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Fridtjof Nansen – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fridtjof Nansen (Cristiânia, 10 de outubro de 1861Lysaker, 13 de maio de 1930) foi um cientista, explorador polar, aventureiro e político norueguês. Enquanto delegado norueguês na Liga das Nações criou o passaporte Nansen para os refugiados, tendo sido galardoado com o Nobel da Paz em 1922.

Fridtjof Nansen Medalha Nobel
Fridtjof Nansen
Nascimento Fridtjof Wedel-Jarlsberg Nansen
10 de outubro de 1861
Cristiânia
Morte 13 de maio de 1930 (68 anos)
Lysaker, Akershus
Sepultamento Polhøgda Cemetery
Cidadania Noruega
Progenitores
  • Baldur Fridtjof Nansen
  • Adelaide Wedel-Jarlsberg
Cônjuge Eva Sars (1889–1907)
Filho(a)(s) Odd Nansen, Irmelin Revold
Irmão(ã)(s) Alexander Nansen, Sigrid Bølling
Alma mater Real Universidade Frederico
Ocupação cientista
explorador
humanitário
Distinções Nobel da Paz
Ordem de Santo Olavo
Ordem de Dannebrog
Legião de Honra
Ordem de Santo Estanislau
Medalha Geográfica Cullum
Medalha Veda
Medalha Constantino
Empregador(a) Museu de Bergen, Universidade de Oslo
Religião ateísmo
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio
Assinatura
Assinatura de Fridtjof Nansen

A sua expedição, composta por seis homens, partiu em 1888. Enfrentou um ambiente totalmente hostil. Doze dias passaram antes da equipa ser sequer capaz de pisar o continente, depois de abandonar a segurança do principal navio da expedição. Os homens concluíram o caminho ao longo da calota de gelo chegando à costa ocidental da Gronelândia em setembro. Ao longo da perigosa viagem, Nansen e os seus homens registaram meticulosamente as condições meteorológicas e compilaram outros dados científicos.[1]

Família e infância

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Nansen com quatro anos de idade.

A família Nansen é originária da Dinamarca. O comerciante Hans Nansen (1598-1667) foi um dos primeiros exploradores da região do Mar Branco, no Oceano Ártico. Nos últimos anos de sua vida, ele se estabeleceu em Copenhaga, tornando-se prefeito da localidade em 1654. As gerações seguintes da família viveram naquela cidade até meados do século XVIII, quando Ancher Antoni Nansen mudou-se para a Noruega, que na época estava sob domínio dinamarquês. Seu filho, Hans Leierdahl Nansen (1764-1821), foi um magistrado no distrito de Trondheim, e depois em Jæren. Após a separação da Noruega da Dinamarca em 1814, ele entrou na vida política nacional como representante da cidade de Stavanger no primeiro Storting, o parlamento norueguês, e tornou-se um forte defensor da união de seu país com a Suécia. Depois de sofrer um derrame cerebral em 1821, Hans Leierdahl morreu, deixando um filho de quatro anos de idade, Baldur Fridtjof Nansen, o pai do explorador.[2]

Baldur era um advogado sem ambições políticas e trabalhava como relator na Suprema Corte da Noruega.[3] Ele se casou duas vezes; na segunda com Adelaide Johanne Thekla Isidore Bølling Wedel-Jarlsberg, uma sobrinha de Herman Wedel-Jarlsberg, notório político que ajudou a elaborar a constituição norueguesa de 1814 e que mais tarde foi o vice-rei sueco no reinado norueguês.[4] Baldur e Adelaide se estabeleceram na Store Frøen, uma propriedade em Aker, situada alguns quilômetros ao norte de Christiania, capital da Noruega (atualmente chamada de Oslo). O casal teve três filhos, o primeiro morreu ainda criança, e o segundo, nascido em 10 de outubro de 1861, foi Fridtjof Nansen.[5][6]

O ambiente rural em Store Frøen moldou a natureza da infância de Nansen. Nos curtos verões daquele lugar, as principais atividades eram nadar e pescar, enquanto no outono o passatempo principal era caçar nas florestas. Os longos meses de inverno eram dedicados principalmente ao esqui, esporte que Nansen começou a praticar aos dois anos de idade com pranchas improvisadas.[6] Aos dez, ele desobedeceu a seus pais e tentou um salto de esqui próximo de onde ocorria a tradicional competição Husebyrennet. Essa travessura quase teve consequências desastrosas. Na aterrissagem o esqui afundou na neve, lançando o garoto para a frente. "Eu, de cabeça, fiz um arco no ar... Quando desci de novo fiquei enterrado na neve até a cintura. Os garotos pensaram que eu tinha quebrado o pescoço, mas logo que viram que havia vida em mim... uma saraivada de risos zombeteiros surgiu".[5][nota 1] O entusiasmo de Nansen pelo esqui não diminuiu, embora, como ele mesmo relatou, seus esforços foram ofuscados pelos esquiadores da região montanhosa de Telemark, onde um novo estilo de esqui estava sendo desenvolvido. "Eu vi que essa era a única maneira", escreveu Nansen mais tarde.[7]

