Conflito de Sampit
O conflito de Sampit foi um surto de violência inter-étnica na Indonésia iniciada em fevereiro de 2001 e persistindo ao longo do ano. O conflito começou na cidade de Sampit, Província de Calimantã Central, e se espalhou por toda a província, incluindo a capital, Palangkaraya. O conflito ocorreu entre os nativos dayak e os migrantes madureses da ilha de Madura.[1]
Irrompeu em 18 de fevereiro de 2001, quando dois madureses foram atacados por um vários dayaks.[2] O conflito resultou em mais de 500 mortes, com mais de 100 000 madureses deslocados de suas casas.[3] Muitos madureses também foram encontrados decapitados pelos dayaks.[4]
Antecedentes
editarO conflito de Sampit em 2001 não foi um incidente isolado, uma vez que haviam ocorrido incidentes anteriores de violência entre os dayaks e os madureses. O último grande conflito ocorreu entre dezembro de 1996 e janeiro de 1997 e resultou em mais de 600 mortes.[5] Os madureses chegaram pela primeira vez em Bornéu em 1930, no âmbito do programa de transmigração iniciado sob a administração colonial holandesa e continuado pelo governo indonésio.[6] Em 1999, os malaios e os dayaks se uniram em Calimantã, na Indonésia, para perseguir e massacrar madureses durante o conflito em Sambas. Os madureses foram mutilados, estuprados e assassinados pelos malaios e dayaks, e 3 000 deles morreram nos massacres, com o governo indonésio fazendo muito pouco para acabar com a violência.[7][8][9][10][11]
Em 2000, os transmigrantes constituíam 21% da população em Calimantã Central.[3] Os dayaks são ditos estarem insatisfeitos com o aumento da concorrência mais agressiva proveniente dos madureses. As novas leis haviam permitido que os madureses assumissem o controle de muitas das indústrias comerciais na província, como a exploração madeireira, mineração e plantações.[3]
Existem várias histórias que supostamente descrevem o incidente que provocou a violência em 2001. Uma versão afirma que ele foi causado por um incêndio criminoso em uma casa de um dayak. Os boatos foram espalhados de que o incêndio foi causado pelos madureses, e mais tarde, um grupo de dayaks começou a incendiar casas em um bairro madurês.[5]
O Professor Usop da Associação do Povo Dayak afirma que os massacres por parte dos dayaks foram em legítima defesa, após os dayaks serem atacados. [12] Foi alegado que um dayak foi torturado e morto por uma gangue de madureses depois de uma disputa por jogos de azar no povoado próximo de Kerengpangi em 17 de dezembro de 2000.[13]
Outra versão afirma que o conflito começou em uma briga entre estudantes de diferentes etnias da mesma escola.
Decapitações
editarPelo menos 100 madureses foram decapitados por dayaks durante o conflito. Os dayaks tem um histórico da prática do ritual de caçar cabeças, embora acreditava-se que a prática tivesse extinguido no início do século XX.[12][14]
Resposta das autoridades
editarA dimensão do massacre dificultou para as forças armadas e a polícia controlar a situação em Calimantã Central. Reforços foram enviados para ajudar a equipe já existente na província. Por 18 de fevereiro, os dayaks assumiram o controle sobre Sampit.[15]
A polícia prendeu um oficial local que julgava ter sido um dos autores intelectuais dos ataques. Os mentores são suspeitos de pagar seis homens para provocar o tumulto em Sampit. A polícia também prendeu vários manifestantes na sequência da onda inicial de assassinatos.[15]
Mais tarde, em 21 de fevereiro, milhares de dayaks cercaram uma delegacia de polícia em Palangkaraya exigindo a libertação dos detidos. A polícia sucumbiu a essa demanda. A 28 de fevereiro, os militares tinham conseguido remover os dayaks das ruas,[15] mas a violência esporádica continuou ao longo do ano.
Referências
- ↑ Rinakit, Sukardi (2005). The Indonesian Military After the New Order. [S.l.]: Nordic Institute of Asian Studies. ISBN 87-91114-06-3
- ↑ Singh, Daljit; Anthony L. Smith; Chia Siow Yue (2003). Southeast Asian Affairs 2002. [S.l.]: Institute of Southeast Asian Studies. ISBN 981-230-162-3
- ↑ a b c «Indonesia flashpoints: Kalimantan». BBC. 28 de junho de 2004
- ↑ «Horrors of Borneo massacre emerge». BBC. 27 de fevereiro de 2001
- ↑ a b «Indonesia: The Violence in Central Kalimantan (Borneo)». Human Rights Watch. 28 de fevereiro de 2001
- ↑ Tri Nuke Pudjiastuti (junho de 2002). «Immigration and Conflict in Indonesia» (PDF). IUSSP Regional Population Conference, Bangkok. Arquivado do original (PDF) em 21 de setembro de 2006
- ↑ Beheading: A Dayak ritual - BBC News, 23 February, 2001
- ↑ «Violence in Indonesian Borneo Spurs the Relocation of Ethnic Madurese». Cultural Survival
- ↑ indahnesia.com. «The Sampit conflict - People - The Madurese and the Dayak - Discover Indonesia Online». indahnesia.com
- ↑ Braithwaite, John; Braithwaite, Valerie; Cookson, Michael; Dunn, Leah (2010). Anomie and Violence: Non-truth and Reconciliation in Indonesian Peacebuilding. [S.l.]: ANU E Press. p. 299. ISBN 978-1-921666-23-0
- ↑ Hedman, Eva-Lotta E. (2008). Conflict, Violence, and Displacement in Indonesia. [S.l.]: SEAP Publications. p. 73. ISBN 978-0-87727-745-3
- ↑ a b «Kalimantan's Agony: The failure of Transmigrasi». CNN. Cópia arquivada em 31 de maio de 2008
- ↑ Elegant, Simon (5 de março de 2001). «The Darkest Season». Time
- ↑ «Beheading: A Dayak ritual». BBC. 23 de fevereiro de 2001
- ↑ a b c «Chronology of violence in Central Kalimantan». Indahnesia
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Sampit conflict».