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Alcorão – Wikipédia, a enciclopédia livre

Alcorão

texto religioso central do Islã
(Redirecionado de Corão)

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Alcorão, edição de 1907

Alcorão (em árabe: القرآن, transl. al-Qurʾān, lit. "a recitação") ou Corão (forma considerada errada por alguns linguistas e não presente em alguns dicionários de referência)[1][2][3][4] é o livro sagrado do Islã. Os muçulmanos creem que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Maomé (Muhammad) ao longo de um período de vinte e três anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa declamar ou recitar; Alcorão é portanto uma "recitação" ou algo que deve ser recitado.

É um dos livros mais lidos e publicados no mundo.

Designação em português

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Há duas variantes para o nome do livro usadas comumente: "Alcorão" e "Corão". Por vezes se afirma que, como o prefixo "al-" designa o artigo definido no árabe, o seu uso seria desnecessário. No entanto, nas muitas palavras portuguesas de origem árabe com "al-" na sua origem, como "almanaque" ou "açúcar", a partícula não foi suprimida, e ainda menos em nomes próprios como "Almada" ou "Algarve". José Pedro Machado nota que a palavra Alcorão surge em documentos portugueses do século XIII,[2] ao contrário da forma Corão, recentemente importada. O Dicionário Houaiss, que alude ao argumento da "desnecessidade" de "al-" por corresponder ao artigo árabe, confirma o surgimento de "Alcorão" no século XIII e o seu uso constante nos séculos seguintes. O Houaiss afirma que "Corão" é importação francesa no final do século XIX, desde logo criticada pelos puristas. O próprio termo francês terá surgido apenas no século XVII. O site português Ciberdúvidas da Língua Portuguesa considera aceitável apenas a forma "Alcorão", invocando Rebelo Gonçalves e Rodrigo de Sá Nogueira.[3] Já o site brasileiro Sua Língua, editado pelo Prof. Cláudio Moreno, não condena o vocábulo "Corão", mas defende a preferência por "Alcorão".[4]

Estrutura do Alcorão

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 Ver artigo principal: Sura

O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras, divididas em livros, seções, partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Maomé em Meca, e 22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação.[5]

Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat). O número de versículos é de 6 536 ou 6 600, conforme a forma de os contar.

A sura maior é a segunda (A Vaca), com 286 versículos; as suras menores possuem apenas três versículos.

Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no inicio do texto, como por exemplo A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, não é habitual que a maior parte do conteúdo da sura esteja relacionado com o título do capítulo.

Ordenação cronológica

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A ordenação cronológica dos capítulos do Alcorão interessa não só aos historiadores, dado muitas das revelações estarem ligadas a episódios da vida de Maomé, mas também aos religiosos, dado que as contradições do Alcorão são resolvidas dando a primazia às suras mais recentes – é a doutrina da revogação (ou ab-rogação) fixada no próprio Livro Sagrado.[6] Além das dos clérigos muçulmanos, numa época mais recente várias ordenações têm sido propostas por exemplo por Theodor Nöldeke, Richard Bell, Mehdi Bazargan e Régis Blachère. Uma tradução do Corão para língua inglesa, feita por J.M. Rodwell, apresenta uma ordem cronológica.[7] A ordenação que se segue é uma das mais habitualmente aceites.[8][9][10]