O jovem Fridtjof frequentou normalmente a escola, sem demonstrar qualquer aptidão especial em alguma das áreas do conhecimento.[6] Os estudos ficavam em segundo plano em relação ao esporte, ou para expedições em florestas, onde ele vivia "como Robinson Crusoe" por algumas semanas.[8] Por meio de tais experiências, Nansen desenvolveu um acentuado grau de autossuficiência. Tornou-se um excelente esquiador e um patinador no gelo altamente proficiente. Sua vida sofreu um grande impacto quando, no verão de 1877, sua mãe Adelaide morreu de repente. Angustiado, Baldur Nansen vendeu a propriedade de Store Frøen e se mudou com seus dois filhos para a capital Christiania.[9] As qualidades desportivas de Nansen continuaram a se desenvolver. Aos 18 anos de idade, ele bateu o recorde mundial de patinação em uma milha, e no ano seguinte ganhou o campeonato nacional de esqui cross-country, uma façanha que se repetiria em outras onze ocasiões.[10]

De estudante a aventureiro

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Em 1880, Nansen foi aprovado em seu exame de admissão para a universidade, o examen artium. Decidiu estudar zoologia, afirmando mais tarde que escolheu essa área porque pensou que oferecesse a oportunidade de uma vida ao ar livre. Ele começou seus estudos na Universidade de Christiania no começo de 1881.[11]

No início de 1882, Nansen deu o primeiro "passo crucial" que o levou a "se desviar da vida tranquila da ciência".[12] O professor Robert Collett, do departamento de zoologia da universidade, propôs que Nansen fizesse uma viagem marítima para estudar a fauna do Ártico, tema até então pouco pesquisado. Nansen se entusiasmou com a ideia e pediu auxílio ao capitão Axel Krefting, comandante do navio Viking, utilizado para caçar focas.[12] A viagem começou em 11 de março de 1882 e se estendeu ao longo dos cinco meses seguintes. Nas semanas anteriores ao início da caça de focas, Nansen foi capaz de concentrar-se em estudos científicos.[13] A análise de amostras de água mostrou que, ao contrário do que se imaginava, o gelo do mar se forma na superfície da água ao invés da parte profunda. Suas leituras também demonstraram que a corrente do Golfo flui numa camada de água fria sob a superfície.[14] Durante a primavera e o início do verão, o Viking vagou entre a Groelândia e a ilha de Spitsbergen, em busca de rebanhos de focas. Nansen se tornou um exímio atirador, e registrou orgulhosamente que em um único dia sua equipe abateu 200 focas. Em julho, o Viking ficou preso no gelo próximo a uma área inexplorada da costa da Groelândia; Nansen desejava desembarcar, mas isso era impossível.[13] No entanto, ele começou a desenvolver a ideia de que a calota de gelo da Groelândia poderia ser explorada, ou mesmo atravessada em toda a sua extensão.[10] Em 17 de julho, o navio soltou-se do gelo e no início de agosto estava de volta às águas norueguesas.[13]

Nansen não retomou os estudos na universidade. Em vez disso, por recomendação de Collett, aceitou um cargo de curador do departamento de zoologia do Museu de Bergen. Ele passaria os próximos seis anos de sua vida nessa função - exceto por um turnê sabática de seis meses pela Europa - trabalhando e estudando com figuras de destaque, como Gerhard Armauer Hansen, o descobridor da bactéria causadora da hanseníase,[15] e Daniel Cornelius Danielssen, diretor da instituição que conseguiu transformar o museu em um centro de educação e pesquisa científica.[16] A área de estudo escolhida por Nansen foi um campo relativamente inexplorado da neuroanatomia, especificamente o sistema nervoso central de espécies marinhas inferiores. Antes de partir para o seu ano sabático, publicou um artigo em fevereiro de 1886 resumindo suas pesquisas até aquela data, no qual afirmou que "anastomoses ou uniões entre diferentes células ganglionares" não puderam ser demonstradas com exatidão. Esta visão não ortodoxa, confirmada por pesquisas simultâneas do embriologista Wilhelm His e do psiquiatra August Forel, fez de Nansen o co-fundador da teoria moderna do sistema nervoso. Seu trabalho posterior, The Structure and Combination of Histological Elements of the Central Nervous System, publicado em 1887, tornou-se sua tese de doutorado.[17]

Travessia da Groelândia

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Planejamento

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Adolf Erik Nordenskiöld organizou uma expedição em 1883 que penetrou 160 km no interior da Groelândia.

A ideia de uma expedição que atravessasse toda a calota glacial da Groelândia amadureceu na mente de Nansen ao longo dos anos que passou em Bergen. Em 1887, após terminar de escrever sua tese de doutorado, ele finalmente começou a organizar este projeto. Até aquela época, as duas penetrações mais significativas no interior da Groelândia haviam sido as de Adolf Erik Nordenskiöld em 1883, e de Robert Peary em 1886. Ambos saíram da baía de Disko, na costa ocidental da ilha, e viajaram cerca de 160 km a leste antes de regressar.[18] Em contraste, a proposta de Nansen era viajar de leste para oeste, terminando sua jornada na baía de Disko, ao invés de começar por ela. Uma equipe que saísse da área habitada do oeste, pensava ele, teria que fazer uma viagem de volta, já que o navio de resgate não teria certeza em qual parte da perigosa costa leste o grupo chegaria.[19] Uma vez começando a viagem a partir do leste - supondo que o desembarque pudesse ser realizado - Nansen poderia fazer uma viagem só de ida, e com destino a uma área povoada. A equipe de exploradores não teria nenhuma linha de retirada para uma base segura; a única maneira seria seguir em frente, uma situação que se encaixava perfeitamente em sua filosofia.[20]

