas enfadadas em algum momento das vidas enfadonhas que vivem".[5][24]

Em um comunicado expedido a Washington, D.C. no dia 18 de setembro de 2007, que acabou sendo, mais tarde, divulgado pelo Wikileaks, o então cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Thomas White, relatou que ""os líderes do movimento, por toda sinceridade e seriedade tornaram-se alvos fáceis para a caricatura" e que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia lhe ironizado o termo "Cansei" como "não é um lema que Martin Luther King, Jr., teria escolhido para inspirar seus seguidores."[3]

O próprio movimento criou polêmica após uma declaração de Paulo Zottolo, então presidente da Philips no Brasil, de que "não se pode pensar que o país [o Brasil] é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado".[25] A declaração lhe rendeu o título de persona non grata no estado.[26] Mesmo que tenha se desculpado e insistido que sua observação tinha sido tirada do contexto, o fato ficou consumado como uma imagem negativa do "Cansei".[3]


Personalidades

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Referências

  1. Elio Gaspari (4 de março de 2009). «O resgate do fundo dos advogados». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  2. «OAB lança campanha "cansei" para protestar» 
  3. a b c Andrea Dip (28 de junho de 2011). «WIKILEAKS: Cônsul e FHC ironizam movimento "Cansei"». A Pública. Consultado em 18 março de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2015 
  4. a b «OAB do Rio diz que movimento Cansei é golpismo paulista». Conjur. 31 de julho de 2007. Consultado em 18 março de 2015 
  5. a b Bob Fernandes (30 de julho de 2007). «Lembo: "Cansei" é termo de dondocas enfadadas». Terra. Consultado em 18 março de 2015 
  6. Roberto de Oliveira (14 de junho de 2013). «'Descolados' criam movimento antiviolência em São Paulo». Folha.com. Consultado em 18 março de 2015 
  7. a b André Singer (14 de março de 2015). «Tensão democrática». Folha.com. Consultado em 18 março de 2015 
  8. Elio Gaspari (24 de junho de 2012). «As aparições de 'Inexorável da Silva'». Folha.com. Consultado em 18 março de 2015 
  9. a b Kiko Nogueira (17 de março de 2015). «No Roda Viva de Eduardo Cunha, quem brilhou foi João Dória, o inventor do patético "Cansei"». DCM. Consultado em 18 março de 2015 
  10. a b Bob Fernandes (27 de julho de 2007). «Doria afirma queô 'Cansei' é movimento cívico». Terra. Consultado em 18 março de 2015 
  11. Clayton Netz (29 de outubro de 2010). «Cansado de ser executivo, Zottolo vira empresário». O Estado de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  12. Raphael Prado (11 de outubro de 2007). «"Cansei" ainda não se cansou, diz D'Urso». Terra. Consultado em 18 março de 2015 
  13. Agência Estado (15 de agosto de 2007). «Ivete Sangalo e Hebe participam do movimento 'Cansei'». O Estado de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  14. Rodrigo Bertolotto (17 de agosto de 2007). «Movimento 'Cansei' reúne grifes e gritos de 'Fora Lula' na Sé». Consultado em 10 de setembro de 2019 
  15. a b Rodrigo Bertolotto (17 de agosto de 2007). «Movimento 'Cansei' reúne grifes e gritos de 'Fora Lula' na Sé». UOL. Consultado em 18 março de 2015 
  16. a b Anne Warth (17 de agosto de 2007). «Ato do 'Cansei' frustra parentes de vítimas do Airbus». O Estado de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  17. Anne Warth (1 de agosto de 2007). «'Cansei' volta a dizer que é apartidário». O Estado de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  18. Editorial (25 de dezembro de 2007). «Do "Cansei"à CPMF». Folha.com. Consultado em 18 março de 2015 
  19. Marcelo Coelho (6 de julho de 2013). «Opinião: Manifestações expõem o fato de que o poder não muda». Folha.com. Consultado em 18 março de 2015 
  20. Barbara Gancia (21 de julho de 2013). «Imagina na Copa». Folha.com. Consultado em 18 março de 2015 
  21. «"Não se justifica a permanência por tanto tempo', diz Fragoso». Folha de S.Paulo. 8 de novembro de 2009. Consultado em 18 março de 2015 
  22. Fernando Barros e Silva (9 de setembro de 2011). «Quem grita "pega ladrão"?». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  23. «OAB do Rio diz que 'Cansei' tem 'fundo golpista'». Folha de S.Paulo. 2 de agosto de 2007. Consultado em 18 março de 2015 
  24. José Alberto Bombig (28 de julho de 2007). «Irônico, Lembo afirma que o movimento é da 'elite branca'». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  25. Mônica Bergamo (17 de agosto de 2007). «Líder do 'Cansei' desdenha Piauí, é chamado de "tolo"e pede desculpas». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 março de 2015 
  26. Sena, Yala (29 de agosto de 2007). «Piauí dá título de "persona non grata" a Zottolo». Folha de S.Paulo. Consultado em 24 de agosto de 2016 

Notas

  1. Embora o movimento tenha surgido, entre outros motivos, como forma de protesto contra o "caos aéreo", que teria levado à queda do avião da TAM Linhas Aéreas, informações contidas na caixa-preta do avião vieram a indicar que o acidente foi provocado por falha da aeronave ou dos pilotos, o que tornaria nula a ligação entre o acidente e uma suposta crise do setor aéreo brasileiro.

Ligações externas

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