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Parapsicologia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Parapsicologia

pseudociência dedicada à investigação de supostos fenômenos paranormais e psíquicos

Parapsicologia é uma pseudociência[1][2][3] dedicada à investigação de supostos fenômenos paranormais e psíquicos. Seu propósito é a pesquisa científica de telepatia, precognição, retrocognição, clarividência, telecinesia, projeção da consciência, experiências de quase morte, reencarnação, mediunidade e outras reivindicações paranormais e sobrenaturais.[4][5][6][7]

O cientista e filósofo William James foi um dos fundadores da American Society for Psychical Research.
O economista, filósofo e sociólogo Henry Sidgwick foi o primeiro presidente da Society for Psychical Research.
Ganzfeld, um dos experimentos que são realizados para averiguar fenômenos do gênero PES.

O termo parapsicologia foi criado em 1889 por Max Dessoir[8][9] e adotado na década de 1930 por Joseph Banks Rhine[10] para substituir os termos "metapsíquica" e "pesquisa psíquica".[11]

A posição da parapsicologia como ciência é contestada e usada como exemplo de paradigma pseudocientífico.[12] Após mais de um século de investigações, não foram obtidos resultados suportados pelo método científico[13][14], mas pesquisas com meta-análise sugerem ainda campo a ser explorado[15][16][17]. A Parapsychological Association, criada em 1959, apesar das críticas, participa da Associação Americana para o Avanço da Ciência.[18][19][20]

Antecedentes

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Metapsíquica, definida pelo criador Charles Robert Richet professor da Sorbonne e cientista, "(...) ciência que tem por objeto o estudo da produção de fenômenos, mecânicos ou psicológicos, devidos a forças que parecem ser inteligentes ou a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana"[21]. A metapsíquica foi a precursora da pseudociência conhecida como parapsicologia[22][23][24].

Richet, estudando a mediunidade, dividiu a metapsíquica em dois grupos: "Metapsíquica Subjetiva" e "Metapsíquica Objetiva", classificando-os com base na sua divisão em Mediunidade de Efeitos Físicos e Mediunidade de Efeitos Psíquicos, compreendendo a primeira os telecinésicos; a segunda, os criptestésicos[25].

Definição e abrangência

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A Parapsicologia estuda uma série de fenômenos ditos paranormais, incluindo os seguintes aspectos:[6]

Psicologia e psiquiatria

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Apesar da existência de fenômenos paranormais não seja reconhecida pela ciência, e as historiografias da psicologia e da psiquiatria em geral darem pouca atenção a isto, há pesquisadores que sustentam que estudos sobre supostos fenômenos mediúnicos trouxe grande contribuição à formação e desenvolvimento de diversos conceitos científicos, principalmente conceitos ligados ao funcionamento da mente, como o subconsciente, a dissociação, o transtorno dissociativo de identidade, a histeria, a escrita automática e a hipnose. Pesquisas sobre fenômenos paranormais, principalmente sobre a mediunidade, foram importantes no desenvolvimento da psicologia e da psiquiatria científicas por parte de alguns pioneiros no estudo científico da mente, como Sigmund Freud, Carl Jung, Pierre Janet, Frederic Myers, Edmund Gurney[26] e mais notoriamente William James.[27][28]

História

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A Parapsicologia (inicialmente designada como "Pesquisa Psíquica") surgiu sistematicamente no último quarto do século XIX, altamente relacionada com o então grande crescimento recente dos movimentos Moderno Espiritualismo e Mesmerismo, quando em 1882 foi fundada em Londres a Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisa Psíquica) com a proposta de apresentar "uma tentativa organizada e sistemática de investigar o grande grupo de fenômenos controversos designados por termos como mesmérico, psíquico e espiritualista" e com a associação de diversos membros acadêmicos proeminentes. Isto incluía acadêmicos da Universidade de Cambridge, tais como o filósofo Henry Sidgwick e o ensaísta Frederic W. H. Myers. Além desses, a SPR também contava com os físicos Sir William Fletcher Barrett e Balfour Stewart e o político KG Arthur Balfour, que mais tarde se tornou primeiro-ministro. Nas primeiras décadas seguintes, diversos intelectuais de renome mundial se tornaram presidentes da SPR, incluindo como exemplos o psicólogo e filósofo americano William James, o químico e físico inglês Sir William Crookes, o físico inglês Sir Oliver Lodge, o astrônomo francês Camille Flammarion, o Nobel em Medicina francês Charles Richet e o Nobel em Literatura francês Henri Bergson.[29][30]