Nansen rejeitou a organização complexa e a mão de obra pesada típica das outros excursões no Ártico, em vez disso, planejou sua expedição com apenas um pequeno grupo de seis pessoas. Os suprimentos seriam carregados manualmente sobre trenós leves especialmente concebidos para a empreitada. Muito do equipamento, incluindo sacos de dormir, roupas e fogões, também precisaram ser projetados a partir do zero. O planejamento recebeu, de um modo geral, pouca cobertura da imprensa;[21] um crítico afirmou que se a tentativa fosse realizada daquela forma, as chances de sucesso seriam de uma em dez, e que Nansen morreria inutilmente, levando outros homens consigo.[22] O Parlamento da Noruega recusou-se a prestar apoio financeiro, acreditando que um empreendimento potencialmente arriscado como aquele não deveria ser incentivado. O projeto acabou sendo alavancado com uma doação do empresário dinamarquês Augustin Gamél, o restante veio principalmente de pequenas contribuições de compatriotas de Nansen, através de um esforço de angariação de fundos organizado por estudantes da universidade em que trabalhava.[23]

Apesar das desanimadoras previsões da mídia local, inúmeros aventureiros manifestaram o desejo de se juntar a Nansen em sua expedição. Ele queria esquiadores experientes, e tentou recrutar os esquiadores de Telemark, mas seus convites foram rejeitados.[24] Adolf Nordenskiöld havia dito a Nansen que o povo Sami, da região da Finamarca, no extremo norte da Noruega, eram especialistas em viagens na neve, de modo que Nansen contratou dois deles. As vagas restantes foram preenchidas por Otto Sverdrup, um ex-capitão do mar que na época trabalhava como engenheiro florestal; o oficial do exército Oluf Christian Dietrichson, e Kristian Kristiansen, um conhecido de Sverdrup. Todos tinham experiência de vida ao ar livre em condições extremas, e eram excelentes esquiadores.[25] Na véspera da partida da expedição, Nansen participou de um exame formal na universidade, que tinha concordado em avaliar sua tese de doutorado. De acordo com o costume, teve que defender seu trabalho diante de examinadores que atuavam como "advogados do diabo". Ele partiu antes de saber se sua tese havia sido aprovada ou não.[25]

Expedição

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Expedição à Groelândia, julho a outubro de 1888
  A linha tracejada mostra a aproximação do navio Jason, até 17 de julho. A linha contínua mostra o local de desembarque da expedição, e a trajetória para o sul e depois para o norte na direção de Umivik.
  Rota da travessia planejada originalmente, de Sermilik para Christianhaab.
  Rota realizada até Godthaab, 15 de agosto a 3 de outubro.

No dia 3 de junho de 1888, a equipe de Nansen partiu do porto de Ísafjörður, no noroeste islandês, a bordo do navio Jason. Uma semana mais tarde avistaram a costa da Groelândia, mas o progresso da viagem foi prejudicado pela espessa camada de gelo. Em 17 de julho, com a costa ainda a 20 quilômetros de distância, decidiu lançar os pequenos botes; a esta altura já avistavam o fiorde Sermilik, que Nansen acreditou servir como ponto de partida para uma rota sobre a calota da Groelândia.[26]

A expedição deixou o Jason "de bom humor e com as maiores esperanças de um resultado favorável", segundo relato do capitão do navio.[26] Mas o que se viu a partir daí foram dias de extrema frustração para o grupo de Nansen, que estava impedido de chegar à costa devido às más condições climáticas e marítimas. Eles ficaram a deriva, junto com o gelo, e foram levados em direção sul. Na maior parte deste tempo, a equipe acampava sobre o próprio gelo, já que era muito perigoso se lançar ao mar com os botes. Em 29 de julho, o grupo já estava a 380 km ao sul do local onde haviam deixado o navio. Naquele dia, finalmente chegaram em terra firme, mas estavam muito ao sul para começar a travessia. Depois de um breve descanso, Nansen ordenou que seu pessoal voltasse para os pequenos barcos e que remassem rumo ao norte.[27]

Durante os 12 dias seguintes a equipe lutou para seguir em direção norte ao longo da costa, enfrentado o fluxo contrário do gelo. No primeiro dia eles encontraram um grande acampamento esquimó perto do cabo Bille,[28] e houve outros contatos ocasionais com a população nômade nativa durante a viagem. Em 11 de agosto, quando o grupo já tinha percorrido cerca de 200 km e alcançado o fiorde Umivik, Nansen decidiu que, embora ainda estivessem bastante ao sul do lugar de partida que tinha planejado, a expedição precisava começar a travessia antes que a temporada se tornasse demasiada avançada para viagens.[29] Após o desembarque em Umivik, passaram os próximos quatro dias se preparando para a jornada, até que na noite de 15 de agosto, finalmente partiram. A equipe tomou uma rota em sentido norte-oeste com destino a Christianhaab (hoje chamada de Qasigiannguit), localidade situada na costa oeste da Groelândia, nas margens da baía de Disko, e a 600 km de distância de onde o grupo de Nansen se encontrava naquele momento.[30]

