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Artilharia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Artilharia (desambiguação).
Artilharia: disparo de obuses de 155 mm

A artilharia é uma das armas das forças armadas, sendo aquela que produz fogos potentes e profundos. A artilharia é, por excelência, o instrumento de força que origina efeitos morais e materiais que vão da neutralização à destruição. Para isso, emprega armamento pesado capaz de disparar projéteis de grande poder destrutivo. Como arma organizada de um exército, a artilharia agrupa o seu armamento pesado, constitui um quadro de pessoal especializado na operação daquele armamento, congrega as unidades militares organizadas para o combate com armamento pesado e assegura a logística de todos estes elementos.[1][2]

Além de arma, a artilharia também constitui uma ciência que estuda o desenvolvimento e a aplicação do armamento pesado e dos seus projéteis.

Genericamente, as armas de projeção de fogo de tubo da artilharia são designadas "bocas de fogo". Ocasionalmente, também são referidas como "peças de artilharia" ou "canhões", mas geralmente estes dois termos são utilizados para designarem apenas as bocas de fogo que fazem tiro tenso. Por sua vez, as bocas de fogo subdividem-se em três tipos principais: de tiro tenso ("peças" ou "canhões"), de tiro curvo ("obuses" ou "obuseiros") e de tiro vertical ("morteiros"). Hoje em dia, além das tradicionais bocas de fogo, a artilharia inclui outros tipos de armamentos como mísseis e foguetes.

Os militares de artilharia são genericamente designados "artilheiros". Tradicionalmente, os artilheiros terrestres dividem-se em serventes (operadores das bocas de fogo) e condutores (condutores dos veículos que as deslocam). Por sua vez, os artilheiros serventes dividem-se em apontadores (responsáveis por apontar a boca de fogo), municiadores (responsáveis por colocar a munição na boca de fogo) e remuniciadores (responsáveis por retirar a munição do paiol e a passar ao municiador). Conforme o tipo de boca de fogo, ainda podem existir outros serventes especializados como preditores, serventes do soquete, serventes da culatra, ajustadores, marcadores e observadores. O conjunto dos artilheiros que operam uma boca de fogo constitui a sua guarnição. A boca de fogo mais a respetiva guarnição constitui uma unidade de tiro. A unidade tática elementar da artilharia é a bateria, comandada por um capitão e incluindo normalmente seis unidades de tiro.

Neurobalística: réplica de uma catapulta medieval
Pirobalística: bombarda e respetivo projétil da Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, do século XV
Pirobalística: colubrina francesa do século XV
Artilharia de campanha: obus de 6 libras do sistema Gribeauval do Exército Francês, do século XVIII.
Artilharia de costa: peça de 9 libras do Exército Português, do século XVIII
Artilharia de sítio: bateria de morteiros de 13 polegadas (325 mm) do Exército Federal dos EUA, durante a Guerra Civil Americana
Artilharia de campanha: peça de 12 libras e artilheiros a cavalo do Exército Britânico, no final do século XIX
Artilharia ferroviária: peça de 320 mm montada sobre um vagão ferroviário do Exército Francês, durante a Primeira Guerra Mundial
Artilharia antiaérea: peça de 7,5 cm Krupp num reparo antiaéreo montado num camião do Exército Alemão, durante a Primeira Guerra Mundial
Artilharia naval: torre tripla com peças de 460 mm do couraçado Yamato da Marinha Imperial Japonesa, durante a Segunda Guerra Mundial
Artilharia estratégica: lançamento de mísseis balísticos MGM-31 Pershing do Exército dos EUA, na década de 1960
Artilharia de campanha: sistema de artilharia aupropulsada de 155 mm ARCHER do Exército Sueco

A origem etimológica da palavra "artilharia" é bastante confusa, tendo-se desenvolvido diversas teorias para a explicar. Uma das hipóteses mais plausíveis é a de que poderia ter origem na palavra latina "artillus" que significa "engenho".

A neurobalística

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Ver artigo principal: Neurobalística

Na Antiguidade, os projéteis eram projetados mecanicamente, inicialmente por arremesso e, posteriormente, pela energia obtida pelo tensionamento de cordas e arcos. Armas que disparam projéteis, como a funda, a besta e o arco e flecha, são empregadas contra indivíduos. Já o papel da artilharia é atingir alvos como muralhas ou grupos de indivíduos da infantaria ou cavalaria inimiga. Para esse fim foram desenvolvidas e aperfeiçoadas armas como as catapultas, capazes de arremessar pedras ou dardos.

As peças de artilharia mais antigas que se conhecem foram inventadas pelos antigos Gregos e eram o gastraphetes - datado de cerca de 400 a.C., constituía um poderoso arco e flecha, que usava o método mecânico de retesar a corda e podia ser transportado por uma pessoa - e o oxibeles - datado de cerca de 375 a.C., que tinha a sua corda retesada por alavancas.

O aperfeiçoamento do oxibeles trouxe um desenvolvimento tecnológico importante: a torção de cordas como fonte de energia. Armas empregando a torção passam a ser chamadas de "katapeltes", de onde vem a palavra "catapulta". A lithobolos, de 335 a.C., é uma catapulta que lança pedras em vez de dardos.

Os Romanos aperfeiçoaram o arsenal grego, com mudanças na disposição dos braços e da torcedura das cordas garantindo maior alcance às catapultas. Os petardos passam a atingir um alvo a 800 metros. As catapultas romanas mais comuns são a balista - que dispara pedras - e o scorpio - que arremessa dardos. Um onagro, do período de 200 a.C., pode disparar uma pedra de 80 quilogramas e requer de oito homens para ser armado.

A artilharia desenvolveu-se notavelmente com a invenção do trabuco na China, entre os séculos V a.C. e III a.C.. No Ocidente, no século VI d.C., substituiu as catapultas de torção. O trabuco usa a força da gravidade, através de um contrapeso para lançar projéteis de até uma tonelada.

A partir do século XV, a neurobalística foi sendo substituída pela pirobalística, à medida que está se foi desenvolvendo e generalizando. No entanto, a neurobalística continuou em uso limitado até à atualidade, ainda sendo utilizada ocasionalmente, através do emprego de engenhos improvisados para lançamento à distância de projéteis, normalmente explosivos ou incendiários. Por exemplo, já no século XX, foram usadas catapultas improvisadas para lançamento de granadas de mão no combate nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial e na defesa de aquartelamentos fortificados durante a Guerra Colonial Portuguesa.

A pirobalística

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A invenção da pólvora pelos Chineses - bem como a invenção do canhão, outro artefacto estreitamente ligado àquela - constituiria o próximo marco que revolucionária o desenvolvimento da artilharia e que acabaria por a tornar no que ela hoje é. O primeiro registo do uso de artilharia em combate, usando a pólvora como propulsor, deu-se a 28 de janeiro de 1132, quando o general chinês Han Shizhong da Dinastia Song utilizou o huochong - pequena boca de fogo tubular, feita inicialmente de bambu - para capturar uma cidade na província de Fujian. Esta pequena e arcaica arma difundiu-se pelo Médio Oriente - onde era conhecida por "madfa" - e chegou à Europa, em número muito limitado, no século XIII.

Na Europa, existem várias referências ao uso de bocas de fogo primitivas pelos Árabes da Península Ibérica, durante o século XIV. Sabe-se que os Árabes as utilizaram no cerco de Baza e que o exército do Rei Afonso XI de Castela as utilizou em 1312, durante o cerco de Algeciras. A artilharia também é referida, nessa época, numa obra sobre os oficiais do Rei de Inglaterra. Em todos estes casos, são descritos uma espécie de potes de ferro que disparavam bolas de pedra e grandes flechas. Na Batalha de Crécy, travada em 1346 entre os Ingleses e Franceses há evidências do uso de uma boca de fogo que empregava bolas de pedra como munição.

Em 1381, durante as guerras fernandinas, regista-se talvez uma das primeiras utilizações da artilharia de costa, quando as tropas do Rei D. Fernando I de Portugal, disparam bocas de fogo (conhecidas por "trons") contra a esquadra naval castelhana que tentava atacar Lisboa.

As bocas de fogo fabricadas nessa época eram fundidas em bronze ou em ferro, estas últimas utilizando uma técnica parecida à da fabricação de barris, juntando-se lâminas de ferro em brasa, à volta das quais eram colocados aros de reforço e colocada uma grossa culatra na parte posterior. Estas bocas de fogo eram relativamente perigosas, já que, ao serem submetidas a grandes pressões internas, tendiam a explodir ferindo ou mesmo matando os seus serventes. Para disparar uma boca de fogo, era necessário primeiro enfiar pela sua boca uma haste com uma esponja húmida na ponta para apagar possíveis restos que ficassem do disparo anterior, a seguir introduzir a pólvora comprimindo-a com um soquete, depois introduzir a bala, voltando a comprimir-se todo o conjunto. Na parte traseira da arma havia um orifício, conhecido por "ouvido", pelo qual se introduzia uma pequena quantidade de pólvora à qual se aplicava uma mecha que era incendiada para provocar a deflagração que originava o disparo da bala. O retrocesso devido ao disparo, provocava o recuo da boca de fogo em vários metros, a seguir ao qual, os serventes deviam colocá-la de novo em posição. O alcance máximo eficaz era de um ou dois quilômetros.

Por esta altura existiam inúmeros tipos de bocas de fogo, de onde se destacam a bombarda e o falconete. A bombarda consistia num tubo amarrado a um simples reparo de madeira, que se apontava através de um rudimentar dispositivo elevador, que era regulado através da colocação de cunhas de madeira. O falconete era uma boca de fogo ligeira, normalmente montado numa espécie de forquilha de ferro fixa a uma muralha ou à borda de uma embarcação, a qual dispunha de uma barra na sua traseira, que era utilizada para apontar a arma. O falconete era uma variante, ligeiramente menor, do falcão. Uma inovação importante foi a dos munhões, que consistiam numa espécie de eixos cilíndricos em cada lado da boca de fogo, que encaixavam no reparo, permitindo facilmente alterar o ângulo de elevação da arma.

