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Escrita das línguas de sinais – Wikipédia, a enciclopédia livre

Escrita das línguas de sinais

Escrita das línguas de sinais (ELiS) é um sistema de escrita das línguas de sinais. Desenvolvida, a princípio, nos níveis gramaticais da língua brasileira de sinais, a Libras, pela linguista brasileira Mariângela Estelita, surgiu em 1998 e, desde então, sofreu algumas modificações que a caracterizam como universal a qualquer língua de sinais em conformidade com suas particularidades linguísticas. De ordem alfabética, linear e disposta pelos parâmetros, grupos visológicos formadores dos sinais, esse sistema, embora planejado independente, se aproxima da notação Stokoe.

Escrita das línguas de sinais

Alfabeto manual em ELiS.
Tipo alfabeto
Línguas Línguas de sinais
Criador(a) Mariângela Estelita
Período de tempo
1998-presente
Sistemas-pais
Escrita de Sinais
  • ELiS
Sistemas-irmãos
Notação Stokoe

Ao contrário do sistema de William Stokoe e do SignWriting, impulsionado pela dançarina Valerie Sutton, a ELiS considera, para sua organização, os cinco parâmetros da Libras: configuração de mão, orientação, ponto de articulação, movimento e expressão facial. Por tal pressuposto, esse sistema agrupa suas representações gráficas, denominadas visografemas, em quatro grupos visológicos: configuração de dedo, orientação da palma, ponto de articulação e movimento.

História

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O primeiro sistema de escrita das línguas de sinais que se tem registro é o desenvolvido pelo professor Roch-Ambroise Auguste Bébian, em seu livro Mimographie (1825), de acordo com a estrutura gramatical da língua de sinais francesa (LSF).[1] Com a expansão da legitimidade dos direitos da comunidade surda, na segunda metade do século XX surgiram dois sistemas renomados: a notação Stokoe (1965), de William Stokoe,[2] e o SignWriting (1974), de Valerie Sutton; ambos desenvolvidos pela e para a língua de sinais americana (ASL).[3]

Na década de 1990, a linguista Mariângela Estelita começou a utilizar símbolos, por economia, para substituir a descrição extensa, em língua portuguesa, de algum sinal.[4] Durante seu mestrado, em 1998, criou a Escrita das Línguas de Sinais (ELiS), de base alfabética, linear e fundamentada pelos parâmetros.[5] Universalizável, antes de ELiS, já havia sido intitulada AlfaSig, QuiroSig e ScripSig.[6]

Visografemas

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Os 95 visografemas da ELiS.

Em paralelo com o alfabeto latino, os visografemas se correspondem às letras e, assim como as letras representam uma relação com determinado som, os visografemas se ligam ao sinal. A ELiS apresenta noventa e cinco visografemas, divididos em quatro grupos: configuração de dedo, orientação da palma, ponto de articulação e movimento. Para a escrita de algum sinal, dispõe-se da organização linear respectiva desses quatro elementos.[7]

A configuração de dedo (CD) é estabilizada pelo arranjo de dez visografemas, cinco para o polegar e outros cinco para os demais dedos. Para o polegar, admite-se fechado, estendido paralelamente à frente da palma, curvo, estendido perpendicularmente à frente da palma, estendido perpendicularmente ao lado da palma e estendido paralelamente ao lado da palma; para os demais, fechado, muito curvo, curvo, estendido inclinado à frente da palma e estendido contínuo à palma. A orientação da palma (OP) possui seis visografemas: palma para frente, para trás, para cima, para baixo, para a medial e para a distal. Em seguida, o grupo visológico ponto de articulação (PA) é composto por trinta e cinco visografemas, dentre os quais indicam a realização do sinal na cabeça, tronco, membros ou na mão como apoio. Por fim, o movimento (M) tem quarenta e quatro visografemas, realizados com o braço, dedos, punho ou sem as mãos, incluindo a expressão facial. Novas versões foram criadas a partir da Elis. A mais usada é a SimElis ou Elis Simplificada criada por alunos da professora Maria Bethania Sardeiro dos Santos do instituto de Matemática e Estatística da UFG com o intuito de utilizar a Elis juntamente com linguagens de programação. A SimElis possui apenas 30 visografemas, não utiliza sinais diacríticos. Os visografemas poderão ser combinados como desinências para formas novas representações sem a necessidade de serem memorizados pelos usuarios. Pois, as combinações são intuitivas e requerem um esforço mínimo para serem interpretadas.

Referências

  1. Quadros, 2007, p. 5
  2. Stokoe et al., 1965, p. 168
  3. Sutton, p. J11
  4. Quadros, 2007, p. 2
  5. Estelita, 1998, p. 3-8
  6. Quadros, 2007, p. 3-4
  7. Estelita, 2008, p. 29-37

Bibliografia

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  • Estelita, Mariângela (2015). ELiS — Escrita das Línguas de Sinais. Porto Alegre: Penso 
  • Estelita, Mariângela (1998). Proposta de escrita das Línguas de Sinais (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Goiás 
  • Estelita, Mariângela (2008). ELiS — Escrita das Línguas de Sinais: proposta teórica e verificação prática (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina 
  • Estelita, Mariângela (2006). «ScripSig - Escrita quirográfica das línguas de sinais». Fragmentos. 30: 155-167 
  • Estelita, Mariângela (2007). «Um texto escrito em Libras? Sistema ELiS?». Revista da FENEIS. 32: 28-29 
  • Sutton, Valerie (1981). SignWriting for everyday use. La Jolla: Deaf Action Committe for SignWriting 
  • Scliar-Cabral, Leonor (2003). Princípios do sistema alfabético do português do Brasil. São Paulo: Contexto 
  • Stokoe, William; Casterline, Carl; Croneberg, Dorothy (1965). A dictionary of American Sign Language on inguistic principles. Washington D.C.: Gallaudet 
  • Fernandes, Leandro (2015). ELiS — internacionalização da escrita das línguas de sinais. Saarbrücken: Novas Edições Acadêmicas 
  • Quadros, Ronice Müller (2007). Estudos Surdos II. Petrópolis: Arara Azul