Ao longo dos dias seguintes, a expedição lutou para seguir caminho no gelo terrestre, sobre uma superfície traiçoeira com muitas crevasses escondidas. As condições climáticas eram, na maioria das vezes, ruins. Em uma ocasião, o progresso foi interrompido por três dias devido a violentas tempestades e à chuva contínua.[31] Em 26 de agosto, Nansen concluiu que não havia mais como chegar a Christianhaab em meados de setembro, época em que o último navio costumava deixar o local. Ele então ordenou uma mudança de curso, quase que para oeste, em direção a Godthaab (hoje chamada de Nuuk, a capital da Groelândia), o que deixava a viagem cerca de 150 km mais curta. O restante da equipe, de acordo com Nansen, "elogiou a mudança do plano com aclamação".[32] Eles continuaram subindo, até que em 11 de setembro atingiram 2 719 metros acima do nível do mar, o cume da calota glacial, com temperaturas de até -46 °C durante a noite. A partir de então o declive facilitou a viagem, embora o terreno fosse difícil e as condições climáticas permanecessem hostis.[33] O progresso foi lento por causa da neve fresca, que fazia com que o trabalho de arrastar os trenós fosse tão difícil quanto puxá-los sobre um terreno arenoso. Em 26 de setembro a expedição teve que passar na beira de um fiorde para seguir em direção a Godthaab. Sverdrup construiu um barco improvisado com material retirado de sua tenda, de alguns salgueiros locais e de parte dos trenós. Até que em 29 de setembro, Nansen e Sverdrup começaram a última etapa da viagem, remando através do fiorde.[34] Quatro dias depois, em 3 de outubro de 1888, a dupla chegou a Godthaab, onde foram recebidos pelo representante dinamarquês da cidade. Suas primeiras palavras foram para informar a Nansen que seu doutorado havia sido aprovado, um assunto que, como Nansen mais tarde escreveu, "não poderia estar mais remoto em meus pensamentos naquele momento".[35] A travessia foi realizada em 49 dias, perfazendo um total de 78 dias desde que o grupo deixou o navio Jason. Durante toda a viagem a equipe registrou cuidadosamente as condições meteorológicas, acidentes geográficos e outros dados relacionados àquela região que nunca havia sido explorada.[10] O restante do grupo chegou em Godthaab em 12 de outubro.

Nansen logo soube que nenhum navio podia atracar em Godthaab até a primavera seguinte, mas o grupo pôde enviar cartas para familiares na Noruega por meio de um barco que deixou Ivigtut no final de outubro. Nansen e sua equipe, portanto, tiveram que passar os próximos sete meses na Groelândia, caçando, pescando e estudando a vida dos habitantes locais.[36] Em 15 de abril de 1889, o navio dinamarquês Hvidbjørnen finalmente entrou no porto, e Nansen e seus companheiros se prepararam para partir. "Não foi sem tristeza que deixamos este lugar e estas pessoas, com as quais tínhamos uma relação tão boa", recordou o explorador.[37][nota 2]

Casamento

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O navio Hvidbjørnen chegou a Copenhaga em 21 de maio de 1889. As notícias da expedição já circulavam antes da chegada do grupo, e Nansen e seus companheiros foram recepcionados como heróis. Estas boas-vindas, no entanto, foram discretas se comparadas com a receção calorosa em Christiania, uma semana depois, quando uma multidão de trinta a quarenta mil pessoas, um terço da população da cidade, se aglomerou nas ruas para ver de perto os exploradores; a primeira de uma série de homenagens que receberam na capital do país. O interesse e o entusiasmo gerado pela realização da expedição influenciou diretamente na fundação, ainda naquele ano, da Sociedade Geográfica Norueguesa.[38]

Nansen aceitou o cargo de curador da coleção de zoologia da Universidade de Christiania, função que tinha um salário, mas não envolvia deveres; a universidade estava satisfeita por associar o nome da instituição com o prestígio do explorador. A principal tarefa de Nansen nas semanas seguintes era escrever seu relato da expedição, mas conseguiu encontrar tempo para, no final de junho, visitar Londres, onde conheceu o então príncipe de Gales e futuro rei Eduardo VII do Reino Unido. Participou ainda de uma reunião da Royal Geographical Society.[38] O presidente da sociedade, Sir Mountstuart Elphinstone Grant Duff, disse que Nansen reivindicou "o lugar mais importante entre os viajantes do norte", e mais tarde lhe concedeu a prestigiosa Medalha do Fundador oferecida pela Sociedade. Esta foi uma das muitas honrarias que Nansen recebeu de instituições por toda a Europa.[39] Ele foi convidado por um grupo de australianos para liderar uma expedição à Antártida, mas recusou, acreditando que os interesses da Noruega seriam melhor servidos com a conquista do Polo Norte.[40]