A artilharia do Renascimento

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No século XVI, surge a colubrina, desenvolvida a partir da bombarda. A colubrina era uma boca de fogo com um comprimento de cerca de 30 vezes o seu calibre, montada sobre um reparo com duas grandes rodas para facilitar o seu deslocamento. A sua elevada mobilidade, torna-a numa das primeiras peças de artilharia de campanha.

Também, por esta altura, os Portugueses iniciam a instalação bocas de fogo em larga escala a bordo dos seus navios, desenvolvendo definitivamente a artilharia naval. A partir de então, a tática do combate naval é completamente alterada. A abordagem é substituída pelo duelo de artilharia. A superioridade da sua artilharia naval permite aos Portugueses derrotar forças numericamente muito superiores, permitindo-lhes obter o domínio dos mares do Oriente e conquistar um grande número de possessões na Ásia. Um dos expoentes máximos de plataforma de artilharia naval desta época é o galeão português Galeão Botafogo lançado por volta de 1534, com 1 000 toneladas de deslocamento e armado com 366 bocas de fogo de bronze, o que lhe dava um tal poder de fogo que ficou conhecido pelo "Botafogo".

Por esta altura, o imperador Carlos V, tenta, pela primeira vez na Europa, padronizar os calibres das bocas de fogo dos seus exércitos - para acabar com os problemas logísticos causados pelas dificuldades em fabricar e abastecer armas e munições totalmente distintas - e estabelece sete modelos de calibre entre 3 e 40 libras - o calibre media-se pelo peso do projétil, prática que se manteve até ao final do século XIX, na maioria dos exércitos. Os outros exércitos europeus seguem o seu exemplo, ainda que se mantenham em uso calibres não regulamentares durante muito tempo.

No início do século XVII, as bocas de fogo estão genericamente classificadas, de acordo com o seu calibre, em falconetes (1,25 lb), sacres (5,25 lb), meias-colubrinas (9 lb), colubrinas (15 lb), meios-canhões (27 lb) e canhões (47 lb). O termo "canhão", contudo, generaliza-se para designar todos os tipos de bocas de fogo, com os outros a caírem em desuso. Com o mesmo significado também é utilizado o termo "peça de artilharia" ou simplesmente "peça". Neste século aparece um novo tipo de boca de fogo, o morteiro, projetado para fazer tiro contra objetivos abrigados.

Assim, no final do século XVII, a classificação das bocas de fogo resume-se a dois tipos principais: os canhões e os morteiros. O canhão ou peça é, portanto, uma boca de fogo de comprimento elevado em relação ao seu calibre (30 vezes ou mais) projetado para disparar contra objetivos que estejam à vista dos artilheiros, numa trajetória quase plana conhecida por "tiro direto" ou "tiro tenso". Os canhões disparavam granadas - munições ocas cheias de explosivo - ou balas - munições maciças não explosivas. Já o morteiro, consistia numa boca de fogo curta e de grande calibre, cujos munhões se situavam junto à culatra, o que lhe permitia ter inclinações de 45º a 90º para fazer tiro curvo sobre objetivos fora da vista dos artilheiros, abrigados atrás de muralhas ou de elevações do terreno. Os morteiros disparam munições explosivas conhecidas por "bombas". Devido à sua escassa mobilidade, a artilharia é, essencialmente, uma arma de sítio ou uma arma naval. Geralmente, as bocas de fogo continuam a ser fundidas em bronze.

O desenvolvimento da artilharia de campanha

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Uma inovação importante da transição do século XVII para o XVIII foi o armão de artilharia. O armão é a combinação do reparo de uma peça com uma caixa de munições, montados em grandes rodas, tornando mais fácil o seu transporte a tiro de parelhas de cavalos. As peças de artilharia podem agora facilmente movidas no campo de batalha.

Outra inovação, desta vez na artilharia naval, foi a caronada. A caronada era um reparo de madeira com rodas pequenas, que permitia movimentar as peças na coberta de um navio.[carece de fontes?] Cada caronada possuía anilhas de ferro, por onde passavam amarras que fixavam a peça durante o disparo, impedindo-a de efetuar um recuo demasiadamente grande.

A mobilidade das bocas de fogo leva à generalização da artilharia de campanha no século XVIII. A sua função é a de eliminar a infantaria e a cavalaria inimiga e, mais tarde, a de eliminar a própria artilharia inimiga, num tipo de ação que ficará conhecida como "fogo de contrabateria".

Antes das Guerras Napoleónicas, generaliza-se o uso do obus, um novo tipo de boca de fogo, que tinha já sido inicialmente desenvolvida no final do século XVII. O obus era um tipo de boca de fogo intermédio entre a peça e o morteiro. Era curto e de calibre elevado como o morteiro, mas tinha os munhões a meio do comprimento como as peças. O obus destina-se a fazer tiro indireto contra objetivos encobertos, mas com inclinações inferiores às do morteiro (até 45º), o que lhe dava maior alcance.

Por esta altura, a artilharia de campanha da maioria dos exércitos europeus organiza-se em unidades táticas elementares que incluem, normalmente, seis bocas de fogo (tipicamente, cinco peças e um obus), com as respetivas guarnições, munições e transportes, sob o comando de um capitão. Inicialmente chamadas "companhias" como na infantaria, essas unidades passarão a ser designadas "brigadas" nos exércitos Britânico e Português durante as Guerras Napoleónicas. Nessa altura, as posições onde as brigadas ou companhias de artilharia são instaladas são designadas "baterias" termo que, pouco depois, passa a ser aplicado às próprias unidades elementares de artilharia.

Começa-se também a praticar a estriagem das almas das bocas de fogo o que melhora a sua precisão, mas que lhes encurta bastante o tempo de vida, no caso das de bronze. Para superar o problema do desgaste, as bocas de fogo estriadas passam a ser fundidas em ferro, sendo reforçadas atrás dos munhões, por um segundo anel de fundição, que duplica a grossura da zona. Isto não evita, contudo, que continuem a acontecer acidentes. O alcance máximo eficaz das bocas de fogo maiores não passa dos quatro quilómetros.

Também aparecem as primeiras munições de formato cilindrocónico e as espoletas de contacto que permitem dispara munições explosivas com maior segurança.

No final do século XVIII, a engenharia militar - até então, tradicionalmente ligada à artilharia - torna-se numa arma autónoma na maioria dos exércitos.

Depois das Guerras Napoleónicas, sobretudo a partir de meados do século XIX, a artilharia experimenta uma revolução graças às técnicas modernas da fundição do aço que permitem, por um lado fabricar tubos estriados em aço - melhorando a resistência das bocas de fogo - e por outro, substituir os obsoletos armões de madeira por novos reparos em aço laminado, muito mais resistentes.

Além disso, graças à resistência dos novos materiais, é possível o desenvolvimento de culatras móveis, permitindo o recarregamento pela culatra. A munição aparece já encapsulada, com o projétil e a carga propulsora a formarem um único elemento. A artilharia de campanha atinge já alcances na ordem dos 10 km.

No final do século XIX, aparecem as primeiras metralhadoras modernas, que, em vários exércitos, são inicialmente consideradas parte da artilharia, organizando-se como ela e adoptando-se táticas semelhantes para o seu empenhamento. Mais tarde, as metralhadoras irão passar para a infantaria e para a cavalaria.

Finalmente, em 1897 aparece o famoso canhão francês de 75 mm de tiro rápido, a primeira peça com o recuo controlado por um sistema de recuperação hidráulica, que o coloca automaticamente de novo em posição depois do disparo - trabalho que antes era feito manualmente, de forma lenta - permitindo, assim, elevadas cadências de tiro. O canhão de 75 mm de tiro rápido é a primeira boca de fogo moderna da história.

Primeira Guerra Mundial

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Na Primeira Guerra Mundial, graças ao controle do recuo e ao aperfeiçoamento das cargas propulsoras, são realizados bombardeamentos a distâncias superiores a 20 km. É desenvolvida a artilharia ferroviária, com a montagem de enormes peças navais em vagões e com o desenvolvimento de peças ferroviárias especiais de grande calibre que podem bombardear cidades a mais de 100 km de distância. O desgaste destas peças é, no entanto, enorme, havendo a necessidade de uma mudança frequente do seu tubo. O desenvolvimento das munições explosivas, de fragmentação, incendiárias e outras permite uma potência de fogo nunca antes vista, transformando o campo de batalha num terreno lamacento onde a infantaria fica atolada.

O aperfeiçoamento dos sistemas de comando, de controlo, de comunicações e da topografia, permite a generalização do tiro indireto. Passam a ser empregues observadores colocados em posições avançadas que lhes permitem observar o objetivo e que, por telefone orientam a artilharia, corrigindo o seu tiro.

Na artilharia ligeira e média, deixa de haver uma diferenciação clara entre os obuses e as peças. Tecnicamente, as bocas de fogo passam a ser peças-obuses, uma vez que permitem disparar com ângulos entre os 0º e os 90º, desempenhando as funções anteriormente atribuídas separadamente aos obuses e às peças. De observar que os exércitos raramente empregam o termo "peça-obus", continuando, por tradição, a designar aquelas bocas de fogo como "peças" ou como "obuses".

Já na artilharia pesada, as bocas de fogo mantêm a ter as caraterísticas de puros obuses, realizando apenas tiro indireto.

As puras peças de artilharia continuarão sim, no uso naval, aumentando de potência e de calibre - que chegará aos 460 mm nas peças do couraçado japonês Yamato da Segunda Guerra Mundial - capazes de disparar projéteis de quase uma tonelada a quase 40 km de distância. Algumas dessas peças navais de grande calibre serão, inclusive, usadas pela artilharia terrestre, montadas em vagões ferroviários ou em fortificações costeiras.