A SPR logo se tornou o modelo para as sociedades similares em outros países europeus e nos Estados Unidos, tanto que William James, junto ao astrônomo Simon Newcomb e outros cientistas, fundaram em 1885 a American Society for Psychical Research (Sociedade Americana de Pesquisa Psíquica), organização a qual também se associaram muitos intelectuais renomados.[31]

Na década de 40, J.B. Rhine, da Universidade Duke, realizou experimentos sobre percepção extrasensorial em 50 crianças que estudavam numa escola para nativos norte-americanos. O estudo, recentemente descoberto, foi considerado uma afronta à dignidade das crianças.[32]

Referências

  1. Gross, Paul R; Levitt, Norman; Lewis, Martin W (1996). The Flight from Science and Reason (em inglês). New York: New York Academy of Sciences. p. 565. ISBN 978-0801856761. The overwhelming majority of scientists consider parapsychology, by whatever name, to be pseudoscience. 
  2. Friedlander, Michael W (1998). At the Fringes of Science (em inglês). xxx: Westview Press. p. 119. ISBN 0-8133-2200-6. Parapsychology has failed to gain general scientific acceptance even for its improved methods and claimed successes, and it is still treated with a lopsided ambivalence among the scientific community. Most scientists write it off as pseudoscience unworthy of their time. 
  3. Pigliucci, Massimo; Boudry, Maarten (2013). Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem. [S.l.]: University Of Chicago Press. p. 158. ISBN 978-0-226-05196-3. Many observers refer to the field as a 'pseudoscience'. When mainstream scientists say that the field of parapsychology is not scientific, they mean that no satisfying naturalistic cause-and-effect explanation for these supposed effects has yet been proposed and that the field's experiments cannot be consistently replicated. 
  4. Parapsychology. Cambridge Dictionary. Página visitada em 27/11/2014.
  5. Harvey J. Irwin and Caroline Watt. An introduction to parapsychology, McFarland, 2007.
  6. a b What is parapsychology?. The Parapsychology Association (online). Página visitada em 22/06/2014.
  7. Alvarado, Carlos S. Reflections on Being a Parapsychologist. Journal of Parapsychology, vol. 67, pp. 211-248 (2003)
  8. Wolfgang G. Bringmann, Helmut E. Lück, Wolfgang G. Bringmann A pictorial history of psychology 1997, p. 71
  9. Sommer, Andreas (2013). «Normalizing the Supernormal: The Formation of the "Gesellschaft Für Psychologische Forschung" ("Society for Psychological Research"), c. 1886–1890». Journal of the History of the Behavioral Sciences (em inglês). 49 (1): 18–44. ISSN 1520-6696. PMID 23169462. doi:10.1002/jhbs.21577 
  10. Rhine, J.B (1973). Extra-sensory Perception (em inglês). Boston: Branden Books. p. 240. ISBN 9780828314640. Consultado em 4 de Maio de 2016. About this book, from the author in 1964. This is the book that started all the hullabaloo that for more than twenty-five years has been going on around the world over the subject of ESP, or extrasensory perception, and related topics. Its publication in 1934 started the movement that has brought parapsychology in to the university laboratories in various countries and is leading to its acceptance as a proper branch of science, slow and irregular tough this later development is in some countries specially 
  11.   Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Psychical research». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público) 
  12. Bunge, Mario (1983). Treatise on Basic Philosophy: Volume 6: Epistemology & Methodology II: Understanding the World (em inglês). Dordrecht: Springer Science & Business Media. pp. 223–228. ISBN 9789027716347. In conclusion, parapsychology is a pseudoscience paragon. 
  13. Hyman, R. (1986). «Parapsychological research: A tutorial review and critical appraisal». Proceedings of the IEEE. 74 (6): 823–849. ISSN 0018-9219. doi:10.1109/proc.1986.13557 