Em 11 de agosto de 1889, Nansen anunciou seu noivado com Eva Sars, filha de Michael Sars, um professor de zoologia que faleceu quando Eva tinha apenas 11 anos de idade.[41] O casal se conheceu alguns anos antes, na estância de esqui de Frognerseteren, onde Nansen lembra de ter visto "dois pés para fora da neve".[39] Eva era três anos mais velha que ele. Além de ser uma excelente esquiadora, também foi uma célebre cantora clássica tendo sido instruída por Désirée Artôt em Berlim, artista que foi amante de Tchaikovsky. O relacionamento com Eva surpreendeu a muitos, pois Nansen já havia se manifestado fortemente contrário à instituição do casamento; Otto Sverdrup assumiu que ele havia lido a mensagem errada. O casamento ocorreu em 6 de setembro de 1889, menos de um mês após o noivado.[41]

Expedição Fram

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Teorias e planos

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Nansen começou a considerar a possibilidade de chegar ao Polo Norte usando o curso natural do gelo polar, quando, em 1884, leu as teorias de Henrik Mohn, um ilustre meteorologista norueguês. Artefatos encontrados na costa da Groelândia haviam sido identificados como provenientes do navio norte-americano de exploração ártica Jeannette, que havia sido esmagado e afundado em junho de 1881 sobre o lado oposto do Oceano Ártico, na costa da Sibéria. Mohn supôs que a localização dos artefatos indicaria a existência de uma corrente oceânica, fluindo de leste a oeste percorrendo todo o caminho através do mar polar, possivelmente, sobre o polo em si. Um navio forte o suficiente poderia, portanto, entrar no mar congelado da Sibéria, e levado à deriva para a costa da Gronelândia, passando então pelo polo.

Essa ideia permaneceu com Nansen durante os anos seguintes. Após o seu regresso triunfante da Groelândia começou a desenvolver um plano detalhado para um empreendimento polar, o qual tornou público em de 1890 durante uma reunião da recém-formada Sociedade Geográfica da Noruega. Nansen argumentou que expedições anteriores haviam tentando alcançar o Polo Norte a partir do oeste, e que por isso estavam trabalhando contra a corrente leste-oeste em vigor. O segredo do sucesso seria trabalhar a favor desta corrente. Um plano viável, disse Nansen, exigiria um navio pequeno, forte e ágil capaz de transportar combustível e provisões para doze homens por cinco anos. O navio iria navegar para a localização aproximada do Jeannette afundando, e entraria no gelo. Seria então levado à deriva para o oeste com a corrente em direção ao polo e para além dela, eventualmente atingindo o mar entre a Groelândia e Spitsbergen.

Muitos navegadores experientes polares trataram com descrédito os planos de Nansen. O aposentado explorador norte-americano Adolphus Greely chamou a ideia de "um sistema ilógico de autodestruição". Sir Allen Young, um veterano das buscas para expedição perdida de Sir John Franklin, e Sir Joseph Hooker, que navegou para o sul com James Clark Ross, em 1839-1843, foram igualmente incrédulos. No entanto, após um discurso inflamado, Nansen garantiu o apoio do parlamento norueguês, que votou-lhe uma bolsa. O saldo de financiamento foi recebido por doações privadas e de um apelo nacional.

Preparativos

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Nansen escolheu Colin Archer, o arquiteto e construtor naval mais respeitado da Noruega, para projetar e construir um navio adequado para a expedição. Usando algumas das matérias-primas mais resistentes disponíveis à época, e um complexo sistema de vigas e cintas em todo seu comprimento, Archer conseguiu construiu um navio de força extraordinária. Seu casco arredondado foi concebido de tal modo não permitia que o gelo se aderisse a ele. A velocidade e o desempenho da vela ficaram em segundo plano, já que a prioridade era tornar o navio um abrigo seguro e acolhedor durante o confinamento prolongado da equipe. Com um comprimento total de 128 pés (39 metros) e uma largura de 36 pés (11 metros), a relação comprimento-largura era de pouco mais de 3 para 1, o que deu ao navio uma aparência "atarracada". Archer justificou assim: "Um navio que foi construído exclusivamente para atender às necessidades [de Nansen] deve diferir essencialmente de qualquer outra embarcação conhecida". O navio foi lançado por Eva Nansen no quintal de Archer em Larvik, em 6 de outubro de 1892, e recebeu o nome Fram.[42]

De milhares de candidatos, Nansen escolheu um grupo de 12. Otto Sverdrup da expedição da Groenlândia foi nomeado capitão do Fram e o segundo homem na hierarquia da expedição. A concorrência para um vaga na viagem foi tamanha, que ex-tenente do Exército e especialista em cães de viagem Hjalmar Johansen entrou como foguista de navio, a única posição disponível.

No meio do gelo

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O Fram deixou Christiania em 24 de junho de 1893, aplaudido por milhares de simpatizantes. Depois de uma lenta viagem em torno da costa, o porto final da chamada era Vardø, no extremo nordeste da Noruega. O navio deixou Vardø em 21 de julho, após a Passagem do Nordeste, rota iniciada por Nordenskiöld em 1878-79, ao longo da costa norte da Sibéria. O progresso foi impedido pelo nevoeiro e pelas condições do gelo, naquele mar pouco navegado e imprevisível. O grupo também experimentou o fenômeno da água morta, onde o progresso para a frente de um navio é impedido pelo atrito causado por uma camada de água doce sobre a pesada água salgada. No entanto, no Cabo Chelyuskin, o ponto mais setentrional do continente euro-asiático, foi ultrapassado em 10 de setembro. Dez dias mais tarde, o Fram se aproximou da área em que o Jeannette tinha sido esmagado, um pesado bloco de gelo foi avistado a cerca da latitude 78ºN. Nansen seguiu rota para o norte para uma posição registada como 78° 49'N, 132º 53'E, antes de os motores de ordenação terem parado e o leme levantado. A partir deste ponto a deriva do Fram começou.