O desenvolvimento da aviação militar leva ao nascimento da artilharia antiaérea, equipada primeiro com metralhadoras montadas em reparos especiais que permitem elevados ângulos de tiro e, depois, com canhões antiaéreos especialmente desenvolvidos. Os canhões antiaéreos são armas que disparam munições com uma espoleta de tempos que se regula para explodir depois de percorrida uma determinada distância. Isto permite que, mesmo que o projétil não atinja diretamente a aeronave, exploda próxima da mesma, causando-lhe danos.

Na Primeira Guerra Mundial, surgem também os carros de combate que, nalguns exércitos integrarão inicialmente a artilharia, formando um ramo conhecido por "artilharia de assalto". Por outro lado, para combater os carros de combate surgem os canhões anticarro que têm como característica principal uma elevada velocidade de saída do projétil que lhe permite furar blindagens. Também, nalguns exércitos, as armas anticarro formarão, inicialmente, um ramo da artilharia conhecido por "artilharia anticarro".

A guerra de trincheiras em que se transformou a Frente Ocidental leva ao nascimento da chamada "artilharia de trincheira" constituída pelos novos morteiros de trincheira, origem dos modernos morteiros. Apesar de terem algumas semelhanças com os tradicionais morteiros usados até meados do século XIX - essencialmente por fazerem tiro indireto, com grande elevação - os novos morteiros de trincheira são agora bocas de fogo ligeiras constituídas por um tubo leve, assente numa placa metálica e apoiado num bipé. Os morteiros de trincheira acabaram por se tornarem numa das principais armas de apoio da infantaria, passando a ser conhecidos apenas por "morteiros". Só alguns morteiros mais pesados continuaram a ser empregues pela artilharia, já que as bocas de fogo pesadas com características semelhantes às dos antigos morteiros passaram a ser geralmente classificadas como "obuses".

Segunda Guerra Mundial

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Durante a Segunda Guerra Mundial desenvolve-se a artilharia autopropulsada que emprega peças e obuses montados em veículos blindados, normalmente sobre lagartas. Por outro lado, os Alemães e os Soviéticos também desenvolvem os canhões de assalto que consistem em peças montadas em chassis blindados que servem para acompanhar de perto as forças blindadas e a infantaria de assalto, destruindo, com tiro direto, a resistência inimiga.

Também os Alemães e, especialmente, os Soviéticos desenvolvem a artilharia de saturação de área, integrando sistemas de lançamento múltiplo de foguetes. Os lança-foguetes soviéticos (conhecidos como "Katyusha" ou como "Órgãos de Estaline") são montados em camiões, o que lhes permite entrar rapidamente em posição, disparar e retirar para um abrigo antes do inimigo fazer fogo de contrabateria. O modelo BM-13 do Katyusha tem capacidade para disparar 16 foguetes de 132 mm, quase instantaneamente. Uma bateria de quatro BM-13 poderia disparar uma salva de foguetes em menos de 10 segundos, batendo uma área de quatro hectares com mais de quatro toneladas de alto explosivo.

No final da Segunda Guerra Mundial nasce também a "artilharia estratégica" com o desenvolvimento, pelos Alemães, das bombas voadoras V-1 e V-2, os primeiros modelos do que viriam a classificados como mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos. Lançadas a partir de bases na Europa continental, as V-1 e as V-2 seriam lançadas contra alvos estratégicos aliados como Londres.

Depois da Segunda Guerra Mundial e até à atualidade, uma das principais inovações foi a introdução de computadores para calcular rapidamente a trajetória, reduzindo a prática antiga de efetuar vários disparos prévios para permitir a correção do tiro feita por observadores avançados. Busca-se uma cada vez maior precisão de tiro, que permite, por um lado a redução do desperdício de munições que não atingem o alvo e, por outro lado, a redução dos danos colaterais.

O aperfeiçoamento do projeto do equipamento de artilharia e dos materiais por eles utilizados permite desenvolver tubos de duração mais longa e reparos mais eficientes em termos da movimentação das armas.

Armamento da artilharia

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Os três tipos tradicionais de bocas de fogo de artilharia são as peças, os obuses e os morteiros. Durante o século XX, as características das peças e dos obuses, bem como as suas funções, foram-se fundindo, o que acabou por fazer com que a distinção entre os dois tipos de boca de fogo deixasse de ter, tecnicamente, sentido, sendo mantida artificialmente sobretudo por razões históricas. No século XXI, são raras as verdadeiras peças com calibres superiores a 60 mm, as quais, normalmente já não são usadas pela artilharia de campanha, sendo os seus principais utilizadores os carros de combate, a artilharia naval, a artilharia antiaérea e a artilharia de costa.

A definição tradicional estabelece três critérios principais para diferenciar entre peças e obuses, nomeadamente a capacidade máxima de elevação (bastante inferior ou próxima de 45º), o número de cargas propulsoras (uma ou mais) e a velocidade de saída do projétil (definida, frequentemente, pelo comprimento do tubo). Estes três critérios dão origem a oito possíveis combinações, das quais apenas duas correspondem às peças e aos obuses puros.

Além das tradicionais bocas de fogo, a artilharia moderna também emprega foguetes e mísseis.

Peça francesa de 75 mm de Tiro Rápido, utilizado em uma cerimônia pelo exército dos Estados Unidos.
Obus austro-húngaro de 15 cm Skoda, modelo de 1914.
Peça-obus britânica de 105 mm M119
Morteiro israelita de 160 mm Soltam M-66
Sistema brasileiro ASTROS II, disparando foguetes de 127 mm SS-30
Míssil antinavio norte-americano AGM-84 Harpoon
Ver artigo principal: Peça de artilharia

As puras peças caracterizam-se por terem um alcance superior, por permitirem uma elevação máxima bastante inferior a 45º, por terem uma elevada velocidade de saída do projétil (o que implica um tubo relativamente comprido) e por usarem uma única carga propulsora. A última característica levou à utilização de uma munição onde o projétil e a carga propulsora estão unidos, formando um único elemento. Não existe uma velocidade de saída ou comprimento do tubo mínimos associados a uma peça, com aceitação generalizada, ainda que no último caso fosse tradicional considerar-se um comprimento de 30 calibres (ou seja, um comprimento do tubo 30 vezes superior ao diâmetro da boca da arma).

De observar que, como sinónimo de "peça", é usado muitas vezes o termo "canhão", ainda que, modernamente só se o use para designar algumas bocas de fogo automáticas de pequeno calibre (canhões automáticos) e bocas de fogo anticarro sem recuo (canhões sem recuo). No entanto, noutros casos, o termo "canhão" é utilizado como designação genérica das bocas de fogo, incluindo, além das peças, também os obuses e às vezes, mesmo os morteiros.

Ver artigo principal: Obus

Os obuses (também designados "obuseiros") são bocas de fogo que podem disparar com elevações aproximadas entre os 45º e os 70º. Podem utilizar também vários tipos e quantidades de cargas propulsoras, o que permite que o alcance possa variar dentro da mesma elevação de tiro, consoante as cargas escolhidas. Normalmente, os obuses têm tubos mais curtos que as peças e, consequentemente, menores velocidades de saída dos seus projéteis. Isto significa que podem entregar um projétil num objetivo com um acentuado ângulo de descida. De observar, no entanto, que os modernos obuses têm tubos mais compridos e velocidades de saída maiores que as peças usadas até à primeira metade do século XX. Devido à sua capacidade de uso de múltiplas cargas propulsoras, a sua munição é, frequentemente separada em vários elementos, com o projétil a ser carregado separadamente das cargas.

Peças-obuses

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Dos três critérios acima referidos, sobram seis possibilidades de combinações, que podem dar origem a tipos híbridos de bocas de fogo, ocasionalmente referidas como "peças-obuses". Este termo foi usado, inicialmente, durante a década de 1930, altura em que foram introduzidos obuses com velocidades de saída relativamente elevadas. Contudo, o termo "peça-obus" não foi amplamente aceite, com a maioria dos exércitos a optar entre o de "peça" e o de "obus" para classificar aquele tipo de boca de fogo. Por altura da década de 1960, a maioria das bocas de fogo de artilharia era híbrida, com elevações máximas até 70º, utilizando cargas múltiplas, com elevadas velocidades de saída e com tubos relativamente longos.

Ver artigo principal: Morteiro

Os morteiros são bocas de fogo de cano curto que disparam, normalmente, com uma elevação superior a 45º.

Até ao início do século XX, o morteiro era uma boca de fogo pesada, de grande calibre, com um tubo curto e com os munhões colocados junto à culatra, o que lhe permitia elevações máximas de tiro ainda superiores às dos obuses da época. Sendo armas muito pesadas e de difícil movimentação, eram utilizados sobretudo em operações de sítio, tanto do lado dos sitiantes como dos sitiados. Por alturas do início da Primeira Guerra Mundial, as características dos morteiros tinham-se aproximado das dos obuses, sendo já difícil distinguir entre uns e outros. Por exemplo, os Alemães e os Autro-Húngaros classificavam como morteiros as suas bocas de fogo superpesadas, de cano curto e de elevado ângulo de tiro, enquanto outros exércitos já não usavam aquele termo, classificando as armas equivalentes como obuses.

Por essa altura, a estabilização da Frente Ocidental, transformando-se em guerra de trincheiras, levou ao aparecimento de um tipo de boca de fogo ligeira, que disparava com grandes elevações - podendo, assim bater objetivos abrigados em trincheiras, a curta distância - que passou a ser conhecida como "morteiro de trincheira". O modelo de morteiro de trincheira que acabou por estabelecer o padrão geral foi o Stokes, que se caraterizava por ter um cano curto de alma lisa, baixa velocidade de saída, elevação máxima superior a 45º e um reparo simples e ligeiro que se limitava a uma base metálica assente no solo e, ocasionalmente, um bipé. A munição (integrando projétil e carga) era largada para dentro do cano pela boca, atingindo um percutor fixo, que provocava a deflagração e disparava o projétil. Com o abandono definitivo do termo "morteiro" para designar as bocas de fogo superpesadas, essa designação passou a ser aplicada exclusivamente aos anteriores morteiros de trincheira, origem direta dos modernos morteiros.

