Ranunculus repens
A Ranunculus repens , comummente conhecida por botão-de-oiro[1][2] (também grafado botão-de-ouro[2][3][4]), é uma espécie de planta com flor pertencente à família Ranunculaceae.[5]
Ranunculus repens | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Ranunculus repens L. |
A autoridade científica da espécie é L., tendo sido publicada em Species Plantarum 1: 554. 1753.[2]
Nomes comuns
editarDá ainda pelos seguintes nomes comuns: erva-belida[6][7], erva-da-quaresma[2][8], flores-de-quaresma[2][9], pataló[2][10], ranúnculo-pataló[2][11], ranúnculo-rasteiro[2], ranúnculo-rastejante.[2]
Descrição
editarDo que respeita ao seu tipo fisionómico, trata-se de um hemicriptófito, pelo que passa o Inverno na forma de roseta.[5] A sua época de floração é de Março a Agosto.[2][12]
É uma planta perene, também dita vivaz (ou seja, que dura mais de dois anos, havendo renovação da parte aérea da planta, que é herbácea). É multicaule, com uma altura que pode rondar os 13 e os 45 cm.[3][12]
Pode ser glabrescente (ou seja, reveste-se de pêlos fracos) ou densamente hirsuta (revestida por pêlos mais compridos, flácidos e flexíveis). Possui estolhos compridos e rastejantes, que se estendem ao longo da superfície do solo, cujas dimensões variam entre os 15 e os 60 centímetros de comprimento.[3][12]
As folhas basilares são ovado-triangulares, podendo ser trissectas ou pentassectas, com segmentos fendidos e dentados, se bem que o segmento central é pecíolado e mais longo do que os outros, e amiúde exibindo uma mancha central.[3][12]
Por seu turno, as folhas caulinares, são semelhantes às basilares, mas têm um pecíolo mais reduzido e têm um feitio menos recortado. As folhas superiores podem ser trissectas ou simples, com segmentos que podem ser oblongo-lanceolados ou lineares.[3][12]
As flores chegam aos 15 a 30 milímetros, são amarelo-douradas, dispõem-se em sentido opostas ao das folhas e solitárias com pedúnculos sulcados. Dispõem de tépalas também amarelas, que segregam néctar e caem antes do desabrochar da flor. As sépalas inserem-se segundo um ângulo próximo de 90º e estão cobertas de pêlos. O receptáculo é globoso e hirsuto. Os frutos são aquénios comprimidos, que configuram uma espiga obvóide e globosa.[3][12]
Distribuição
editarGrande parte da Europa até ao Cáucaso, Ásia, Norte de África e Macaronésia.[2]
Encontra-se, também, naturalizada no Sul de África, na Austrália, na Nova Zelândia e em grande parte da América, tendo sido vastamente difundida como uma planta ornamental.[5][13]
Portugal
editarTrata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, no Arquipélago dos Açores e no Arquipélago da Madeira.
Mais concretamente, encontram-se povoações desta espécie presentes nas zonas do Noroeste ocidental, Noroeste montanhoso, Nordeste ultrabásico, Nordeste leonês, Terra quente, Terra fria, Centro-norte, Centro-oeste calcário, Centro-oeste arenoso, Centro-oeste olissiponense, Centro-oeste cintrano, Centro-leste motanhoso, Centro-leste de campina, Centro-sul miocénico, Centro-sul arrabidense, Centro-sul plistocénico, Sudoeste setentrional, Sudoeste meridional e Sudoeste montanhoso. Ficam excluídas, portanto, todas as zonas algarvias e grande parte do interior alentejano.[5][2]
Em termos de naturalidade, é nativa de Portugal Continental e Arquipélago da Madeira e introduzida no arquipélago dos Açores.
Ecologia
editarNo que toca à sua ecologia, trata-se de uma planta higrófila e ripícola, que prefere os terrenos húmidos que orlam regatos, charcos, lodeiros e depressões húmidas quejandas.[5][2]
Protecção
editarNão se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.
Taxonomia
editarRanunculus repens foi descrita por Carlos Linneo e publicada na revista Species Plantarum 1: 554. 1753.[14]
Citologia
editarNúmeros cromossomáticos do Ranunculus repens (Fam. Ranunculaceae) e táxones infraespecificos: 2n=32[15]
Etimologia
editarDo que toca ao nome científico desta espécie:
- O nome genérico, Ranunculus, vem do latim e significa “rã” (foi graças a Plínio, autor e naturalista latino, que nos chegou esta etimologia)[16], mercê da ecologia habitual das espécies deste género de planta, que preferem as zonas húmidas, umbrosas e uliginosas, que por sinal coincidem com o habitat do anfíbio homónimo.[17]
- O epíteto específico, repens[18], provém do latim e significa «rasteiro; rastejante» respeita à forma de extensão dos caules da planta, que se dispersam rente à superfície do solo.[17][19]
Variedades
editar- Ranunculus repens var. elatior Coss. & Germ.