As primeiras semanas no gelo foram frustrantes, com a deriva mudando de direção de forma imprevisível, às vezes para o norte, outras vezes, ao sul; até 19 de novembro a latitude do Fram era mais ao sul do que a que ele tinha entrado no gelo. Somente após a virada do ano, em janeiro de 1894, seguiu a direção norte geralmente estável, a marca de 80° foi finalmente atingida em 22 de março. Nansen calculou que, a este ritmo, o navio poderia demorar cinco anos para alcançar o polo.

Carreira científica

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Uma vez obtido o diploma universitário e o doutoramento em física, entra no Museu de História Natural de Bergen e inicia pesquisa sobre o sistema nervoso dos animais marinhos. É apaixonado pelo trabalho, mas a rotina aborrece-o. Grande desportista, praticante de esqui, começa a organizar uma primeira expedição à Gronelândia, de agosto a outubro de 1888. Consegue realizar com três companheiros a primeira travessia leste-oeste da Groenlândia, um percurso de 500 quilómetros sobre glaciares com uma temperatura média de -45°C, e além disso passa o inverno com os esquimós, povo que estudou até maio de 1889. De regresso à Noruega, Nansen ensina no Instituto Zoológico da Universidade de Christiania (Oslo) e publica artigos e dois livros « 'A primeira travessia da Gronelândia » em 1890 e « Vida dos esquimós » em 1891.

Explorador polar

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Nansen foi o precursor da primeira expedição polar norueguesa. Conseguiu com êxito a façanha científica e humana de aproximar-se do Polo Norte mais do que qualquer outra pessoa até então.

A expedição do "Fram"

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 Ver artigo principal: Expedição Fram
 
O navio Fram
 
Caminho seguido pela expedição do Fram entre 1893 e 1896:
  Caminho do Fram desde Vardø na Noruega para leste, ao longo da costa da Sibéria, até entrar na banquisa perto das ilhas da Nova Sibéria, julho–setembro de 1893
  Deriva do Fram preso do gelo para o norte e oeste, desde as ilhas da Nova Sibéria até ao arquipélago de Spitzberg, setembro de 1893 – agosto de 1896
  Caminho de Nansen e Johansen até atingir o ponto de 86°13.6'N, e volta para a ilha Northbrook na terra de Francisco José, março de 1895 – junho de 1896
  Volta de Nansen e Johansen para Vardø, agosto de 1896
  Caminho do Fram do Spitzberg até Tromsø, agosto de 1896

Com a fama adquirida na expedição da Groenlândia, consegue financiamento de milhares de pessoas que desejavam que fosse um norueguês o primeiro a chegar ao extremo setentrional terrestre. O seu plano é simples mas engenhoso: deixar arrastar-se pela corrente de gelos, a "deriva ártica", um fenómeno de recente descoberta.

Tendo adquirido fama internacional devido à sua primeira expedição, Nansen apresentou à Sociedade Geográfica Norueguesa um novo projecto de uma deriva transpolar, baseada na experiência do navio "la Jeannette", aprisionado e destroçado pelo gelo a norte das ilhas da Nova Sibéria, cujos restos foram recolhidos três anos mais tarde no extremo sudoeste da Gronelândia. Conseguiu reunir fundos suficientes para o seu projecto graças a dádivas da população norueguesa, que então se encontrava sob a coroa única do Reino da Suécia e Noruega, e desejava que fosse um norueguês o primeiro a chegar ao extremo setentrional terrestre.

Nansen decide mandar construir o seu navio segundo um desenho inovador, para que seja capaz de deixar-se aprisionar pelo gelo, mas com a solidez necessária para resistir à pressão sobre o casco. O arquitecto naval norueguês Colin Archer projeta o Fram, que significa “avante” em norueguês, um navio de 402 toneladas brutas, aparelhado com três mastros com um velame de 600 m2 de área.

Para que pudesse ser levantado pela pressão do gelo em vez de ser triturado, o Fram foi construído obedecendo a planos específicos e possuía:

  • um casco afiado na proa e na popa, com os lados unidos para deslizar para fora do gelo em caso de pressão, feitos de madeira de carvalho, inicialmente destinada à marinha da Noruega, conservada durante mais de trinta anos e com espessura total de 70 a 80 cm;
  • uma proa reforçada e protegida por um quebra-gelos de ferro;
  • uma quilha arredondada;
  • uma popa reforçada;
  • um timão (leme) colocado muito baixo para não se romper com o gelo;
  • uma cala dividida em três compartimentos estanques, para assegurar a segurança da embarcação em caso de entrada de água;
  • um interior composto de uma sala e 6 cabinas;
  • um motor de tripla expansão de 220 CV permitindo uma velocidade de 6 a 7 milhas por hora.