Desde então, alguns tipos de morteiros, ainda que mantenham a maioria das caraterísticas originais, têm sofrido alguns aperfeiçoamentos, como o estriamento da alma e o carregamento pela culatra. Atualmente, o morteiro é essencialmente empregue diretamente pela infantaria e pelos elementos de apoio das unidades de carros de combate. A artilharia já só emprega morteiros pesados e, mesmo estes, apenas em casos especiais.

Ver artigo principal: Foguete

Os foguetes são uma das novas armas empregues pela artilharia, consistindo em projéteis explosivos autopropulsados, normalmente disparados em salvas, a partir de sistemas de lançamento múltiplo.

O uso de foguetes como armas de artilharia tem origem na China medieval, expandindo-se, depois pelo Oriente. Os foguetes chineses eram uma espécie de flechas de fogo, disparadas a partir de sistemas de lançamento múltiplo que causavam, essencialmente, um efeito psicológico. O uso inicial de foguetes na Europa foi feito pelos invasores mongóis e, mais tarde, pelos otomanos. Já no final do século XVIII, os Indianos usaram um tipo de foguete baseado num cilindro metálico de ferro contra as forças britânicas. Os próprios Britânicos copiaram aquele tipo de foguete e empregaram-no durante as guerras napoleónicas.

Os modernos foguetes de artilharia têm, contudo, origem nos sistemas de lançamento múltiplo desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial, pelos Alemães (os Nebelwerfer) e pelos Soviéticos (os Katyusha). Essencialmente, são constituídos por múltiplos tubos de lançamento, cada um dos quais é carregado com um foguete. Os sistemas permitem um disparo de todos os foguetes em poucos segundos, podendo saturar uma área com uma grande quantidade de projeteis explosivos. Apesar de existirem alguns sistemas rebocados, a maioria dos lançadores de foguetes está montada em veículos - alguns deles blindados - o que lhes permite entrar rapidamente em posição e retirar após o disparo para evitar o fogo de contrabateria.

Ver artigo principal: Míssil

O míssil é um aperfeiçoamento do foguete, distinguindo-se deste, essencialmente por poder ser guiado durante a sua trajetória de voo, o que permite a correção desta já depois do lançamento. Os primeiros verdadeiros mísseis foram as bombas voadoras alemãs V-1 e V-2, desenvolvidas durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje em dia, existem inúmeros tipos de mísseis, desde o míssil ligeiro anticarro com um alcance limitado a algumas centenas de metros até ao míssil balístico intercontinental com um alcance superior a 5 mil km.

Os mísseis em uso pela artilharia dividem-se em dois tipos principais: os superfície-superfície e os superfície-ar. O primeiro tipo inclui os mísseis balísticos, os mísseis de cruzeiro, os mísseis antinavio e os mísseis anticarro. O segundo tipo inclui os mísseis antiaéreos e os mísseis antibalísticos.

Os sistemas de lançamento de mísseis também variam, existindo desde os sistemas portáteis de lançamento, passando pelos sistemas montados em veículos, até aos silos subterrâneos instalados em bases fixas.

Munições de artilharia

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Balas de ferro de artilharia do início do século XIX
Projéteis de artilharia da Primeira Guerra Mundial. Da esquerda para a direita, em corte: granada de metralha de 90 mm, granada incendiária de 120 mm, granada explosiva de 75 mm e granada de metralha de 75 mm
Munições de peça de 120 mm. Da esquerda para a direita: perfurante de blindagem estabilizada (APFS), corte de munição APFS, antipessoal e de alto-explosivo anticarro (HEAT)
Granada de precisão autoguiada de 155 mm XM982

A entrega das munições no objetivo é a razão da existência da artilharia. Além de serem a razão de ser da artilharia, as munições são o seu principal consumível e o seu fornecimento constituiu, hoje em dia, uma das principais funções da logística dos exércitos em campanha.

As munições de artilharia consistem em dois elementos principais: o projétil e a carga propulsora. No caso das munições das bocas de fogo, o projétil e a carga propulsora separam-se no momento do disparo. No caso dos foguetes e dos mísseis, o projétil incorpora próprio propelente que o acompanha depois do disparo.

Ver artigo principal: Projétil balístico

O projétil é a componente da munição que é disparada contra o objetivo.

Os primeiros projéteis de artilharia consistiam em pedras maciças de formato esférico, conhecidas por "pelouros". Mais tarde, passaram a ser de ferro maciço e a ser também conhecidas como "balas". Estes projéteis atuavam através da energia cinética, causando um efeito devastador, que era mantido mesmo que fizessem ricochete.

Posteriormente, foram desenvolvidos projéteis ocos, contendo uma carga explosiva no seu interior, conhecidos por "granadas". Certos projéteis ocos explosivos de morteiro, eram conhecidos por "bombas". As granadas e as bombas necessitavam de um artifício que definia o momento em que o projétil deveria explodir, sendo inicialmente utilizados fusos e, posteriormente, espoletas.

Além dos projéteis maciços e explosivos, foram desenvolvidos outros tipos projetados para funções específicas. Um exemplo de projéteis especiais eram as balas de cadeia (consistindo em duas balas unidas por uma cadeia de ferro, úteis para destruir o velame dos navios e para dizimar a cavalaria) e outro exemplo eram lanternetas e outros projéteis de metralha (consistindo num projétil oco cheio de balas ou de fragmentos de ferro, útil para dizimar a infantaria).

Em meados do século XIX, os projéteis deixam de ser esféricos e passam a ser ogivais, o que - associado à estriagem das almas das armas - os tornou mais estáveis e precisos. Por outro lado, a maioria das munições de artilharia passa a consistir em um único elemento, que incorpora o projétil e a caixa da carga propulsora.

Já no século XX foi generalizada a utilização de foguetes e de mísseis, que consistem em projéteis que incorporam o próprio propelente, que vai sendo gasto à medida que se deslocam para o objetivo. Algumas granadas de artilharia também são dotadas de foguetes auxiliares, que lhes permitem obter maiores alcances.

Hoje em dia, as munições de artilharia consistem essencialmente em granadas compostas por:

  1. Corpo da granada: componente oca, no interior da qual é colocada a carga. A carga pode ser explosiva convencional, incendiária, química, de iluminação, nuclear ou outra;
  2. Espoleta: artifício que despoleta a carga existente no corpo da granada. Conforme o tipo de ativação, as espoletas podem ser de impacto (despoletam quando contactam com o objetivo), de tempos (despoletam ao fim de um certo tempo pré-programado) ou de proximidade (despoletam a uma certa distância pré-programada do objetivo).

Além disso, continuam a ser utilizados alguns projéteis maciços, não explosivos, que atuam através da elevada energia cinética. Este tipo de projétil é, normalmente, disparado por canhões automáticos de pequeno calibre.

Carga propulsora

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Todas as munições de artilharia necessitam de um propelente para impelir o projétil até ao objetivo. No caso das munições das bocas de fogo, o propelente consiste sempre numa carga propulsora de baixo poder explosivo (deflagra em vez de detonar como os alto explosivos). A deflagração da carga propulsora no interior da câmara da boca de fogo, provoca uma geração rápida de gás cuja alta pressão faz acelerar o projétil no interior do tubo, até sair pela boca do mesmo. A deflagração da carga propulsora é por sua vez desencadeada pela escorva, um artifício de ignição.

Os foguetes e os mísseis não usam cargas propulsoras. Neste caso, o propelente é um combustível, normalmente sólido, que acompanha o projétil na sua trajetória, sendo consumido à medida que a mesma é percorrida.

Até meados do século XIX, a carga propulsora consistia em pólvora solta colocada na câmara da boca de fogo. Hoje em dia, na maioria das munições, a carga propulsora está contida numa caixa unida ao projétil, em cuja base está colocada a escorva. Ao deflagrar a carga propulsora, o projétil separa-se, normalmente, da caixa daquela, que é posteriormente ejetada da arma. No entanto, nas munições de morteiros, a caixa da carga propulsora é projetada juntamente com o projétil. Nalguns obuses, continuam a ser utilizadas cargas propulsoras contidas em elementos separados do projétil, permitindo a colocação de duas ou mais para aumentar o alcance do tiro.

As munições das bocas de fogo são medidas e classificadas pelo seu calibre. O calibre da munição utilizada também classifica a própria arma que a dispara. Além disso, o calibre de uma boca de fogo constitui a unidade de medida utilizada para medir o comprimento do seu tubo.

No passado, utilizou-se como medida de calibre o peso do projétil em libras. O peso de pólvora a utilizar como carga propulsora de um determinado projétil era, normalmente, igual ao peso do calibre daquele. Na segunda metade do século XIX, este sistema de medição do calibre caiu em desuso, na maior parte dos países. No entanto, foi mantido até recentemente em algumas bocas de fogo e munições de origem britânica.

No século XVIII, foi introduzido o sistema em que o calibre era definido, não pelo peso do projétil, mas sim pelo seu diâmetro, que correspondia aproximadamente ao diâmetro da alma da boca de fogo que o disparava. Sendo aplicado, inicialmente ao calibre dos obuses e das suas munições, a partir do final do século XIX este sistema generalizou-se a todas as bocas de fogo. Inicialmente, a medida dos calibres era feita em polegadas, unidade de medida que ainda é usada, em casos limitados, nos países de língua inglesa. Nos países que adoptaram o sistema métrico, a medida passou a ser feita com unidades de medida deste. Normalmente usava-se o centímetro para calibres a partir de 7 cm e o milímetro para calibres inferiores. Depois da Segunda Guerra Mundial, passou a usar-se o milímetro em todos os calibres.

De observar que, antes da generalização das bocas de fogo de carregamento pela culatra e com tubos de alma estriada, a medida do diâmetro da munição era ligeiramente inferior à do diâmetro da alma da arma, com o fim de evitar que o projétil ficasse encravado no seu interior. Essa diferença era conhecida por "vento".