Ordem Cronológica Capítulo e Designação em Português Número de versos Revelado em Ordem Tradicional
1 Al-Alaq - O Coágulo 19 Meca 96
2 Al-Qalam - O Cálamo 52 Meca 68
3 Al-Muzammil - O Acobertado 20 Meca 73
4 Al-Mudathir - O Emantado 56 Meca 74
5 Al-Fatiha - A Abertura 7 Meca 1
6 Al-Masad - O Esparto 5 Meca 111
7 Al-Takwir - O Enrolamento 29 Meca 81
8 Al-A'la - O Altíssimo 19 Meca 87
9 Al-Lail -A Noite 21 Meca 92
10 Al-Fajr - A Aurora 30 Meca 89
11 Al-Dhuha - As Horas da Manhã 11 Meca 93
12 Al-Inshirah - O Conforto 8 Meca 94
13 Al-Asr - A Era 3 Meca 103
14 Al-Aadiyat - Os Corcéis 11 Meca 100
15 Al-Kauthar - A Abundância 3 Meca 108
16 Al-Takathur - A Cobiça 8 Meca 102
17 Al-Ma'un - Os Obséquios 7 Meca 107
18 Al-Kafirun - Os Incrédulos 6 Meca 109
19 Al-Fil - O Elefante 5 Meca 105
20 Al-Falaq - A Alvorada 5 Meca 113
21 Al-Nas - Os Humanos 6 Meca 114
22 Al-Ikhlas - A Unicidade 4 Meca 112
23 Al-Najm - A Estrela 62 Meca 53
24 Abasa - O Austero 42 Meca 80
25 Al-Qadr - O Decreto 5 Meca 97
26 Ash Shams - O Sol 15 Meca 91
27 Al-Burooj - As Constelações 22 Meca 85
28 At-Tin - O Figo 8 Meca 95
29 Al-Coraixe - Os Coraixitas 4 Meca 106
30 Al-Qariah - A Calamidade 11 Meca 101
31 Al-Qiyamah -A Ressurreição 40 Meca 75
32 Al-Humazah - O Difamador 9 Meca 104
33 Al-Mursalat - Os Enviados 50 Meca 77
34 Qaf - A Letra Caf 45 Meca 50
35 Al-Balad - A Metrópole 20 Meca 90
36 Al-Tariq - O Visitante Nocturno 17 Meca 86
37 Al-Qamar - A Lua 55 Meca 54
38 Sad - A Letra Sad 88 Meca 38
39 Al-A'Raf - Os Cimos 206 Meca 7
40 Al-Jinn - Os Génios 28 Meca 72
41 Ya seen - Ya Sin 83 Meca 36
42 Al-Furqan - O Discernimento 77 Meca 25
43 Fatir - O Criador 45 Meca 35
44 Maryam - Maria 98 Meca 19
45 Ta Ha - Ta Ha 135 Meca 20
46 Al-Waqiah - O Evento Inevitável 96 Meca 56
47 Ash Shu'ara - Os Poetas 226 Meca 26
48 Al-Naml - As Formigas 93 Meca 27
49 Al-Qasas - As Narrativas 88 Meca 28
50 Al-Israa - A Viagem Noturna 111 Meca 17
51 Yunus - Jonas 109 Meca 10
52 Hud - Hud 123 Meca 11
53 Yusuf - José 111 Meca 12
54 Al-Hijr - O Lugar da Rocha 99 Meca 15
55 Al-An'am -O Gado 165 Meca 6
56 Al-Saffat - Os Enfileirados 182 Meca 37
57 Luqman - Luq Man 34 Meca 31
58 Saba - Sabá 54 Meca 34
59 Az-Zumar - Os Grupos 75 Meca 39
60 Ghafir - O Remissório 85 Meca 40
61 Fussilat - Os Detalhados 54 Meca 41
62 Ash-Shura - A Consulta 53 Meca 42
63 Al-Zukhruf - Os Ornamentos 89 Meca 43
64 Al-Dukhan - A Fumaça 59 Meca 44
65 Al-Jathiyah - O Genuflexo 37 Meca 45
66 Al-Ahqaf - As Dunas 35 Meca 46
67 Adh-Dhariyat - Os Ventos Disseminadores 60 Meca 51
68 Al-Ghashiya - O Evento Assolador 26 Meca 88
69 Al-Kahf - A Caverna 110 Meca 18
70 An-Nahl - As Abelhas 128 Meca 16
71 Nuh - Noé 28 Meca 71
72 Ibraim - Abraão 52 Meca 14
73 Al-Anbiya - Os Profetas 112 Meca 21
74 Al-Muminun - Os Fiéis 118 Meca 23
75 As-Sajda - A Prostração 30 Meca 32
76 At-Tur - O Monte 49 Meca 52
77 Al-Mulk - A Soberania 30 Meca 67
78 Al-Haaqqa - A Realidade 52 Meca 69
79 Al-Maarij - As Vias de Ascensão 44 Meca 70
80 An-Naba - A Notícia 40 Meca 78
81 Al-Naziat - Os Arrebatadores 46 Meca 79
82 Al-Infitar - O Fendimento 19 Meca 82
83 Al-Inshiqaq - A Fenda 25 Meca 84
84 Ar-Rum - Os Bizantinos 60 Meca 30
85 Al-Ankabut -A Aranha 69 Meca 29
86 Al-Mutaffifin - Os Fraudadores 36 Meca 83
87 Al-Baqarah - A Vaca 286 Medina 2
88 Al-Anfal - Os Espólios 75 Medina 8
89 Al-Imran - A Família de Imran 200 Medina 3
90 Al-Ahzab - Os Partidos 73 Madina 33
91 Al-Mumtahana - A Examinada 13 Medina 60
92 Al-Nisa - As Mulheres 176 Medina 4
93 Al-Zalzala - O Terramoto 8 Medina 99
94 Al-Hadid - O Ferro 29 Medina 57
95 Muhammad - Maomé 38 Medina 47
96 Ar-Ra'd - O Trovão 43 Medina 13
97 Al-Rahman - O Clemente 78 Medina 55
98 Al-Insan - O Homem 31 Medina 76
99 Al-Talaq - O Divórcio 12 Medina 65
100 Al-Bayyina - A Evidência 8 Medina 98
101 Al-Hashr - O Desterro 24 Medina 59
102 An-Noor - A Luz 64 Medina 24
103 Al-Hajj - A Peregrinação 78 Medina 22
104 Al-Munafiqoon - Os Hipócritas 11 Medina 63
105 Al-Mujadila - A Discussão 22 Medina 58
106 Al-Hujurat Os Aposentos 18 Medina 49
107 Al-Tahrim - As Proibições 12 Medina 66
108 Al-Taghabun - As Defraudações Recíprocas 18 Medina 64
109 As-Saff - As Fileiras 14 Medina 61
110 Al-Jumua - A Sexta-Feira 11 Medina 62
111 Al-Fath - O Triunfo 29 Medina 48
112 Al-Ma'ida - A Mesa Servida 120 Medina 5
113 At-Tawba - O Arrependimento 129 Medina 9
114 An-Nasr - O Socorro 3 Medina 110