Nansen previu uma viagem de dois a três anos. Armazenou a bordo vários anos de alimentos e combustível, assim como numerosos livros e instrumentos científicos. Deixou a sua mulher e a sua filha de seis meses e embarcou.

 
Morsa desenhada por Nansen em 1893, durante a expedição do «Fram»

Em 24 de setembro de 1893, à latitude 78° 30' N, perto do arquipélago de Severnaya Zemlya, o Fram começou a sua primeira época de Inverno e a tripulação preparou-se para enfrentar o Ártico e a acondicionar o navio. Preso no gelo, o navio desliza e eleva-se para retomar o lugar inicial quando o seu peso quebrasse o gelo. A 29 de setembro, o navio ganha um grau de latitude e a temperatura desce para -14,5°C. As subidas de posição demonstram um ligeiro desvio para norte, mas por surpreendentes ziguezagues. No dia de Natal, a temperatura é de -40°C. Em 2 de fevereiro de 1894 a luz solar regressa, e a embarcação encontra-se a 82° 10'N, mas a sua posição retrocede fortemente em julho e agosto desse ano.

Durante a primavera, Nansen efectua numerosas excursões e estuda as condições de viabilidade da banquisa, tendo em vista uma expedição até ao Polo Norte e manda construir trenós e caiaques. Iniciada a segunda época de Inverno, em 12 de dezembro o Fram alcança 82° 30' N, latitude nunca antes conseguida por um navio, apenas a 833 km do polo. Em janeiro de 1895, um enorme montículo de blocos de gelo aproxima-se do navio e sepulta-o parcialmente. Em 14 de março de 1895, Nansen e o seu companheiro Johansen abandonam o navio e os seus companheiros para tentar chegar ao polo Norte. A 15 de março de 1895, o navio alcança a posição 84° 4' N, mas fica preso dentro de uma espessa massa de gelo de oito metros de altura, com uma temperatura de -40°C.

O terceiro inverno começa, e em janeiro de 1896, a temperatura alcança o ponto mais baixo, -52°C. Em fins de março o navio está à latitude 83° 45' N, de onde se avistam vastas extensões livres de água e se liberta o caminho do navio com explosivos. A 12 de julho de 1896, navega finalmente em águas livres antes de ter que atravessar uma banquisa de 180 milhas. Em 19 de julho de 1896, o Fram atraca no porto de Skjervøy em Noruega, sem Nansen nem Johansen.

A expedição ao Polo Norte

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Nansen e Joahnsen na expedição ao Polo

Após duas tentativas infrutíferas, Nansen e Johansen abandonam o barco em 14 de março de 1895 e partem para o Polo Norte em expedição terrestre, levando dois caiaques e três trenós puxados por 28 cães para levar os seus objectos pessoais. Depois de um avanço por vezes fácil e por vezes dificílimo, em 3 de abril a posição de 85° 59' N é dececionante, e em 8 de abril, antes de ter alcançado em 23 dias o ponto mais a norte até então conseguido, 86° 10', decidem parar a expedição e regressar fazendo uma paragem no cabo Fligely, a zona mais a norte da Terra de Francisco José.

Em finais de Maio, Nansen e Johansen alcançaram 82° 21' N, com 16 cães, reservas insuficientes e um avanço difícil sobre o gelo. Em 22 de junho de 1895 conseguem caçar focas, o que os deixa com víveres e combustível suficientes para um mês. A 27 de julho, pela primeira vez em três anos, veem terra. Em 1 de agosto, a banquisa torna-se impraticável, e os exploradores utilizam os caiaques. Desviam-se para este e descobrem um arquipélago formado por quatro ilhas desconhecidas, pensando encontrar-se na costa oriental da Terra de Francisco José. Em meados de agosto alcançam uma nova ilha que chamam ilha Houem (hoje Ilha Jackson) e decidem aí permanecer no Inverno. Constroem um refúgio e caçam para constituir uma importante reserva de alimento congelado.

A seguir a um duro inverno, a 28 de maio de 1896 voltam a partir sobre a banquisa para sul e alcançam o cabo Richthofen, onde a 17 de junho de 1896 se encontram cara a cara com a expedição do britânico Frederick Jackson no cabo Flora. O navio de mantimentos da expedição apanha-os e volta a partir a 7 de agosto de 1896 para alcançar o porto de Vardø, na Noruega, cinco dias mais tarde. Em 27 de agosto de 1896, encontram o Fram e dirigem-se a Tromsø, fazendo com ele uma entrada triunfal a 9 de setembro de 1896 no porto de Christiania.

O balanço da expedição do "Fram"

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A chegada do «Fram» ao porto de Christiania, actual Oslo

A expedição foi um verdadeiro êxito em todos os aspectos: desportivo, humano e científico:

  • três invernos no Ártico por 13 membros da tripulação sem doenças nem desfalecimento moral;
  • a marcha de dois exploradores até ao ponto mais setentrional jamais alcançado;
  • o regresso são e salvo de toda a tripulação e do navio em perfeito estado;
  • a descoberta de que o oceano que rodeia o polo é muito profundo;
  • a descoberta do itinerário seguido pelas banquisas com o desvio posterior pelo estreito de Bering até o Atlântico;
  • a descoberta de que a deriva se deve essencialmente aos ventos e muito menos às correntes;
  • a descoberta, graças às observações hidrográficas, da existência, sob uma capa superficial fria, de mais camadas de água relativamente quentes (até + 1°) e muito salinas;
  • o estudo da formação dos gelos;
  • a constatação da existência de uma fauna de aves importante (gaivotas, petréis, moleiros e escrevedeiras).