O moderno sistema de artilharia

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Uso de um telémetro óptico do Exército Alemão, durante a Segunda Guerra Mundial
Projetores de artilharia antiaérea do Exército Sueco, em 1939
Aparelho de pontaria de uma antiga peça de 25 libras do Exército Canadiano
Designador laser de artilharia AN/TVQ-2 do Exército Turco
Radar de artilharia antiaérea EL-M-2310 Shilem das Forças de Defesa de Israel
Helicóptero de observação e designação de objetivos OH-58 Kiowa do Exército dos EUA
Radar de contrabateria JMPQ-P7 da Força Terrestre de Autodefesa do Japão
Veículo aéreo não tripulado MQ-1C Warrior do Exército dos EUA
Preditor para o míssil superfície-ar RIM-7 Sea Sparrow da Marinha dos EUA
Posto de controlo e cálculo de tiro de uma unidade de tiro de foguetes ASTROS II do Exército da Arábia Saudita
Abastecimento de granadas de obus de 15 polegadas (375 mm) da Artilharia dos Marines britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial
Manutenção de um sistema de lançamento de mísseis MIM-104 Patriot do Exército dos EUA

Na atualidade, a artilharia realiza quase sempre tiro indireto contra objetivos fora do alcance visual das guarnições das armas. Por isso mesmo, hoje em dia, os armamentos são apenas um dos elementos de um complexo sistema de artilharia, cujo conjunto é necessário para bater eficazmente aqueles objetivos. Os elementos e funções principais deste sistema são os seguintes:

  1. Comunicações: ligação entre todos os elementos do sistema e entre este e o exterior;
  2. Comando: autoridade para atribuir recursos;
  3. Aquisição de objetivos: detecção, a identificação e a previsão da localização do objetivo;
  4. Controlo: autoridade para decidir quais os objetivos a bater e quais as unidades de tiro que o irão fazer;
  5. Cálculo de tiro: cálculo dos elementos necessários à execução do tiro com precisão;
  6. Unidades de tiro: armamentos de artilharia e respetivas guarnições;
  7. Serviços de especialidades: produção dos dados auxiliares necessários ao cálculo de tiro;
  8. Logística: abastecimento, sobretudo no que diz respeito a munições, e garantia do bom funcionamento dos equipamentos.

Em termos de organização e de localização espacial, estas funções podem estar dispostas de várias maneiras. Desde o desenvolvimento do tiro indireto moderno, as diferentes forças armadas têm-no feito de diversos modos. Nisso, a tecnologia é, frequentemente, o factor fundamental, mas também o são os aspetos sócio-militares, a relação entre a artilharia e as outras armas, os critérios pelos quais a eficiência e eficácia militares são julgados. O custo também é um factor importante, uma vez que a artilharia é dispendiosa graças à grande quantidade de munições que consome e ao elevado nível de especialidade do seu pessoal.

Comunicações

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As comunicações sustentam todo o sistema de artilharia, tendo que ser fiáveis e tendo que funcionar em tempo real de modo a ligar os diversos elementos do sistema. Durante o século XX, as comunicações empregaram uma série de meios que incluíram as bandeiras de sinais, a telegrafia Morse por fios, sem fios e por sinais de luzes, a telefonia por fios e sem fios e o teletipo. Hoje em dia, são sobretudo empregues as radiocomunicações, normalmente encriptadas, em HF ou VHF, por rádio ou satélite, normalmente integradas em redes táticas. A transmissão de dados informáticos tornou-se tão ou mais importante que a própria transmissão de mensagens de voz.

A emergência dos rádios móveis e portáteis a seguir à Primeira Guerra Mundial provocou um grande impacto na artilharia, uma vez que passou a permitir que os observadores de artilharia acompanhassem de perto a infantaria e os carros de combate, mantendo o contacto com as unidades de tiro. As operações tornaram-se assim muito mais móveis e rápidas. Na Segunda Guerra Mundial, muitas unidades de tiro já estavam equipadas com rádios, podendo receber novas instruções em tempo real, aumentando a sua flexibilidade em relação à situação anterior em que só podiam executar as instruções contidas nos planos de fogo previamente distribuídos.

As transmissões de dados podem ser especialmente importantes para a artilharia permitindo que as mensagens relativas ao controlo de tiro possam ser rapidamente encaminhadas e processadas por computadores, através do uso de tipos de dados e de mensagens estruturadas. Por exemplo, o elemento de aquisição de objetivos pode enviar uma mensagem com os dados do objetivo que é automaticamente encaminhada através dos elementos de controlo de tiro, entregando os dados de tiro ao sistema de pontaria da arma, que a aponta automaticamente. À medida que as redes táticas de dados se alastram, poderão dar a qualquer soldado a ela ligado, os meios de relatar informações sobre objetivos e solicitar fogo de artilharia.

O comando é a autoridade de poder distribuir recursos, neste caso, normalmente, de atribuir unidades de artilharia. A terminologia e as suas implicações variam amplamente, de acordo com as doutrinas das várias forças armadas. Contudo, no caso da artilharia de campanha e em termos gerais, as unidades de artilharia podem ser atribuídas em apoio direto ou em apoio geral.

No primeiro caso, a artilharia apoia diretamente as unidades de manobra (infantaria ou carros de combate) enquanto no segundo, a artilharia produz normalmente fogo em profundidade, especialmente fogo de contrabateria ou de interdição. Geralmente, as unidades de artilharia em apoio direto destacam equipas de observação e de ligação para junto das unidades apoiadas. As unidades de artilharia em apoio direto, sob certas circunstâncias, podem mesmo ser colocadas sob o comando da própria unidade apoiada.

As unidades de apoio geral estão normalmente subordinadas a grandes unidades de escalão superior ao da brigada, podendo mesmo, em alguns exércitos constituir grandes unidades de escalão brigada ou mesmo superior. As unidades de artilharia de apoio geral tendem a ser movidas para os locais onde poderão ser mais necessárias. O comando da artilharia pode impor prioridades e constrangimentos aos planos do comando das armas combinadas.

Aquisição de objetivos

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A aquisição de objetivos ou referenciação pode tomar várias formas. Geralmente consiste na observação em tempo real, mas pode resultar no produto de uma análise de dados. As equipas de observação de artilharia constituem o meio mais comum de aquisição de objetivos. Desde o desenvolvimento da aviação e do tiro indireto que os observadores aéreos e a imagem aérea, têm vindo a ter uma importância cada vez maior. A aquisição de objetivos também pode ser executada por qualquer elemento das tropas que possa obter informações sobre um objetivo e as possa enviar para o sistema de artilharia. O objetivo pode estar visível às tropas mais avançadas ou estar numa localização mais profunda, sendo invisível para elas.

Os modernos sistemas de aquisição de objetivos constituem dos equipamentos mais sofisticados existentes nas forças armadas e podem incluir:

  1. Equipamentos ópticos: incluindo os tradicionais binóculos, telémetros ópticos, miras telescópicas e teodolitos, bem como os modernos sistemas de visão nocturna;
  2. Sistemas de navegação e orientação: sistemas de geoposicionamento por satélite GPS, bússolas e goniómetros;
  3. Projetores: para iluminar os objetivos;
  4. Equipamentos de localização pelo som: empregados, sobretudo pela artilharia antiaérea até ao final da Segunda Guerra Mundial e, hoje em dia, utilizados para localização de artilharia inimiga;
  5. Radares: usados, inicialmente, pela artilharia antiaérea e naval, mas agora alargados ao uso na referenciação de objetivos terrestres;
  6. Sistemas de inteligência e de informações: incluindo a HUMINT (humana), a SIGINT (comunicações), a ELINT (eletrónica) e a IMINT (imagens);
  7. Veículos de observação: incluindo veículos terrestres, helicópteros e aviões ligeiros;
  8. Sistemas de laser: incluindo telémetros e designadores laser operados por equipas no solo ou por aeronaves, que orientam os projéteis guiados por laser até ao seu objetivo;
  9. Veículos aéreos não tripulados: o mais recente sistema de observação aérea.

O controlo de tiro é responsável pela designação dos objetivos a bater e pela atribuição das unidades de tiro aos vários objetivos. O controlo de tiro é vital quando um objetivo está ao alcance de várias unidades de tiro ou quando o número de unidades de tiro necessárias para o bater dependente da natureza do objetivo e das circunstâncias e finalidades do seu empenhamento. A designação dos objetivos tem como finalidade estabelecer as prioridades no uso das unidades de tiro sobre os diferentes objetivos, tentando resolver os dilemas de, por um lado, os objetivos importantes raramente serem urgentes e os objetivos urgentes raramente serem importantes e, por outro lado, o que é importante para o general comandante de uma grande unidade raramente coincide com o que é importante para o comandante de um pelotão de infantaria. A atribuição das unidades de tiro que devem bater um determinado objetivo ocupa-se da seleção das armas apropriadas, nas quantidades apropriadas para alcançar os efeitos desejados sobre esse objetivo.

Em termos gerais, existem duas situações: tiro contra alvos de oportunidade e tiro contra objetivos cujo empenhamento é previamente planeado como parte de uma determinada operação. Na última situação, o comando atribui unidades de tiro à operação e um planeador global traça um plano geral de fogos de artilharia, possivelmente delegando a realização dos planos de pormenor a outros planeadores subalternos. Os planos de fogos podem incluir meios não pertencentes à artilharia, como morteiros de infantaria e aeronaves de ataque ao solo.

O controle de tiro contra alvos de oportunidade constitui um importante diferenciador entre os diversos tipos de sistemas de artilharia. Em algumas forças armadas, apenas os comandos de artilharia dispõem da autoridade para ordenar às unidades de tiro que se empenhem contra um objetivo, sendo que todas as solicitações de apoio de fogo têm que ser dirigidas àquele comando. Esta autoridade pode também estender-se à decisão sobre o tipo e a quantidade de munições a serem empregues. Contudo, em outras forças armadas, a autoridade de ordenar o empenhamento contra determinado objetivo pode estar descentralizada e delegada, por exemplo, nas equipas de observadores avançados ou em outros elementos de aquisição de objetivos. Neste caso, por exemplo, a equipa de observação de uma bataria pode ordenar o empenhamento da sua própria bataria e pode ser, inclusivamente, autorizada a ordenar o empenhamento de todo o grupo de artilharia ou, mesmo, de vários grupos. Este é o caso, quando um comandante de artilharia divisionária autoriza determinados observadores a ordenar o empenhamento de toda a artilharia da divisão. Mesmo quando os observadores não estão autorizados a ordenar o empenhamento da artilharia, os mesmos podem ao menos solicitar esse empenhamento.

