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Araripe Júnior

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Araripe Júnior
Araripe Júnior
Nascimento 27 de junho de 1848
Fortaleza, CE
Morte 29 de outubro de 1911 (63 anos)
Rio de Janeiro, DF
Nacionalidade  Brasileiro
Ocupação Advogado, crítico literário e escritor

Tristão de Alencar Araripe Júnior (Fortaleza, 27 de junho de 1848Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1911) foi um advogado, crítico literário e escritor brasileiro.

Tristão de Alencar Araripe Júnior era filho de Tristão de Alencar Araripe, e de Argentina de Alencar Lima. Sua família foi uma das mais importantes do Ceará no século XIX, sendo seu pai filho de Tristão Gonçalves e neto de Bárbara de Alencar, Araripe Júnior era primo legítimo de José de Alencar.

Acompanhando o pai, que assumiu uma série cargos públicos no Império, residiu por fim em Recife, onde se matriculou no Colégio Bom Conselho, dirigido pelo Dr. Barbosa Lima, e, posteriormente, na Faculdade de Direito do Recife, onde nasceu a amizade com Tobias Barreto e Guimarães Júnior, bacharelando-se em 1869.

Em 1871 assumiu uma secretaria de governo em Santa Catarina, e entre 1872 e 1875 foi juiz em Maranguape, Ceará. No mesmo Estado, foi deputado provincial em duas legislaturas. Ainda nessa época ingressou na Maçonaria por meio da loja Fraternidade Cearense[1].

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1880 e exerceu, até 1886, a advocacia. Em 1893 foi nomeado diretor geral da Instrução Pública e, em 1903, Consultor Geral da República, cargo que exerceu até a morte, tendo proferido pareceres muito importantes.

Sua obra literária, inicialmente, era mais ligada à ficção. Porém, devido ao convívio com Rocha Lima, Capistrano de Abreu e outros críticos cearenses, passa a produzir no campo do ensaio e então tornou-se célebre. Escreveu sobre José de Alencar, Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga, Raul Pompeia, Aluísio Azevedo, e outros. Formou, com Sílvio Romero e José Veríssimo, a trindade crítica da época positivista e naturalista.

Sua obra crítica, dispersa pelos periódicos, desde os tempos do Ceará, só em parte foi publicada em livro, durante sua vida, tendo sido reunida e organizada por Afrânio Coutinho em Obra crítica de Araripe Júnior, em cinco volumes, publicados entre 1958 e 1966.

Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras e do Instituto do Ceará, tendo sido, também, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

No último livro, Ibsen e o espírito da tragédia (1911), sem abandonar a preocupação nacionalista, alçou-se a um plano de universalidade, buscando a razão de ser da tragédia humana, através da obra dos grandes trágicos, da Grécia ao século XIX. Como crítico, era um conselheiro amável e cheio de compreensão, sobretudo pelos estreantes.

Academia Brasileira de Letras

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Fundador da cadeira 16 da Academia Brasileira de Letras, recebeu o acadêmico Afrânio Peixoto.

Obras listadas na Biblioteca Digital de Literatura Brasileira e Portuguesa da UFSC[2]

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Romances e novelas

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  • Contos Brasileiros. 1868

Crítica, teoria e história literárias

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Epistolografia

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  • Correspondência de Machado de Assis. 1860
  • Consolidação do Processo Criminal do Brasil. 1876
  • Código Civil Brasileiro, ou leis civis do Brasil. 1885
  • Função Normal do Terror nas Sociedades Cultas. 1891
  • A constituição estadual. 1895
  • Anchieta. 1897. (digitalização: Obra crítica, volume III, p. 235-242)
  • Pareceres: 1903-1905. 1911
  • Pareceres: 1906-1908. 1913

A Obra crítica de Araripe Júnior (organizada por Afrânio Coutinho)

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A Obra Crítica de Araripe Júnior (cinco volumes organizados por Afrânio Coutinho publicados entre 1958 e 1970 (digitalização) contém os seguintes textos:

Volume I (1868-1887)

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O hors texte contém: um retrato de Araripe Júnior (digitalização: Obra crítica, volume I, hors texte)], O Quinzenal (Obra crítica, volume I, hors texte), um Prefácio escrito por Thiers Martins Moreira em setembro de 1958 (digitalização: Obra crítica, volume I, p. VII-VIII) e uma introdução escrita por Afrânio Coutinho em setembro 1958 (digitalização: Obra crítica, volume I, p. IX-XII). Seguem os textos de Araripe Júnior:

Neste texto, Araripe Júnior fala da “íntima conexão existente entre a música e a natureza” desde a Antiguedade, fechando com: “A natureza é para o homem o que o sol poente era para a estátua de Mêmnon”.
Resenha da série de narrativas Contos da roça de Augusto Emílio Zaluar, com elogio de sua busca das raízes indígenas.
Prefácio do opúsculo Contos brasileiros I, publicado sob o pseudônimo de Oscar Jagoanharo em 1868; “…a reabilitação memorável do povo que outrora percorria as selvas brasílicas de um extremo a outro, levando por toda a parte o estridor de suas armas e a fama de sua estoica e descomunal bravura. Eis a razão de ser desta pequena obra” (Obra crítica, volume I, p. 21).
Publicado no Correio Pernambucano em junho de 1869 sob o título Literatura Brasílica; em seguida editado em folheto. Ao comparar a literatura indianista-naturalista norte-americana com a brasileira chega à conclusão de que “o verdadeiro rival de Fenimore é J. de Alencar”.
  • Juvenal Galeno: Lendas e canções populares - Novas lendas e canções - Ecos silvestres - Folhas do coração - Porancaba (digitalização: Obra crítica, volume I, p. 43-56).
O texto dedicado a Juvenal Galeno tem nove partes.
“Publicação de uma série intitulada Sem Oriente, inserta em rodapé na Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, 5 novembro 1881”; ensaio sobre O Mulato de Aluísio Azevedo.
Este ensaio de 1882 consta das seguintes partes:
Prefácio
Advertência da 1a edição
José de Alencar - Perfil literário
  1. Gênese artística
  2. Explosão
  3. Ação e reação
  4. O mesmo assunto
  5. Declínio
  6. O mesmo assunto
  7. A crítica
Ensaio sobre Artur de Oliveira.
Ensaio sobre o romance naturalista Casa de Pensão de Aluísio Azevedo.
Ensaio sobre a língua volapuque.
Ensaio sobre cómo o movimento científico perturbou a literatura, com confronto entre “romantismo entusiasta” e “naturalismo pessimista”.
Confronto entre Zola e Darwin.

Volume II (1888-1894)

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O hors texte do volume 2 da Obra crítica contém «Fac-símiles de fôlhas de rosto» da obra Gregório de Mattos de Araripe Júnior (digitalização: Obra crítica, volume II, hors texte), seguidos por uma “Advertência” de Eugênio Gomes, Diretor do Centro de Pesquisas da Casa de Rui Barbosa, em junho de 1960 (Digitalização: Obra crítica, volume II, p. VII-VIII).

Advertência
Prefácio da Primeira Edição
Gregório de Matos (1623-1696)
  1. A Sátira; Suas Origens; Os verdadeiros Satíricos
  2. O "bôca do inferno"; Malignidade de um poeta
  3. O fauno; Brejeirices do poeta em Coimbra e em Lisboa; O "Marinícolas"; Um juiz de má morte e as três freiras do convento da Rosa
  4. A terra; O fenômeno da obnubilação; A Bahia: meio híbrido; influência da negra mina; O Recôncavo e as suas riquezas
  5. A verdadeira musa do poeta; Influência da mulata sobre as suas trovas e epigramas
  6. Os três ódios do poeta; A questão da murça; Sátiro e caipora; Contra padres; Contra advogados; O "Braço forte e o Braço de prata"
  7. Ainda os três ódios do poeta; Advocacia pornográfica; Nativismo feroz: guerra ao "Unhate". Contra mulatos: psicologia dessa raça
  8. O mofino político; Contra governadores; Caricaturas e retratos; O "Nariz de embono"
  9. O parasita; De viola em punho: pelos engenhos; Os amigos do poeta; Galeria de mulatas: lirismo crioulo
  10. O deportado; Em Angola: último pleito do poeta; Em Pernambuco: para a eternidade
  11. "In excelsis"; Filosofia e pessimismo; o capadocismo; Profecias do poeta
  12. "In excelsis" ainda; O autor das Reprovações e o Padre Antônio Vieira; Poética; O gênio do lundu. Notas e Aditamentos.

Volume III (1895-1900)

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Advertência [Obra crítica, volume III, p. 104]
  1. Ascendência republicana; A questão do nativismo
  2. Festas Nacionais, de Rodrigo Otávio; A Democracia Representativa, de Assis Brasil; Parlamentarismo e Presidencialismo, de Sílvio Romero
  3. Novos líricos brasileiros; Coração, de Zalina Rolim; Imagens e Visões, de Luís Rosa; Parnaso. Fototipias, de Figueiredo Pimentel
  4. O anarquismo e a literatura; Paris e os escandinavos; Influência do decadismo no Brasil; Cruz e Sousa; A Padaria Espiritual do Ceará; Poetas do Recife
  5. Contistas e fantasias; Teoria do Conto; Chiquinha Mascote, de Viveiros de Castro; Rose Castle, de Virgílio Várzea; Contos Amazônicos, de Inglês de Sousa
  6. Romancistas; O demonismo no romance; A Capital Federal, de Coelho Neto; Celeste, de Délia; O Abôrto, de F. Pimentel; A Mortalha de Alzira, de A. Azevedo; Encarnação, de J. de Alencar; Degenerescência literária; Os escandinavos; Ibsen
  7. Artigos do Senhor Felisbelo Freire; Tradução das Lições de Lastarría, por Lúcio de Mendonça; A Redenção de Tiradentes; A Memória do Senador Ottoni; O Imperador no Exílio, de Afonso Celso; Memórias e viagens; Literatura jurídica; Clóvis Beviláqua; Poesia científica; Martins Júnior; Crítica; Conclusão.