Após a expedição

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Fridtjof Nansen, à época de embaixador em Londres

No regresso, Nansen obteve um posto de professor de zoologia na Universidade de Christiania e relatou em seis volumes a expedição e as suas observações científicas. Editou em 1897 um livro « Até ao Polo » e participou no estabelecimento do Conselho Internacional para a Exploração do Mar.

Participou também na luta pela independência da Noruega, proclamada a 17 de maio de 1905, e de 1906 a 1908 foi o primeiro embaixador norueguês em Londres.

Em 1907, ofereceu o Fram a Roald Amundsen para a sua conquista do Polo Sul. De 1910 a 1914, lançou-se em diferentes explorações ao oceano Atlântico Norte, ao ÁRtico e à Sibéria.

Durante a Primeira Guerra Mundial Nansen foi nomeado em 1917 chefe de uma delegação norueguesa em Washington com o objectivo de negociar um acordo para permitir a expedição de alimentos de primeira necessidade. Em 1919 tornou-se presidente da União Norueguesa na Liga das Nações. Em abril de 1920 trabalhou no executivo da Sociedade das Nações, na organização do repatriamento dos deportados, e para devolver uma identidade a todos os prisioneiros, criou o Passaporte Nansen, permitindo, em dois anos, o regresso de 450 000 prisioneiros a 26 países. Com esta ação recebeu o Nobel da Paz em 10 de dezembro de 1922. De 1921 a 1923 foi responsável da ajuda alimentar da Cruz Vermelha nas regiões do rio Volga e do sul da Ucrânia, na URSS.

Faleceu devido a uma embolia cerebral, em 13 de maio de 1930, em Polhøgda, nos arredores de Oslo.

Em sua homenagem, uma cratera na Lua e outra em Marte receberam o seu nome.

O Fram é hoje em dia visitável no museu Frammuseet, na península de Bygdøy, em Oslo, perto do barco de Oseberga, no museu Vikingskipshuset, e do Kon-Tiki de Thor Heyerdahl, no museu Kontiki-museet.

Outras de suas obras são:

  • Na noite e nos gelos (1897)
  • Névoas do norte (1911)
  • A Rússia e a paz (Russland og fredem) (1924)
  • Arménia e o Oriente Próximo (Gjemnom Armemia) (1928)
  1. Tradução livre de "I, head first, described a fine arc in the air ... [W]hen I came down again I bored into the snow up to my waist. The boys thought I had broken my neck, but as soon as they saw there was life in me ... a shout of mocking laughter went up.".
  2. Tradução livre de "It was not without sorrow that we left this place and these people, among whom we had enjoyed ourselves so well".

Referências

  1. «Fridtjof Nansen». Noruega. Consultado em 9 de março de 2012 
  2. Brøgger and Rolfsen, pp. 1–7, 10–15
  3. «Norges Høyesterett». The Supreme Court of Norway. Consultado em 10 de agosto de 2010 
  4. Brøgger and Rolfsen, pp. 8–9
  5. a b Reynolds, pp. 11–14
  6. a b c Huntford, pp. 7–12
  7. Scott, pp. 9–10
  8. Scott, pp. 11–12
  9. Huntford, pp. 16–17
  10. a b c Ryne, Linn. «Fridtjof Nansen: Man of many facets». Norwegian Ministry of Foreign Affairs. Consultado em 25 de agosto de 2010 
  11. Huntford, pp. 18–19
  12. a b Scott, p. 15
  13. a b c Huntford, pp. 21–27
  14. Reynolds, p. 20
  15. Huntford, pp. 28–29
  16. Reynolds, p. 25
  17. Huntford, pp. 65–69
  18. Huntford, pp. 73–75
  19. Reynolds, pp. 44–45
  20. Scott, pp. 44–46
  21. Scott, p. 46
  22. Nansen (1890), p. 8
  23. Nansen (1890), p. vii
  24. Huntford, p. 78
  25. a b Huntford, pp. 87–92
  26. a b Huntford, pp. 97–99
  27. Reynolds, pp. 48–52
  28. Huntford, pp. 105–110
  29. Scott, p. 84
  30. Huntford, pp. 115–116
  31. Nansen (1890), p. 250
  32. Nansen (1890), pp. 267–270
  33. Reynolds, pp. 61–62
  34. Reynolds, pp. 64–67
  35. Nansen (1890), p. 363
  36. Reynolds, pp. 69–70
  37. Nansen (1890), pp. 442–444
  38. a b Huntford, pp. 156–163
  39. a b Reynolds, pp. 71–72
  40. Fleming, p. 238
  41. a b Huntford, pp. 168–173
  42. Nansen (1897), Vol. I pp. 14–38

Bibliografia

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  • A primeira Travessia da Groenlândia, 1890
  • Vida dos Esquimós, 1891
  • Até ao Polo, 1897

Ligações externas

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