Divisão para leitura e recitação

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Tendo como objetivo a recitação o Alcorão, pode também ser dividido em partes de igual tamanho (7,30 ou 60), que tem como objectivo a leitura conforme as possibilidades de cada pessoa (leitura em 7, 30 ou 60 dias). A divisão do Alcorão em 60 dias é a mais habitual, sendo utilizada no ensino. Cada divisão em sete partes recebe o nome de Manzil e em trinta o nome de Jus. As fracções são também divididas em meios, quartos e oitavos.

Manzil Jus Início Manzil Jus Início
Sura versículo Sura versículo
1 1 1 1 4 15 17 1
2 2 142 16 18 75
3 2 253 17 21 1
4 3 92 18 23 1
5 4 24 19 25 21
6 4 148 5 27 26
2 5 1 20 27 56
7 5 82 21 29 45
8 6 111 22 33 31
9 7 88 6 35 1
10 8 41 23 36 22
11 9 93 24 39 32
3 10 1 25 41 47
12 11 6 26 46 1
13 12 53 7 50 1
14 15 1 27 51 31
28 58 1
29 67 1
30 78 1

A compilação do Alcorão

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O Alcorão não foi estruturado como um livro durante parte da vida de Maomé. À medida que o profeta recebia as revelações, ele solicitava a jovens letrados que integravam a sua comitiva que transcrevessem os textos. O chefe desta equipe de secretários, que surgiu de forma institucionalizada após a Hégira, em Meca, foi Zayd ibn Thabit.

