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Paleoamericanos – Wikipédia, a enciclopédia livre

Paleoamericanos

(Redirecionado de Paleoamericano)

Paleoamericanos e paleoameríndios são termos utilizados para designar os primeiros povos que entraram e, posteriormente, habitaram o continente americano durante a última glaciação no período Pleistoceno tardio.[1]

Desenho de Heinrich Harder (1858-1935) mostrando paleoíndios caçando um gliptodonte

Etimologia

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O prefixo "paleo" vem do adjetivo grego palaios (παλαιός), que significa "velho". O termo "paleoamericanos" se aplica especificamente ao período lítico no Hemisfério Ocidental e é distinto do termo Paleolítico.

Sítios arqueológicos

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Pegadas humanas datadas de 21 a 23 mil anos AP. Parque Nacional de White Sands, Novo México.[2]

A Cultura Clóvis, descoberta em 1929, era considerada como a cultura indígena mais antiga da América, datada de 13.500 anos,[3] gerando-se um consenso que foi fundamento da teoria do povoamento tardio do continente. A partir das duas últimas décadas do século XX, novas pesquisas científicas questionaram essa teoria, defendendo a existência de culturas paleo-americanas muito mais antigas.[4]

Alem disso, segundo pesquisas da Universidade de Copenhagen o chamado corredor sem gelo se tornou habitável por humanos apenas 12.600 anos atrás, isto é quase 1 000 anos após a formação da cultura Clovis, o que significa que os primeiros americanos não foram os que entraram no continente a partir do Alasca através do corredor livre de gelo canadense, mas tanto os grupos que desenvolveram a cultura Clovis como outros, tomaram a rota costeira do Pacífico,[5][6] através da qual esteve aberta uma ampla Conexão Beringia, tão ampla quanto a distância norte-sul até o atual Alasca, uma região onde os mamutes e as gramíneas das estepes da Sibéria se misturavam com as do noroeste da América.[7]

Pode-se considerar que Alex Krieger foi o precursor da teoria do povoamento precoce ou temporão,[8][9] mas nas últimas décadas, nas Américas têm sido achados vários sítios arqueológicos importantes nos quais cientistas de todo o mundo estão encontrando possíveis evidências incompatíveis com a teoria da colonização tardia (clóvis), que aponta para uma colonização precoce do continente americano. Apesar das polêmicas, os seguintes sites podem se destacar:

  • Montalvânia, Minas Gerais, Piauí, Brasil, calcitas que recobrem gravados datados em 50 000 AP.[10]
  • Cuenca del Valsequillo, Puebla, México, pegadas humanas em cinzas vulcânicas de 40 000 anos AP.[11]
  • Pendejo Cave, Novo México, Estados Unidos, ponta de lança entre ossos de um cavalo, ferramentas de ossos, cabelo humano, e impressões digitais e de palmas humanas, como datações até de 36 000 AP.[12]
  • Pedra Furada, Brasil, instrumentos de pedra, como facas e raspadores de pelo menos 32 000 anos. Um crânio humano incompleto e 29 dentes, em sedimentos datados em 24.000 anos pelo método da luminescência óptica.[13][14]
  • El Cedral (SLP, México). Restos humanos e artefactos líticos com antiguidade de 31 000 anos.
  • Arroyo del Vizcaíno, Canelones, Uruguay. Restos de 30 000 anos.[15]
  • Abrigo de Santa Elina, Serra das Araras, Jaganda, Mato Grosso, Brasil) Alguns artefatos líticos datados em 27 000 anos AP.[16]
  • White Sands, Novo México, Estados Unidos, pegadas humanas delimitadas por camadas de sementes datadas por radiocarbono entre 23 e 21 mil anos AP.[2][17]
  • Toca da Tira Peia, Coronel José Dias, Piauí, Brasil, 113 artefatos de pedra consistindo em ferramentas e fragmentos de ferramentas em várias camadas de solo, a terceira datada por luminescência en 22.000 AP.[18]
  • Topper, Carolina do Sul, Estados Unidos, ferramentas de pedra e outros artefatos de pelo menos 20 000 anos de antiguidade.[19]
  • Tlapacoya (Méx, México). Navalha de obsidiana de há 21 000 anos.
  • Abrigo rochoso de Chiribiquete, Colombia, pinturas rupestres de até 19 510 anos AP.[20]
  • Meadowcroft Rockshelter, Pensilvania, Estados Unidos, restos de processamento de animais, ferramentas e evidências de ocupação humana que datam de 19.000 AP.[21][22]
  • Piquimachay, Ayacucho, Perú. Pontas de projetil, raspadores, facas; de 17 000 anos, aproximadamente. O antropólogo Mc Neish opina que estes imigrantes chegaram aos Andes peruanos há 22 000 anos.
  • Buttermilk Creek, Texas, Estados Unidos,pontas de projetil e vários artefatos que evidenciam uma ocupação humana quase contínua, que começou pelo menos há 16 000 anos..[23][24]
  • Cooper's Ferry, Idaho. Ferramentas e fogueiras datadas entre 15 280 e 16 560 anos AP.[25][26]
  • Caverna da Pedra Pintada, Pará, Brasil. Pontas de projetil pulidas em forma triangular. Ferramentas de pedra datadas em até 16 190 anos AP.[27] Covas decoradas com figuras geométricas e imágens antropomorfas. Restos vegetales de ocupaçãon humana de há 11 110 anos AP.
  • Cactus Hill, Virginia. Lascas de pedra, pontas de projetil e raspadores con datações entre 15 070 e 19 700 AP.
  • Page-Ladson, Florida. Pontas de lança de marfim, artefatos de pedra e osos de mastodonte com marcas de corte, datados entre 15 405 e 14 146 anos AP.
  • Tultepec II, estado de México. Armadilhas excavadas para caçar mamute e centenas de osos dos animais caçados, nos estratos que datam de 15 000 anos AP.[28]
  • Monte Verde (Chile), artefatos líricos e óseos, cordas, estacas, coro de Gomphotherium e pisadas de um pé pequeno, com datações confirmadas de pelo menos 14 800 anos e evidencias de ocupação humana anterior.[29]
  • Wilson Butte Cave (sur de Idaho). Ferramentas de pedra associadas com ossos datados 14 500 anos AP.
  • Saltville, Virginia, ferramenta de osso, facas de pedra, feitas a mão, microtalhas, restos de mastodonte cozido e carbono vegetal com datações entre 14 500 e 13 000 AP.
  • Calico, California, ferramentas bifaciais que datam de 14 400 anos.
  • Ilha Triquet, Colúmbia Britânica, Canadá. Fogão de há 14 000 anos.[30]
  • Taima Taima, Muaco e El Jobo, Falcón, Venezuela. Pelve de mastodonte perfurada pela ponta de uma lança, ferramentas de pedra, de 14 000 e 12 000 anos.
  • Manis Mastodon estado de Washington. Ponta de projetil de 13 800 anos.
  • El Guitarrero, Ancash, Perú. Indústria lítica de lascas, uma ponta de projétil e uma faca; ambas bifaciais, de 13 000 anos.
  • El Abra, Zipaquirá, Colômbia. Diferentes tipos de raspadores , picadores, lâminas feitas em flocos, que datam de 12 400 anos.[31]
  • Chivateros Lima, Perú. Indústria lítica para trabalhos de recoleta, de 12 000 anos.
  • Los Toldos, Santa Cruz, Argentina. Restos de caça e coleta de 12 000 anos.
  • Tibitó, Tocancipá, Cundinamarca, Colômbia. Instrumentos de corte, raspadores laterais, um raspador quilhado e artefatos de osso que se interpretam como facas e perfuradores, de 11 740 anos.
  • Lapa Vermelha, Lagoa Santa (Minas Gerais), Brasil. Crânio e esqueleto de Luzia, datado em 11 400 años.[32]
  • Paiján La Libertad, Perú. Esqueletos humanos de 11 000 anos.
  • Cueva Fell, Magallanes, Chile. Restos de 11 000 anos.[33]