As forças armadas que empregam o controlo tático avançado geralmente colocam os oficiais de artilharia mais graduados em postos de comando avançado, muitas vezes colocados no mesmo local que o posto de comando da unidade apoiada. As forças armadas que não usam esta abordagem, tendem a colocar os oficiais mais graduados junto às armas. Em ambos os casos, os elementos de observação normalmente controlam pormenorizadamente o tiro contra o objetivo, regulando-o, movendo-o e coordenando-o com a unidade apoiada, de modo a alcançar o efeito desejado.

Cálculo do tiro

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Ver artigo principal: Balística, Tiro

Os elementos de tiro têm que ser calculados e constituem a chave do tiro indireto. Os elementos fundamentais são três: o ângulo de sítio, o azimute e o alcance. A estes podem ser acrescentadas a potência da carga propulsora e a regulação da espoleta. Antes da existência de computadores, o ângulo de sítio era regulado através do uso de miras ópticas que mecanicamente o corrigiam de acordo com a velocidade de saída da arma. Nos primeiros tempos do uso do tiro indireto, os elementos de tiro eram frequentemente calculados pelo observador avançado que regulava a queda dos projéteis até atingirem o objetivo.

Contudo, a necessidade de empenhamento contra objetivos durante a noite e em profundidade ou a necessidade de atingir o objetivo rapidamente, logo aos primeiros tiros, levou ao desenvolvimento da predição de tiro durante a Primeira Guerra Mundial. O tiro com predição coexistiu com os métodos antigos. Depois da Segunda Guerra Mundial, os métodos de predição passaram a ser sempre utilizados, mas a queda dos projéteis continuou a ter que ser ajustada, normalmente por causa da imprecisão da localização do objetivo, da proximidade de tropas amigas ou da necessidade de empenhamento contra um objetivo em movimento. Os erros de localização reduziram-se acentuadamente a partir do momento em que as equipas de observação avançada passaram a estar equipadas com telémetros laser e com modernos equipamentos de orientação e navegação.

No tiro com predição, os elementos geoespaciais básicos do ângulo de sítio e do azimute entre uma unidade de tiro e o seu objetivo são produzidos e corrigidos de acordo com várias variantes. Estas variantes incluem as que afetam a velocidade do projétil à saída do tubo (grau de utilização do tubo, a temperatura da carga propulsora e o peso do projétil) e as que afetam a trajetória de voo do projétil (temperatura e densidade do ar ambiente, velocidade do vento e rotação da Terra). O efeito global das variações também pode ser determinado pelo tiro contra um ponto preciso, previamente conhecido.

Todos estes cálculos para obter o ângulo de sítio e o azimute eram feitos manualmente por artilheiros altamente treinados, que usavam instrumentos, parâmetros tabelados, parâmetros do momento e aproximações até aos computadores táticos começarem a aparecer nas décadas de 1960 e de 1970. Enquanto alguns calculadores antigos copiavam o método manual (normalmente, substituindo polinómios por parâmetros tabelados), os computadores modernos usam uma abordagem diferente. Simulam a trajetória de voo de um projétil, dividindo-a em vários lanços pequenos, atribuindo os parâmetros das condições que afetam a trajetória em cada um desses lanços. Esta simulação é repetida até produzir o ângulo de sítio e o azimute que permitem colocar o projétil nas coordenadas do objetivo.

O cálculo de tiro é normalmente feito pelas batarias de tiro. Em alguns exércitos, contudo, o cálculo é feito ao nível dos grupos de artilharia. Os computadores permitiram a redução do número de pessoas necessárias para efetuar o cálculo, permitindo a sua descentralização para subunidades de escalão inferior como os pelotões e as secções. O cálculo realizado na própria arma, integrado com o seu sistema de disparo, também é possível, sendo feito inicialmente pelos sistemas de lançamento múltiplo de foguetes.

Unidades de tiro

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A unidade de tiro é o menor elemento de artilharia, consistindo num ou mais sistemas de armas, capazes de executar o tiro atribuído pelo controlo de tiro. Geralmente, a unidade de tiro é a bataria. No entanto divisões da bataria são comuns. Nalguns casos, as seis armas de uma bataria correspondem a seis unidades de tiro. As unidades de tiro podem ou não ocupar posições separadas. Geograficamente dispersas, as unidades de tiro podem ou não dispor de uma capacidade integral de cálculo de tiro.

Serviços de especialidades

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A artilharia dispõe de serviços de especialidades cuja função é a de fornecerem os dados necessários ao cálculo do tiro. Cada vez mais, estes serviços funcionam dentro das próprias unidades de tiro. Estes serviços incluem:

  1. Topografia: assegura a precisão na colocação e orientação das armas. Este serviço é assegurado por artilheiros com esta especialidade que, nalguns exércitos, são responsáveis não apenas pelo serviço de topografia para a artilharia, mas asseguram também os serviços de topografia, de cartografia e de geografia de todo o exército. A topografia também é essencial para os sistemas de aquisição de objetivos. Os métodos tradicionais de medidas e cálculos topográficos têm sido substituídos pela navegação e orientação inercial e pelo GPS;
  2. Meteorologia: fornece os dados relativos aos parâmetros que afetam a trajetória do projétil. Historicamente, este serviço era assegurado por especialistas colocados ao nível divisionário, mas os avanços na tecnologia fazem com que estes sejam atualmente parte da artilharia e colocados junto das unidades de tiro;
  3. Calibração: fornece os dados relativos à velocidade do projétil à saída do tubo. No passado, este serviço só poderia ser assegurado à retaguarda em instalações especiais. A partir da década de 1950, a introdução do radar Doppler, permitiu que essa medição pudesse ser feita pelas próprias unidades de tiro. Alguns exércitos têm, hoje em dia, um radar de medição da velocidade de saída do projétil adaptado a todas as suas bocas de fogo.

Serviços de logística

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Os serviços de logística da artilharia destinam-se a manter as unidades de tiro abastecidas com as munições e outros consumíveis necessários bem como a manter o bom funcionamento do seu armamento. No passado, estes serviços eram assegurados pela própria artilharia, mas hoje em dia, são normalmente assegurados por serviços independentes de material, alguns deles criados a partir da autonomização dos antigos serviços logísticos da artilharia. Os serviços de logística incluem:

  1. Munições: desde sempre que o abastecimento de munições para artilharia tem tido um peso muito importante na logística dos exércitos. Por essa razão, até à Segunda Guerra Mundial, em muitos exércitos, a artilharia era responsável pelo abastecimento das munições de todas as armas, uma vez que o peso das munições de armas ligeiras era quase irrelevante comparado ao das munições de artilharia. Os vários exércitos usam abordagens diferentes para o abastecimento de munições, que podem variar conforme a natureza das operações. As diferenças incluem os serviços logísticos de transferência de munições para a artilharia, a quantidade de munições transportada pelas unidades e a extensão das provisões mantidas ao nível das unidades de tiro e das batarias. Uma diferença chave é se o abastecimento é "empurrado" ou "puxado". No primeiro caso, a cadeia de abastecimentos envia permanentemente munições para as unidades a uma cadência fixa. No segundo caso, são as unidades que solicitam as munições de acordo com o seu consumo e com o nível de provisões existentes, que são normalmente variáveis e que obrigam, assim, a cadeia logística a lidar com excessos e faltas de procura.
  2. Armamento: o serviço de armamento assegura o bom funcionamento das armas da artilharia. A artilharia tem sido das armas dos exércitos em que o equipamento tem mais peso. Tradicionalmente, incluiu sempre os seus próprios artífices encarregues de manter e de reparar o seu equipamento. O peso do equipamento da artilharia no contexto de todo o exército, fez com que muitas vezes os artífices da artilharia assegurassem também a manutenção do equipamento das outras armas. No passado, além da manutenção, competia inclusivamente à artilharia, o fabrico do armamento. Sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, foram criados serviços independentes de material que hoje asseguram a manutenção do equipamento da artilharia, muitas vezes mantendo elementos em apoio direto junto das unidades da artilharia.

Classificação da artilharia

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A artilharia pode ser classificada segundo o seu emprego, segundo o calibre das suas armas, segundo o tipo de armas utilizado ou segundo a sua propulsão.

Segundo o emprego

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Artilharia de montanha: montagem de uma peça desmontável de montanha de 2,5 polegadas (62, 5 mm) RML do Exército Indiano, em 1895
Artilharia de trincheira: disparo de um morteiro de 220 mm De Bange do Exército Francês, durante a Primeira Guerra Mundial
Artilharia anticarro: canhão anticarro de 37 mm Pak 36 do Exército Alemão, durante a Segunda Guerra Mundial

O tipo de emprego da artilharia constitui o principal sistema para a sua classificação, tanto no passado como na atualidade.