O texto foi preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira, pedaços de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros seguidores.[11] Durante as noites do Ramadão, Maomé recapitulava as revelações, numa conferência onde estavam presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os hafizes, ou seja, pessoas que conheciam passagens de memória (que escutaram nas prédicas do profeta).[12]

Após a morte de Maomé em 632 iniciou-se o processo de recolhimento dos vários extratos. Alegadamente, uma das mais antigas cópias escritas do livro foi encontrada no Iêmen e destruída pela Arábia Saudita durante um ataque ao país em 2015.[13]

Para alguns, o Alcorão teria sido reunido na sua forma actual sob a direcção do califa Abacar nos dois anos que se seguiram à morte de Maomé; outros defendem que foi o califa Omar o primeiro a compilar o Alcorão. Considera-se que a verdade está a meio termo: Abacar foi aconselhado por Omar a compilar um primeiro manuscrito, auxiliado na tarefa por logógrafos e por dois hafizes.

Consta que os primeiros Alcorões escritos no mundo estão em 3 diferentes museus, sendo destes um no Iraque, outro no Cairo e o último no Uzbequistão. Para os muçulmanos, isso é a maior prova de que o Alcorão nunca foi modificado em sua existência.

A primeira tradução na Europa se deu em 1143 sob os auspícios do bendito Pedro, o Venerável, feita em Toledo por um grupo liderado pelo erudito arabista e padre católico Roberto de Ketton, conhecida como Lex Mahumet pseudoprophete ("Lei do Falso Profeta Maomé").

Com um empreendimento enorme, tendo sido consumidos mais de um ano e preenchendo mais de 100 fólios (180 páginas em impressão moderna), esta tradução do Alcorão se tornou obrigatória em todas as universidades europeias, tendo o Imprimatur e Nihil Obstat da Igreja católica, na esperança de ajudar a conversão religiosa dos muçulmanos ao cristianismo. Dela ainda restam mais de 25 manuscritos existentes, vindo ocasionalmente a se tornar a tradução padrão para os europeus desde o seu lançamento até o século XVIII.

Como todas as pessoas alfabetizadas da Europa liam o latim (o requisito essencial de alfabetização era o domínio do latim, a língua franca de então), não carecia haver tradução nas línguas modernas. No entanto em 1547 um texto italiano foi publicado em Veneza traduzido por Andrea Arrivabene a partir da versão latina de Pedro, o Venerável. Em 1616 o teólogo luterano, erudito e orientalista Salomon Schweigger em Nuremberg, aproveitou-se desta versão para fazer uma tradução para o alemão.

Em 1647, foi feita uma tradução em francês, L'Alcoran de Mahomet ("O Alcorão de Maomé"), diretamente do árabe pelo orientalista Andre du Ryer, a terceira tradução em língua ocidental feita diretamente do árabe original, sendo as duas primeiras para o latim no século XII e XIII. Em 1649 Alexander Ross, capelão anglicano do rei Charles, utilizou-se desta versão francesa para traduzir ao inglês. E em 1657, o erudito Jan Hendriksz Glazemaker utilizou-se dela para traduzir ao holandês.

Em 1698 é publicada uma terceira tradução latina do árabe, extensivamente anotada, a partir de uma perspectiva cristã, precedida por uma biografia do Profeta e uma discussão das doutrinas islâmicas, pelo confessor do papa Inocêncio XI, o padre católico Louis Maracci, em Pádua.

Em língua portuguesa, a primeira tradução saiu anônima em 1882 no Rio de Janeiro.

Conteúdo temático do Alcorão

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O Alcorão descreve as origens do Universo, o Homem e as suas relações entre si e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia e muitos outros assuntos. Foi escrito com o intuito de ser recitado e memorizado. Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e inviolável.