- Ranunculus repens proles prostratus (Poir.) Bonnier
- Ranunculus repens var. villosus Lamotte [1877]
- Ranunculus repens var. lucidus (Poir.) N.H.F.Desp. [1838]
- Ranunculus repens var. glabratus DC. [1824]
- Ranunculus repens var. erectus DC. [1824]
- Ranunculus repens var. albomaculatus N.H.F.Desp. [1838]
- Ranunculus repens subsp. reptabundus (Rouy & Foucaud) P.Fourn. [1928]
- Ranunculus repens proles reptabundus Rouy & Foucaud [1893]
Sinonimia
editar- Ranunculus prostratus Poir. in Lam. [1805]
- Ranunculus reptabundus Jord. [1860]
- Ranunculus flagellifolius Nakai [1928]
- Ranunculus infestus Salisb. [1796]
- [1]
- Ranunculastrum repens Fourr.
- Ranunculastrum reptabundum Fourr.
- Ranunculus clintonii Beck
- Ranunculus intermedius Eaton
- Ranunculus lagascanus DC.
- Ranunculus oenanthifolius Ten. & Guss.
- Ranunculus pubescens Lag.
- var. flore-pleno DC.
- Ranunculus lucidus Poir.
- var. hispidus (Michx.) Chapm.
- Ranunculus hispidus Michx.[20]
Propriedades
editarEsta planta contém anemonina (que é a dimerização da toxina protoanemonina.[21], que é facilmente hidrolizado num ácido dicarboxílico).[22] Esta substância é particularmente tóxica para as pessoas e os animais.[23] Tem um travo acre que faz com que o gado a evite. O mero contacto com a seiva desta planta, por si só, pode causar rubor e dermatite.[23]
Em tempos remotos, a planta chegou a ser usada para confeccionar mezinhas analgésicas e rubefacientes (que avermelha a pele, através da dilatação dos capilares, aumentando a circulação do sangue e aligeirando a pressão sanguínea interna), sendo que se deixou de usar, dada a elevada toxicidade da planta.[23]
Referências
- ↑ S.A, Priberam Informática. «botão-de-ouro». Dicionário Priberam. Consultado em 4 de fevereiro de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k l m «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ a b c d e f «Biorede - Ranunculus Repens». www.biorede.pt. Consultado em 3 de fevereiro de 2021
- ↑ «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ a b c d e «Flora-On | Flora de Portugal interactiva». flora-on.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2020
- ↑ Infopédia. «botão-de-ouro | Definição ou significado de botão-de-ouro no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 4 de fevereiro de 2021
- ↑ «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ «Ranunculus repens». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ a b c d e f Castroviejo, S. (coord. gen.). 1986-2012. Flora iberica 334-335. Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid.
- ↑ «Ranunculus repens L. GRIN-Global». npgsweb.ars-grin.gov. Consultado em 3 de fevereiro de 2021
- ↑ «Ranunculus repens». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 16 de Dezembro de 2012
- ↑ Citotaxonomía de las especies vivaces del género Ranunculus L. sect. Chrysanthe (Spach) L. Benson en la Península Ibérica. Diosdado, J. C. & J. E. Pastor. Candollea 47(2): 555-576 (1992).
- ↑ Nicolini, Giacomo (1960). Enciclopedia Botanica Motta. Volume 3. Milano, Itália: Federico Motta Editore. p. 511
- ↑ a b Gledhill, David (2008). "The Names of Plants". Cambridge University Press. pp. 326, 328. ISBN 9780521685535
- ↑ «rĕpens - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 10 de novembro de 2022
- ↑ En Epítetos Botánicos
- ↑ Ranunculus repens en PlantList
- ↑ List, PH (1979). Hagers Handbuch der pharmazeutischen Praxis 4 ed. [S.l.]: Springer Verlag. ISBN 3540077383
- ↑ Leopold Gmelin: Handbuch der organischen Chemie. Winter, 1866, S. 1190 (http://books.google.com.br/books?id=UY05AAAAcAAJ&pg=PA1190&f=false).
- ↑ a b c «Ranunculus repens Creeping Buttercup, Prairie Double-flowered Buttercup, Water Buttercup, Creeping Buttercup PFAF Plant Database». pfaf.org. Consultado em 3 de fevereiro de 2021
Ligações externas
editar- Ranunculus repens[ligação inativa] - Checklist da Flora de Portugal (Continental, Açores e Madeira) - Sociedade Lusitana de Fitossociologia
- Checklist da Flora do Arquipélago da Madeira (Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens) - Grupo de Botânica da Madeira
- Ranunculus repens - Portal da Biodiversidade dos Açores
- Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 17 de dezembro de 2013 <http://www.tropicos.org/Name/27100216>
- Ranunculus repens - The Plant List (2010). Version 1. Published on the Internet; http://www.theplantlist.org/ (consultado em 17 de dezembro de 2013).
- Ranunculus repens - International Plant Names Index
- Ranunculus repens - Flora Digital de Portugal. jb.utad.pt/flora.
- Ranunculus repens - Flora-on
- Ranunculus repens - The Euro+Med PlantBase
- Ranunculus repens - Flora Vascular
- Ranunculus repens - Biodiversity Heritage Library - Bibliografia
- Ranunculus repens - JSTOR Global Plants
- Ranunculus repens - Flora Europaea
- Ranunculus repens - NCBI Taxonomy Database
- Ranunculus repens - Global Biodiversity Information Facility
- Ranunculus repens - Encyclopedia of Life