Referências

  1. «Paleoamericanos provavelmente caçavam onde hoje estão os Grandes Lagos». 25 de agosto de 2009 
  2. a b Bennett, Matthew R.; et al. (2021). «Evidence of humans in North America during the Last Glacial Maximum». Science. 373 (6562): 1528–1531. doi:10.1126/science.abg7586 
  3. Waters, Michael R. and Thomas W. Stafford Jr. (2007) "Redefining the Age of Clovis: Implications for the Peopling of the Americas"; Science 315 (5815): 1122-1126. [[doi=10.1126/science.1137166}}
  4. Escobar, Herton (23 de julho de 2007). «Povoamento das Américas». Portal da USP. Consultado em 13 de setembro de 2021 
  5. Callaway, Ewen (10 de agosto de 2016). «Plant and animal DNA suggests first Americans took the coastal route». Nature 536 (7615). Consultado em 23 de agosto de 2016.
  6. Pedersen, Mikkel; Willerslev, Eske, et.al. (10 de agosto de 2016). «Postglacial viability and colonization in North America’s ice-free corridor». Nature. Consultado em 23 de agosto de 2016.
  7. O'Neill, Dan (2009) Last Giant of Beringia: The Mystery of the Bering Land Bridge. Cambridge MA: Westview Press. ISBN 978-0-465-05157-1
  8. Krieger, A. (1964) "Eraly man in the New World; J. Jennings & Norbeck, E. (comp.) Prehistoric man in the New World: 23-84. The University of Chicago Press.
  9. Krieger, Alex D. (1964) El hombre primitivo en América. Buenos Aires: Nueva Visión, 1974.
  10. Sastry, M.D. et al. (2004): «Dating sediment depsits in Montalvanian carvings using EPR and TL methods»; Nuclear instruments and methods in physics research 213: 751-755.
  11. Rincón, Paul (5 July, 2005) Footprints of 'first Americans' (en inglés) BBC (Londres).
  12. MacNeish, Richard; Libby, Jane, eds. (2004). Pendejo Cave. University of New Mexico. p. 67. ISBN 978-0826324054.
  13. Peyre, Evelyne; Jean Granat e Niède Guidon (2009): «Dentes e crânios humanos fósseis do Garrincho (Brasil) e o povoamento antigo da América»; FUMDHAMentos VIII: 62-69.
  14. Guidon, Niède e Delibrias, G. (1986): «Carbon-14 dates point to man in the Americas 32 000 years ago»; Nature 321: 769-771.
  15. Arroyo del Vizcaíno, Uruguay: A fossil-rich 30-ka-old megafaunal locality with cut-marked bones - Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 281(1774):20132211 [1]
  16. Vialou, Denis; Mohammed Benabdelhadi; James Feathers; Michel Fontugne; Agueda Vilhena Vialou (2017). «Peopling South America's centre: The late Pleistocene site of Santa Elina». Antiquity. 91 (358). pp. 865–884 
  17. Rincon, Paul (24 de setembro de 2021). «A incrível descoberta que indica presença humana nas Américas muito antes do que se pensava». BBC 
  18. Lahaye, Christelle; Marion Hernandez; Eric Boëda; Gisele D. Felice; Niède Gu; Sirlei Hoelt; Antoine Lourdeau; Marina Pagli; Anne-Marie Pessis; Michel Rasse & Sibeli Viana (2013). «Human occupation in South America by 20,000 BC: the Toca da Tira Peia site, Piauí, Brazil». Journal of Archaeological Science. 40 (6). pp. 2840–2847. ISSN 0305-4403. doi:10.1016/j.jas.2013.02.019 
  19. Goodyear, Albert C. (2009) "Update on Research at the Topper Site";Legacy (Newsletter of the South Carolina Institute of Archaeology and Anthropology) 13(1): 12-15.
  20. Castaño Uribe, Carlos (2008) Tradición Cultural Chiribiquete. Rupestreweb. Consultada em 2 de agosto de 2016.
  21. Adovasio James M, Gunn JD, Stuckenrath, R. (1978) "The Meadowcroft Rockshelter, 1977: An overview"; American Antiquity, 43 (4): 632-651.
  22. Adovasio, James M. & D. R. Pedler (2014) "Meadowcroft Rockshelter: Retrospect"; Pre-Clovis in the Americas, edited by Dennis Stanford and Alison T. Stenger, 63-76. Washington DC: Smithsonian Institution.
  23. Waters, Michael R. et al. (2018) "Pre-Clovis projectile points at the Debra L. Friedkin site, Texas—Implications for the Late Pleistocene peopling of the Americas; Science Advances 4(10). doi:10.1126/sciadv.aat4505
  24. Williams, Thomas J. et al. (2018) "Evidence of an early projectile point technology in North America at the Gault Site, Texas, USA; Science Advances 4(10). doi:10.1126/sciadv.aar5954
  25. Davis, Loren G.; Madsen, David B.; Becerra Valdivia, Lorena; Higham, Thomas; et al. (2019). «Late Upper Paleolithic occupation at Cooper's Ferry, Idaho, USA, ~16,000 years ago». Science. 365. pp. 891–897. doi:10.1126/science.aax9830 
  26. Gannon, Megan (29 de agosto de 2019). «15,000-year-old Idaho archaeology site now among America's oldest». National Geographic. Consultado em 10 de setembro de 2019 
  27. Roosevelt, Anna C. et al. (1996) "Paleoindian cave dwellers in the Amazon: the peopling of the Americas". Science 272 (5260): 373-384.
  28. INAH (6 de novembro de 2019). «Descubren en Tultepec, Estado de México, contexto inédito de cacería y destazamiento de mamuts» 
  29. Dillehay, Tom D.; Carlos Ocampo; José Saavedra; Andre Oliveira Sawakuchi; Rodrigo Vega; Mario Pino; Michael Collins; Linda Scott Cummings; Iván Arregui; Ximena Villagran; Gelvam Hartmann; Mauricio Mella; Andrea González; George Dix (2015). «New Archaeological Evidence for an Early Human Presence at Monte Verde, Chile». PLoS ONE. 10 (11): e0141923. doi:10.1371/journal.pone.0141923 
  30. Katz, Brigite (2017) Found: One of the Oldest North American Settlements; Smithsonian.com. Consultado em 6 de abril de 2017.
  31. Correal Urrego, Gonzalo (1990) "Evidencias culturales durante el Pleistoeno y Holoceno de Colombia"; Revista de Arqueología Americana 1: 69-89. México: Instituto Panamericano de Geografía e Historia.
  32. Feathers, James; R. Kipnis; L. Piló; M. Arroyo & D. Coblentz (2010) «How old is Luzia? Luminescence dating and stratigraphic integrity at Lapa Vermelha, Lagoa Santa, Brazil»; Geoarchaeology 25 (4): 395-436.
  33. Roosevelt, Anna C. (1990). "Travels and Archaeology In South Chile"; The Latin American Anthropology Review 2 (2): 72–74. American Anthropological Association.

Ligações externas

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