 
O “pântano” (descrito como um local de descanso temporário na Torá hebraica)[14] nas histórias do Êxodo dos israelitas torna-se a travessia lendária do Mar Vermelho.(26:52-68)(Aivazovsky)

Para os muçulmanos, o Alcorão é a palavra de Deus, sagrada e imutável, que fornece as respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais como materiais. Ele discute Deus e os seus nomes e atributos, crentes e suas virtudes, e o destino dos não crentes (kuffar); até mesmo temas de ciência. Os muçulmanos não seguem apenas as leis do Alcorão, eles também seguem os exemplos do profeta, o que é conhecido como a Sunnah, e a interpretação do Corão contida nos ensinamentos do profeta, conhecida como hadith.

Aos muçulmanos é ensinado que Deus lhes enviou outros livros. Para além do Alcorão, os outros são o livro de Abraão (que se perdeu), a lei de Moisés (a Torá), os Salmos de David (o Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil). O Alcorão descreve cristãos e Judeus como "povos do Livro" (ahl al Kitâb).

Os ensinamentos do Islão englobam muitas das mesmas personagens do judaísmo e do cristianismo. Personagens bíblicas bem conhecidas como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria (a mãe de Jesus) e João Batista são mencionados no Alcorão como profetas do Islão. No entanto, os muçulmanos frequentemente se referem a eles por nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de pessoas diferentes (exemplos: Iblis para Diabo, Ibraim para Abraão, etc.).

O estudioso iraquiano e tradutor do Alcorão N.J. Dawood interpretou a relação entre Imran e Maryam no Alcorão como uma transmissão confusa da teologia judaico-cristã (confusão de tempo e pessoas na Surah al-i Imran).[15]

A crença no dia do julgamento (ver: escatologia) e na vida após a morte (Akhirah) também fazem parte da teologia islâmica.

Importância do Alcorão na sociedade muçulmana

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Alcorão do Alandalus (século XII)
 
Afeganistão; Na filmagem gravada secretamente pela "União das Mulheres Revolucionárias" em 26 de agosto de 2001, uma mulher é punida em público com uma vara pela polícia religiosa por abrir sua burca (rosto)

A maior parte dos países do Oriente Médio e do Norte da África mantém um sistema dual de tribunais seculares e religiosos, no qual os tribunais religiosos regulam principalmente os casos de casamentos e heranças. A Arábia Saudita e o Irã mantêm tribunais religiosos para todos os aspectos de sua jurisprudência, e polícias religiosas para aplicá-la socialmente. Leis derivadas da xaria também são aplicadas no Afeganistão, na Líbia e no Sudão. Alguns estados do norte da Nigéria reintroduziram os tribunais da xaria.[16]

Qisas (por crimes de homicídio e ferimento): A qisas é uma prática entendida como retaliação na “ordem social tribal” e realizada com base na “equivalência social”. Em qisas, tradicionalmente, um membro da tribo do assassino (o equivalente social da pessoa assassinada) era morto, dependendo se o falecido era (homem, mulher, escravo, livre, elite ou comum).[17] A condição de "igualdade social" em qisas significa isso; “se uma pessoa socialmente inferior mata alguém da classe alta, qisas será aplicado”, enquanto “se alguém da classe alta matar alguém da classe baixa, não pode ser aplicado”.

Nesse caso, o pagamento de indenização (Diyya, em árabe) pode ser pago à família da pessoa assassinada.

Existem vários versículos qisas sobre esses crimes no Alcorão. Qisas é discutido no Alcorão (Al-Baqara: 178) por meio de "equivalência social"; "Ó fiéis, está-vos preceituado o talião para o homicídio: livre por livre, escravo por escravo, mulher por mulher. Mas, se o irmão do morto perdoar o assassino, devereis indenizá-lo espontânea e voluntariamente. Isso é uma mitigação e misericórdia de vosso Senhor. Mas quem vingar-se, depois disso, sofrerá um doloroso castigo."

O Alcorão na vida dos muçulmanos

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Quando uma criança nasce no seio de uma família muçulmana, os seus pais são saudados com a fórmula "Que esta criança possa estar entre os anunciadores do Alcorão".

As crianças muçulmanas aprendem desde cedo a começar determinados atos da sua vida, como as refeições, com a fórmula "Em nome de Deus" (Bismillah) e a concluí-los com a expressão "Louvado seja Deus" (Al-Hamdu Lillah). Estas frases são as mesmas que se encontram nos dois primeiros versículos da primeira sura.