    • Daisie Radner; Michael Radner (1982). Science and Unreason. Belmont: Wadsworth. pp. 38–66. ISBN 0-534-01153-5 
    • Mario Bunge. (1987). Why Parapsychology Cannot Become a Science. Behavioral and Brain Sciences 10: 576-577.
    • Terence Hines. (2003). Pseudoscience and the Paranormal. Prometheus Books. pp. 113-150. ISBN 1-57392-979-4
    • Pigliucci, Massimo; Boudry, Maarten (eds.) (2013). «Goode, Erich. Paranormalism and Pseudoscience as Deviance». Philosophy of pseudoscience: reconsidering the demarcation problem (em inglês). Many observers refer to the field as a "pseudoscience". When mainstream scientists say that the field of parapsychology is not scientific, they mean that no satisfying naturalistic cause-and-effect explanation for these supposed effects has yet been proposed and that the field's experiments cannot be consistently replicated. Chicago: The University of Chicago Press. pp. 145–163. ISBN 978-0-226-05182-6 
  14. Utts, Jessica (1991). «Replication and Meta-Analysis in Parapsychology». Statistical Science (em inglês). 6 (4): 363–378. ISSN 0883-4237. doi:10.1214/ss/1177011577 
  15. Storm, Lance; Tressoldi, Patrizio E.; Di Risio, Lorenzo (2010). «Meta-analysis of free-response studies, 1992–2008: Assessing the noise reduction model in parapsychology.». Psychological Bulletin (em inglês). 136 (4): 471–485. ISSN 1939-1455. doi:10.1037/a0019457 
  16. Rao, K. Ramakrishna (15 de março de 2016). Basic Research in Parapsychology, 2d ed. (em inglês). [S.l.]: McFarland. ISBN 9781476626307 
  17. Melton, J. G. (1996). Parapsychological Association. In Encyclopedia of Occultism & Parapsychology. [S.l.]: Thomson Gale. ISBN 978-0-8103-9487-2 
  18. American Association for the Advancement of Science - Affiliates. Página visitada em 22/11/2014.
  19. University of Virginia - The Division of Perceptual Studies - Careers in Parapsychology/Psychical Research. Página visitada em 22/11/2014.
  20. RICHET, Charles: Traité de métapsychique, página 5, edição de 1923.
  21. Lachapelle, Sofie (27 de maio de 2011). Investigating the Supernatural: From Spiritism and Occultism to Psychical Research and Metapsychics in France, 1853–1931 (em inglês). [S.l.]: JHU Press. ISBN 9781421401171 
  22. «Haunted thoughts of the careful experimentalist: Psychical research and the troubles of experimental physics». Studies in History and Philosophy of Science Part C: Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences. 48: 46–56. 1 de dezembro de 2014. ISSN 1369-8486. doi:10.1016/j.shpsc.2014.07.003 
  23. Lachapelle, Sofie (1 de dezembro de 2005). «Attempting science: The creation and early development of the Institut métapsychique international in Paris, 1919–1931» (requer pagamento). Journal of the History of the Behavioral Sciences (em inglês). 41 (1): 1–24. ISSN 1520-6696. doi:10.1002/jhbs.20061 
  24. PAULA, João Teixeira de, Enciclopédia de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo, Volume I página 63. Cultural Brasil Editora Ltda. São Paulo (1973).[fonte confiável?]
  25. Sommer, Andreas (2011). «Professional Heresy: Edmund Gurney (1847–88) and the Study of Hallucinations and Hypnotism». Medical History (em inglês). 55 (3): 383–388. ISSN 2048-8343. doi:10.1017/S0025727300005445 
  26. ALVARADO, C. S.; Machado, F. R.; Zingrone, N. & Zangari, W. (2007). Perspectivas históricas da influência da mediunidade na construção de idéias psicológicas e psiquiátricas Arquivado em 20 de outubro de 2013, no Wayback Machine.. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 34, n. 1, p. 42- 53.[fonte confiável?]
  27. SOMMER, Andreas (2012). «Psychical research and the origins of American psychology: Hugo Münsterberg, William James and Eusapia Palladino». History of the Human Sciences 
  28. Beloff, John (1977). Handbook of parapsychology. [S.l.]: Van Nostrand Reinhold. ISBN 0-442-29576-6 
  29. Alvarado, Carlos S.. Fenômenos psíquicos e o problema mente-corpo: notas históricas sobre uma tradição conceitual negligenciada. Rev. psiquiatr. clín. vol.40 no.4 São Paulo 2013.
  30. Berger, Arthur S.; Berger, Joyce (1991). The Encyclopedia of Parapsychology and Psychical Research. [S.l.]: Paragon House Publishers. ISBN 1-55778-043-9 
  31. «The bizarre ESP experiments conducted on Canadian aboriginal children without parental consent -- Sott.net». SOTT.net. Consultado em 20 de setembro de 2015 

Bibliografia

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Ligações externas

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