Segundo estes sistemas, a artilharia pode ser classificada como:

  • Artilharia de sítio: artilharia destinada ao ataque a fortificações, normalmente empregando morteiros ou obuses pesados e superpesados de mobilidade reduzida;
  • Artilharia de guarnição, de praça ou de fortaleza: encarregue de guarnecer a artilharia das fortificações e outras defesas fixas. Como as suas bocas de fogo eram fixas, podiam ser muito maiores e mais potentes que as da artilharia de campanha. Em alguns casos, a sua vocação para a operação de bocas de fogo fixas de grande calibre levou a que lhe fossem atribuídas as responsabilidades pelo desempenho das funções de artilharia de sítio e de costa. Em outros casos, também competia à artilharia de guarnição manter as unidades de artilharia pesada de campanha, neste caso operando bocas de fogo móveis;
  • Artilharia de campanha: artilharia de grande mobilidade, vocacionada para acompanhar e prestar apoio direto às forças de manobra (infantaria, cavalaria e carros de combate) contra objetivos de superfície. Normalmente, constitui o ramo principal da artilharia dos vários exércitos. A artilharia de campanha emprega obuses, peças e morteiros;
  • Artilharia de costa: artilharia especializada na defesa dos portos e de outras zonas costeiras contra-ataques navais. Como normalmente, a artilharia de costa opera a partir de posições fixas, as suas bocas de fogo não necessitavam de ser móveis, podendo assim ser de grande calibre, dando-lhe um alcance e um poder de fogo muito superior ao da artilharia de campanha. Frequentemente, a artilharia de costa usava peças navais montadas em torres rotativas semelhantes às dos navios que tinham de combater, permitindo-lhes mais facilmente atingir alvos móveis. Também foi comum a instalação das peças de costa em vagões que podiam percorrer ferrovias ao longo da costa, deslocando-se para defender os pontos sujeitos a ataque naval. Por causa da vocação da artilharia de costa para a defesa de posições contra alvos móveis, foi a partir desta que se desenvolveu inicialmente a artilharia antiaérea. Hoje em dia, a artilharia de costa faz uso de mísseis antinavio, agora na maior parte das vezes instalados em reparos móveis;
  • Artilharia naval ou de marinha: inclui as peças instaladas a bordo dos navios de guerra e empregues no combate contra outros navios e no bombardeamento de objetivos em terra. Com o desenvolvimento da aviação miliar e dos submarinos, a artilharia naval também passou a ser empregue contra estas novas ameaças. Uma vez que estavam instaladas em posições fixas (relativamente ao navio), as peças navais puderam crescer muito mais em tamanho e potência do que as suas congéneres da artilharia móvel terrestre. Os couraçados, armados com peças navais de grande calibre, tornaram-se nas mais poderosas plataformas de artilharia do mundo que culminaram no couraçado japonês Yamato, armado com peças de 460 mm. As peças navais de grande calibre foram também empregues em terra, tanto na artilharia ferroviária como na artilharia de costa, esta última também considerada parte da artilharia naval quando era guarnecida por artilheiros da marinha. Em algumas operações anfíbias e coloniais era comum que peças navais de calibre mais reduzido fossem desembarcadas dos navios de guerra, juntamente com a sua guarnição naval, montadas em reparos terrestres e usadas como artilharia de campanha em apoio de forças de desembarque. Hoje em dia, a artilharia naval faz uso, sobretudo de mísseis superfície-superfície, mantendo também peças navais de dupla função antissuperfície e antiaérea, canhões antiaéreos e mísseis superfície-ar;
  • Artilharia de montanha: artilharia ligeira destinada a atuar em regiões montanhosas, equipada com bocas de fogo com capacidade de realizar tiro de ângulo elevado, algumas delas, com capacidade de serem transportadas desmontadas em muares. Fora do ambiente montanhoso, a artilharia de montanha foi também bastante empregue nas campanhas coloniais da transição do século XIX para o XX, uma vez que a ligeireza e a portabilidade das suas bocas de fogo lhes permitiam, por um lado, operar em locais remotos com pouco apoio logístico e, por outro, tinham poder de fogo suficiente contra inimigos com pouca ou nenhuma artilharia;
  • Artilharia de trincheira: artilharia especializada na guerra de trincheiras, equipada com morteiros e obuses com capacidade de atingir posições entrincheiradas inimigas, a partir das suas próprias posições entrincheiradas. Este tipo de artilharia foi, sobretudo, empregue na guerra de trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial. Esta função diluiu-se pela artilharia de campanha e pela infantaria;
  • Artilharia antiaérea: artilharia vocacionada para a defesa de forças de manobra ou de pontos fixos contra-ataques de aeronaves ou contra mísseis superfície-superfície. A artilharia antiaérea emprega uma grande variedade de canhões e de mísseis antiaéreos, ligeiros e pesados, de curto e de longo alcance, montados em reparos móveis e fixos. Grande parte das armas antiaéreas dispõe de múltiplas capacidades, o que permite que a artilharia antiaérea também possa ser empregue adicionalmente como artilharia anticarro, de campanha, naval e de costa. A importância crescente da artilharia antiaérea fez com que ela se tornasse numa arma separada da artilharia em alguns exércitos e mesmo num ramo autónomo em algumas forças armadas;
  • Artilharia de assalto: dotada de peças montadas em veículos blindados sobre lagartas e destinada a apoiar diretamente o movimento da infantaria de assalto - sobretudo infantaria mecanizada - batendo as forças e obstáculos de resistência ao seu avanço;
  • Artilharia anticarro: dotada de canhões, lança-foguetes ou mísseis destinados a destruir carros de combate ou outros veículos blindados. Hoje em dia, na maioria dos exércitos a função de luta anticarro deixou de ser uma missão principal da artilharia e passou para as forças de manobra (infantaria e os próprios carros de combate) que passaram a operar diretamente os armamentos específicos para essa função;
  • Artilharia de saturação de área: dotada de lança-foguetes múltiplos, destinada a um bombardeamento rápido, intensivo e concentrado de uma determinada objetivo;
  • Artilharia estratégica: dotada de mísseis de cruzeiro e de mísseis balísticos. Os mísseis podem estar equipados com ogivas convencionais ou não convencionais (nucleares, químicas ou biológicas). Os mísseis podem ser disparados a partir de plataformas de lançamento móveis ou fixas. Nas forças armadas que integram artilharia estratégica esta é uma das suas principais forças de dissuasão. Nalgumas forças armadas, a artilharia estratégica pode estar parcial ou totalmente integrada na força aérea. Noutros casos, pode inclusive constituir um ramo autónomo das forças armadas;
  • Artilharia técnica: ramo da artilharia que se ocupa do estudo da tática e do desenvolvimento, teste e fabrico de armamento e munições de artilharia;

Segundo o calibre das armas

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Artilharia superpesada: Disparo de um projétil atómico de 15 kT por uma peça de 280 mm M65 do Exército dos EUA, na década de 1950
Artilharia de obuses: Obus autopropulsado de 155 mm M109A2 do Exército Neerlandês

A artilharia também pode ser classificada segundo o calibre das suas bocas de fogo. Ao longo dos tempos foram vários os sistemas para classificar a artilharia segundo o calibre utilizado. O sistema atual de classificação foi desenvolvido durante a Primeira Guerra Mundial para simplificar os sistemas até então empregues que entravam em conta tanto com as funções como com os meios de locomoção da artilharia. Hoje em dia, o sistema de classificação segundo o calibre já é raramente utilizado e nele dificilmente se integram os foguetes e os mísseis.

Segundo o calibre, a artilharia classifica-se em:

  • Artilharia superpesada: dotada de peças ou obuses de calibre superior a 210 mm;
  • Artilharia pesada: dotada de peças ou obuses de calibre entre 160 mm e 210 mm;
  • Artilharia média: dotada de peças ou obuses de calibre entre 120 mm e 160 mm;
  • Artilharia ligeira: dotada de morteiros, peças ou obuses de calibre até 120 mm.

Segundo o armamento e a trajetória de tiro

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A artilharia utiliza essencialmente três tipos de bocas de fogo, cada uma das quais faz um tiro com uma trajetória característica (tensa, mergulhante ou vertical). Sobretudo durante a Primeira Guerra Mundial, alguns exércitos classificaram a sua artilharia segundo o tipo de boca de fogo e correspondente trajetória de tiro. Posteriormente, a introdução dos foguetes e dos mísseis levou à criação de dois tipos novos de artilharia, na qual a trajetória é muito menos relevante que o tipo de armamento utilizado.

Segundo o armamento e a trajetória de tiro, a artilharia classifica-se:

  • Artilharia de tiro tenso: dotada de peças que realizam tiro tenso (com elevações próximas dos 0º);
  • Artilharia de obuses: destinada, essencialmente, a realizar tiro mergulhante (com elevações bastante superiores a 0º, mas inferiores a 45º), estando dotada de obuses;
  • Artilharia de morteiros: destinada a realizar tiro vertical (com elevações superiores a 45º), estando dotada de morteiros;
  • Artilharia de foguetes: dotada de foguetes;
  • Artilharia de mísseis: dotada de mísseis.

Segundo a propulsão

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Outro sistema muito empregue, no passado e no presente, para classificar a artilharia é a forma de propulsão dos seus reparos ou plataformas de lançamento. Até ao início do século XX, o principal meio de propulsão das bocas de fogo a tração animal (feita por cavalos, muares ou, ocasionalmente, outros animais), sendo a artilharia classificada segundo a quantidade de cavalos utilizados no transporte de cada arma e as condições de transporte da respectiva guarnição. Com o aparecimento dos transportes mecânicos, foram criadas categorias de específicas para a artilharia propulsada por veículos ferroviários e automóveis. A partir da Segunda Guerra Mundial, altura em que a artilharia passou quase totalmente a ser propulsada por meios mecânicos, passou a classificar-se a artilharia segundo a mesma fosse montada num veículo ou rebocada pelo mesmo.