Algumas partes do Alcorão são recitadas durante momentos especiais da vida como o casamento ou no leito de morte. Em muitos países muçulmanos certos aspectos da vida pública começam com a recitação de passagens deste livro considerado sagrado.

Os muçulmanos não tocam no livro sagrado senão após a ablução, conhecida como wudu.

Normalmente, os muçulmanos guardam o Alcorão numa prateleira alta do quarto, em sinal de respeito pelo Alcorão e alguns transportam pequenas versões consigo para seu conforto ou segurança. Apenas a versão original em árabe é considerada como o genuíno Alcorão; as traduções, frequentemente intituladas "tradução do sentido do Alcorão", são vistas como sombras fracas do significado original (visto que a tradução do árabe para outras línguas é muito difícil). Contudo, no mundo actual, há muçulmanos em mais de 170 países, sendo que apenas um terço sabe ler e escrever em língua árabe.[18]

Uma vez que os muçulmanos tratam o livro com reverência, consequentemente é proibido reciclar, reimprimir ou descartar cópias velhas do Alcorão para o lixo. Como solução alternativa, os volumes do Alcorão devem ser enterrados ou queimados de uma maneira respeitosa.

É considerado um pecado gravíssimo modificar, cortar, excluir ou adicionar as palavras do Alcorão. Também é considerado ilícito vender este livro em idioma árabe.

Ver também

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Referências

  1. «corão». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  2. a b Machado, J. P.; Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, verbete "Alcorão"
  3. a b Ciberdúvidas da Língua Portuguesa — Alcorão.
  4. a b Alcorao ou corao.
  5. Centro de Estudos e Divulgação do Islam Arquivado em 20 de setembro de 2008, no Wayback Machine., Livros Divinos. (visitado em 06/08/2008)
  6. «Surah al-Baqarah 2ː106». Quran.com. Consultado em 8 de Abril de 2018 
  7. Rodwell, John Medows (tradutor). The Koran. [S.l.: s.n.] 
  8. «Quran Verses in Chronological Order». Qran.org. Consultado em 8 de Abril de 2018 
  9. «Revelation Order». Tanzil.net (Arquivado em WebCite). 27 de Dezembro de 2010 
  10. «Quran Chapters and their Chronological Sequence of Revelation». International Community of Submitters (ICS) - Masjid Tucson (Mesquita de Tucson) (Arquivado em WebCite). 13 de Maio de 2011 
  11. Firas Alkhateeb (13 de abril de 2014). «How Do We Know the Quran is Unchanged?» 
  12. «Alcorão: E Deus falou sua língua». Consultado em 20 de julho de 2009. Arquivado do original em 8 de setembro de 2009 
  13. Actually, Oldest Qur’ans are in Sanaa, Yemen & in Danger of Saudi Bombing. www.juancole.com
  14. Seiglie, Mario (3 de junho de 1997). «The Bible and Archaeology: The Red Sea or the Reed Sea?». The Good News. United Church of God. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2017 
  15. Dawood, N J (1956). The Koran. London: Penguin Books. 53 páginas. ISBN 9780141393841 
  16. «The Judiciary». Online Nigeria. 1 de maio de 2007. Consultado em 1 de maio de 2007 
  17. http://isamveri.org/pdfdrg/D03380/2010_3_1/2010_3_1_NAMLIT.pdf
  18. «An easy way to read and recite Quran». Qran.org. Consultado em 6 de Agosto de 2017 

Bibliografia

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  • GUELLOUZ, Azzedine - O Alcorão. Lisboa: Instituto Piaget, 2007. ISBN 972-771-502-8
  • Ali, Maulana Muhammad. The Holy Qur-an: Translation and Commentary. Columbus , Ohio : Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam Lahore Press, 1998.
  • ______________________. The Religion of Islam. Columbus , Ohio : Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam Lahore Press, 1990.

Ligações externas

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