Volume IV (1901-1910)

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O hors texte contém um “Perfil de Araripe Júnior”, seguido por um prefácio redigido por Thiers Martins Moreira (digitalização: Obra crítica, volume IV, p. VII-VIII.

Volume V (1911 e Anexos)

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O hors texte contém a primeira página do caderno Reminiscências (digitalização: Obra crítica, volume V, hors texte, seguido por um prefácio de Afrânio Coutinho (digitalização: Obra crítica, volume V, p. VII-XV).

  • Prefácio
  • A Tragédia Esquiliana
  • O Trânsito Dantesco
  • O Mundo Shakespeariano
  • O sentimento trágico do século XIX
  • Ibsen e o espírito da tragédia
  • Ibsen e o misticismo
  • Ibsen e o sortilégio
  • Ibsen e o simbolismo
  • A moral de Ibsen

Literatura secundária

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Lista biográfica compilada por Braga Montenegro[3]

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Na bibliografia organizada pelo crítico Braga Montenegro para a edição do livro O cajueiro do Fagundes (1975) figura a seguinte literatura secundária:

  • José Veríssimo. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro, 1916.
  • Afrânio Coutinho. “A nacionalização da literatura brasileira no pensamento crítico de Araripe Junior”. In: Revista Brasileira, no. 21-22, ano IX (jan.-jun. 1958).
  • Braga Montenegro. “Araripe Júnior” (Subsídios par a um estudo). In: Clã, ano 1, no. 3, Fortaleza, 1948.
  • Braga Montenegro. “A ficção de Araripe Júnior”. Apresentação da edição de O cajueiro do Fagundes. Fortaleza: Publicação da Secretaria de Cultura do Ceará, 1975. OCLC 2333357
  • Antônio Soares Amora. “O romantismo”. In: A literatura brasileira, vol. II. São Paulo, Cultrix, 1969.

Bibliografia sobre Araripe Júnior compilada por Afrânio Coutinho em 1970[4]

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  • Afrânio Coutinho. Euclides, Capistrano e Araripe. Rio de Janeiro: Livros de Ouro, 1968. OCLC 3829504
  • Afrânio Coutinho. A Tradição Afortunada. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968. OCLC 384452
  • Alceu Amoroso Lima. “Evolução da Critica Literária no Brasil”. In: Revista da Academia Brasileira, set.-dez. 1936, vol. 52, p. 73.
  • Alceu Amoroso Lima. Decimália. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1958.
  • Artur Mota. “Perfis Acadêmicos.” In: Revista da Academia Brasileira de Letras, XX, n. 92, agosto de 1929, p. 473-490.
  • Félix Pacheco. “Discurso de Recepção”. In: Discursos Acadêmicos, Rio de Janeiro, 1953, vol. II, p. 315
  • José Veríssimo. Letras e Literatos. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1936, p. 26. OCLC 28580823

Araripe Júnior “é ainda estudado nas histórias da literatura de Silvio Romero, José Veríssimo e Afrânio Coutinho. É-lhe dedicado um número especial de Autores e Livros (Supl. de A Manhã), Rio de Janeiro, vol. VII, n. 1, 9 de julho de 1944.”[4]

Referências

  1. Guimarães, Joaquim Mendes da Cruz (1873). «Almanak da Provincia do Ceará : Administrativo, Mercantil e Industrial (CE) - 1873». Almanak da Provincia do Ceará : Administrativo, Mercantil e Industrial. Consultado em 28 de dezembro de 2017 
  2. Araripe Júnior na Biblioteca Digital de Literatura Brasileira e Portuguesa da UFSC
  3. Araripe Júnior. Luizinha / Perfil literário de José de Alencar. Reedição organizada por Otacílio Colares com uma introdução de Pedro Paulo Montenegro. Academia Cearense de Letras, vol. 5, 1980, p. xviii.
  4. a b Afrânio Coutinho. “Prefácio”. In: Obra crítica de Araripe Júnior. Volume V. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura / Casa de Rui Barbosa, 1970, p. XV.

Ligações externas

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