Artilharia montada: deslocamento de uma peça de 7,7 cm Feldkanone C/96 e dos seus serventes do Exército Alemão, durante a Primeira Guerra Mundial
Artilharia rebocada: obus de 8 polegadas (200 mm) Mk I rebocado por um trator de lagartas Holt do Exército Britânico, durante a Primeira Guerra Mundial

Segundo a propulsão a artilharia pode ser:

  • Artilharia de posição: artilharia fixa ou semi-fixa, normalmente empregue em operações de ataque ou de defesa de posições (normalmente fortificadas) e dotada de peças, obuses e morteiros de grande calibre. Inclui, normalmente a artilharia de guarnição, a artilharia de sítio, a artilharia de costa e a artilharia antiaérea fixa;
  • Artilharia embarcada ou de bordo: artilharia montada em embarcações. Constitui, essencialmente a artilharia naval, mas incluiu também, ocasionalmente, artilharia de campanha montada provisoriamente a bordo de embarcações;
  • Artilharia a pé: artilharia pesada rebocada por muares, cujos serventes se deslocavam a pé. Era o ramo menos móvel da artilharia de campanha e destinava-se a dar apoio geral aos corpos de exército;
  • Artilharia montada: artilharia ligeira ou média rebocada por cavalos, cujos serventes eram transportados nos reparos das bocas de fogo ou nos carros de munições. Dispunha de uma mobilidade intermédia entre a da artilharia a pé e a da artilharia a cavalo, sendo empregue, sobretudo no apoio direto à infantaria;
  • Artilharia a cavalo: artilharia ligeira cujas bocas de fogo eram rebocadas por cavalos e em que todos os serventes montavam um cavalo individual. Era o ramo mais móvel da artilharia de campanha e destinava-se a dar apoio direto às unidades de cavalaria;
  • Artilharia de baste ou a dorso: artilharia ligeira, normalmente de montanha, cujas bocas de fogo são desmontadas em várias peças transportadas no dorso de animais (normalmente muares) presas a arreios especiais designados "bastes";
  • Artilharia ferroviária ou de caminho de ferro: considera-se normalmente artilharia pesada e superpesada montada em vagões ferroviários. Frequentemente, a artilharia ferroviária empregava peças navais de grande calibre. Também na artilharia ferroviária é incluída, ocasionalmente, a artilharia ligeira montada em comboios/trens blindados;
  • Artilharia a tratores ou rebocada: constituída por armamento que se desloca rebocado por tratores mecânicos, que podem ser veículos sobre rodas ou sobre lagartas, blindados ou não. Algum do armamento rebocado pode estar montado em reparos que dispõem de um motor auxiliar que lhes permite deslocar-se autonomamente em distâncias muito curtas, o que facilita a alteração da posição de tiro;
  • Artilharia transportada: artilharia com um tipo de propulsão intermédia entre o da rebocada e o da autopropulsada. Os seus armamentos vão montados em veículos, mas não têm a capacidade de disparar a partir deles, tendo que ser desmontados para o fazer. A artilharia transportada, normalmente, inclui apenas alguns tipos de morteiros e de peças ligeiras antiaéreas;
  • Artilharia autopropulsada: constituída por armamento montado em reparos com auto locomoção mecânica e que pode disparar a partir daqueles. Os reparos podem consistir em veículos sobre lagartas ou sobre rodas, com ou sem blindagem. Alguns destes reparos, além da própria arma, transportam a sua guarnição, parte das suas munições e os equipamentos de direção de tiro;

Artilharia por países

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Artilharia no Brasil

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No Brasil, o patrono da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro é o Marechal Emílio Mallet.

As unidades de Artilharia no Brasil são as seguintes:

  1. Comando de Artilharia do Exército, Formosa-GO;
  2. 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, Guarujá-SP;
  3. Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, Niterói-RJ;
  4. Artilharia Divisionária da 3ª Divisão de Exército, Cruz Alta-RS;
  5. Artilharia Divisionária da 5ª Divisão de Exército, Curitiba-PR;
  6. 1.º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva, Marabá-PA;
  7. 2.º Grupo de Artilharia de Campanha Leve, Itu-SP;
  8. 3.º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Santa Maria-RS;
  9. 4.º Grupo de Artilharia de Campanha, Juiz de Fora-MG;
  10. 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Curitiba-PR;
  11. 6.º Grupo de Artilharia de Campanha, Rio Grande-RS;
  12. 7.º Grupo de Artilharia de Campanha, Recife-PE;
  13. 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Pára-quedista, Rio de Janeiro-RJ;
  14. 9.º Grupo de Artilharia de Campanha, Nioaque-MS;
  15. 10.º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva, Boa Vista-RR;
  16. 11.º Grupo de Artilharia de Campanha, Rio de Janeiro-RJ;
  17. 12.º Grupo de Artilharia de Campanha, Jundiaí-SP;
  18. 13.º Grupo de Artilharia de Campanha, Cachoeira do Sul-RS;
  19. 14.º Grupo de Artilharia de Campanha, Pouso Alegre-MG;
  20. 15.º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Lapa-PR
  21. 17.º Grupo de Artilharia de Campanha, Natal-RN;
  22. 18.º Grupo de Artilharia de Campanha, Rondonópolis-MT;
  23. 19.º Grupo de Artilharia de Campanha, Santiago-RS;
  24. 20.º Grupo de Artilharia de Campanha Leve, Barueri-SP;
  25. 21.º Grupo de Artilharia de Campanha, Niterói-RJ;
  26. 22.º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Uruguaiana-RS;
  27. 25.º Grupo de Artilharia de Campanha, Bagé-RS;
  28. 26.º Grupo de Artilharia de Campanha, Guarapuava-PR;
  29. 27.º Grupo de Artilharia de Campanha, Ijuí-RS;
  30. 29.º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Cruz Alta-RS;
  31. 31.º Grupo de Artilharia de Campanha (Escola), Rio de Janeiro-RJ;
  32. 32.º Grupo de Artilharia de Campanha, Brasília-DF;
  33. 1.º Grupo de Artilharia Antiaérea, Rio de Janeiro-RJ;
  34. 2.º Grupo de Artilharia Antiaérea, Praia Grande-SP;
  35. 3.º Grupo de Artilharia Antiaérea, Caxias do Sul-RS;
  36. 4.º Grupo de Artilharia Antiaérea, Sete Lagoas-MG;
  37. 11.º Grupo de Artilharia Antiaérea, Brasília-DF;
  38. 12.º Grupo de Artilharia Antiaérea de Selva, Manaus-AM;
  39. 6.º Grupo de Mísseis e Foguetes, Formosa–GO;
  40. 16º Grupo de Mísseis e Foguetes, Formosa-GO;
  41. 2.ª Bateria de Artilharia Antiaérea, Santana do Livramento-RS;
  42. 3.ª Bateria de Artilharia Antiaérea, Três Lagoas-MS;
  43. 5.ª Bateria de Artilharia Antiaérea Leve, Osasco–SP;
  44. 6.ª Bateria de Artilharia Antiaérea Autopropulsada, Santa Maria-RS;
  45. 9.ª Bateria de Artilharia Antiaérea (Escola), Macaé-RJ;
  46. 11.ª Bateria de Artilharia Antiaérea Autopropulsada, Rio Negro-PR;
  47. 21.ª Bateria de Artilharia Antiaérea Paraquedista, Rio de Janeiro-RJ;
  48. Bateria de Comando da Artilharia Divisionária/1, Niterói–RJ;
  49. Bateria de Comando da Artilharia Divisionária/3, Cruz Alta-RS;
  50. Bateria de Comando da Artilharia Divisionária/5, Curitiba-PR;
  51. Bateria de Comando do Comando de Artilharia do Exército, Formosa-GO;
  52. Bateria de Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, Guarujá-SP;
  53. Bateria de Comando e Serviços do Forte São João, Rio de Janeiro-RJ;
  54. Batalhão de Manutenção e Suprimento de Artilharia Antiaérea, Guarujá-SP;
  55. Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes, Formosa-GO;
  56. Centro de Logística de Mísseis e Foguetes, Formosa-GO; e
  57. Base de Administração e Apoio do Forte Santa Bárbara, Formosa-GO.

Artilharia em Portugal

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Hoje em dia, mantém-se associadas à Arma de Artilharia quatro unidades da Estrutura Base do Exército Português: a Escola Prática de Artilharia, o Regimento de Artilharia Antiaérea Nº 1, o Regimento de Artilharia Nº 4 e o Regimento de Artilharia Nº 5. Este último, apesar de manter-se historicamente ligado à artilharia, é, hoje em dia, um centro de instrução geral de praças de todas as armas. Como unidades mistas de artilharia e de outras armas, existem o Regimento de Guarnição Nº 2 e o Regimento de Guarnição n.º 3.

Atualmente, a Arma de Artilharia divide-se nas vertentes de artilharia de campanha e de artilharia antiaérea. A vertente de artilharia de costa foi desativada em 1999.

Em termos de unidades operacionais, o Exército Português dispôe, hoje em dia, das seguintes unidades:

  1. Grupo de Artilharia de Campanha da Brigada Mecanizada, equipado com obuses autopropulsados M109A5 de 155 mm;
  2. Grupo de Artilharia de Campanha da Brigada de Reacção Rápida, equipado com obuses rebocados M119 de 105 mm;
  3. Grupo de Artilharia de Campanha da Brigada de Intervenção, equipado com obuses rebocados M114A1 de 155 mm;
  4. Bataria de Artilharia Antiaérea de Apoio Geral, equipada com sistemas de mísseis AA Stinger;
  5. Bataria de Artilharia Antiaérea da Brigada Mecanizada, equipada com sistemas mísseis AA autopropulsados M48A2 Chaparral;
  6. Bataria de Artilharia Antiaérea da Brigada de Reacção Rápida, equipada com sistemas de mísseis AA Stinger;
  7. Bataria de Artilharia Antiaérea da Brigada de Intervenção, equipada com sistemas de mísseis AA Stinger;
  8. Bataria de Artilharia Antiaérea da Zona Militar dos Açores, equipada com canhões bitubo AA de 20 mm;
  9. Bataria de Artilharia Antiaérea da Zona Militar da Madeira, equipada com canhões bitubo AA de 20 mm.

Referências

  1. Hogg, Oliver Frederick Gillilan (1970). Artillery: Its Origin, Heyday and Decline. London: C. Hurst. ISBN 978-0-900966-43-9. OCLC 99454 
  2. Bailey, J.B.A. (2004). Field Artillery and Firepower. Col: AUSA Institute of Land Warfare book. Annapolis, MD: Naval Institute Press. ISBN 978-1-59114-029-0. OCLC 51931033 

Ligações externas

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