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Assembleias de Deus no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre

Assembleias de Deus no Brasil

igreja cristã evangélica protestante pentecostal e maior denominação protestante no Brasil

As Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus, ou apenas, Assembleia de Deus, são um conjunto de denominações protestantes pentecostais no Brasil, sendo o grupo mais antigo entre as ramificações das Assembleias de Deus, antes mesmo de sua co-irmã e principal precusora mundial, as Assembleias de Deus nos Estados Unidos. A Assembleia de Deus mais antiga foi fundada em 1911 na cidade de Belém - PA pelos sueco-americanos Gunnar Vingren e Daniel Berg, discípulos do estadunidense William Howard Durham.

Assembleia de Deus no Brasil
Logotipo usado pelas igrejas filiadas a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil
Classificação Cristã evangélica
Teologia Pentecostal histórica
Política Congregacional
Associações Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (1930)
Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil (1958)
Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (2017)
Vários ministérios independentes.
Área geográfica Brasil
Fundador Daniel Berg e Gunnar Vingren
Origem
18 de junho de 1911 (113 anos)

Belém, Pará

Separado de Convenção Batista Brasileira: (1911)
Ramo de(o/a) Assembleias de Deus
Membros 12 milhões (2013)
À esquerda, antiga fachada da sede da Assembleia de Deus em Belo Horizonte. Ao lado direito, um prédio que pertence à igreja, com salas para Escola Dominical, cursos e eventos, e onde fica a CPAD da capital mineira.

História

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A denominação foi criada no Brasil por intermédio dos missionários batistas suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos.

A princípio, frequentaram a Igreja Batista, igreja que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Esses dois missionários introduziram na igreja batista a glossolalia — o falar em línguas espirituais (estranhas) — um movimento de manifestações que já vinham ocorrendo em reuniões de oração nos Estados Unidos e também de forma isolada em outros países, principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu através de um pastor afro-americano, chamado William Joseph Seymour, na rua Azusa, Los Angeles, em 1906.[1]

A nova doutrina trouxe divergência entre os batistas. Enquanto um grupo aderiu a glossolalia, outro rejeitou e permaneceu na Igreja Batista. Assim, em dois congressos distintos, conforme relatam as atas das sessões,[2] os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911, foi fundada a denominação "Assembleia de Deus no Brasil".[3][4][5].

 
Culto na Assembleia de Deus de Imperatriz (MA).

Divisões

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As Assembleias de Deus estão dividida em três denominações principais, as duas primeiras, formadas a partir das missões de Daniel Berg e Gunnar Vingren, são a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e a Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB), estes sendo os "guarda-chuvas" das denominações no país, consideradas herdeiras da missão sueca. A terceira denominação é a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Ministério Madureira (CONAMAD), fundada por brasileiros, em específico pelo Pr. Paulo Leivas Macalão, na década de 80. As igrejas filiadas à CGADB e à CADB são popularmente chamadas de Assembleia de Deus "Missão", quando as filiadas à CONAMAD são popularmente conhecidas como Assembleia de Deus "Madureira".[6]

Existem ainda diversos outros grupos assembleianos que se desfiliaram ou nunca foram filiados à qualquer das três grandes convenções. Exemplos são a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Assembleia de Deus Ipiranga e Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Logo, há diversas denominações que usam o nome "Assembleia de Deus" no Brasil.[7]

O atual presidente da CGADB é o Pr. José Wellington Costa Junior, eleito e reeleito para o quadriênio 2021- 2025, conduzindo cerca de 6 milhões de membros pelo país.[8][9]

O líder da CONAMAD é o Bispo Primaz Manoel Ferreira, que é presidente do corpo vitalício e do episcopado. O Presidente Executivo da Convenção é o Bispo Samuel Ferreira, Presidente da ADBrás. Esta, rege 4 milhões de fiéis, segundo o IBGE.[9]

De acordo com um censo da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil em 2013, ela disse ter 12 milhões membros.[10]

Doutrina

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As diversas denominações assembleianas variam em seus documentos confessionais, sendo alguns extremamente simples, enquanto outros extensos.

O credo da Assembleia de Deus (aprovado pelo Concílio Geral das Assembleias de Deus nos EUA) é semelhante aos credos da maioria das denominações protestantes.[11] É uma denominação de origem proto-pentecostal, ou seja pentecostal clássica.[12]

A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil publicou, em 2016, uma Declaração de Fé, documento que afirma as doutrinas da inerrância bíblica, o canon protestante, Trindade, Diofisismo, morte expiatória de Cristo, pecado original, arminianismo, credobatismo , batismo por imersão, a visão da Ceia como memorial da morte de Cristo, domingo como o dia de culto e o batismo com o Espírito Santo como distinto da salvação.[13]

Algumas igrejas tem se alinhado com o Neopentecostalismo, como a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do televangelista Silas Malafaia, aderindo à Teologia da Prosperidade, sistema de gestão empresarial e uso intenso de mídias como a televisão e o rádio além de uma visão liberal a respeito dos usos e costumes e um intenso engajamento político.[14][15]

Outras igrejas, como a Assembleia de Deus dos Últimos Dias, do pastor Marcos Pereira, adotam uma postura totalmente diferente focando basicamente em proibições quanto aos usos e costumes a nível de doutrina oficial.[16] Esta igreja determina a proibição do uso das cores preta e vermelha,[16] da criação de animais domésticos e plantas,[16] do uso de anticoncepcionais,[16] do uso de cosméticos,[16] perfumes e jóias,[16] de comer carne, sangue e gordura animal,[16] de ler revistas e jornais,[16] de ver televisão e usar computador,[16] de beber refrigerantes sabor cola e bebidas alcoólicas,[16] dentre outras proibições, além de um rígido código de conduta a respeito das vestimentas femininas e masculinas.[16]

Diferenças teológicas entre as convenções das Assembleias de Deus

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Tópico CGADB CONAMAD CADB
Membros (ano) 3.500.000 (2003)[17] 2.000.000 (2003)[17]
Divórcio é permitido em caso de adultério, tráfico e consumo de drogas, prática de terrorismo, homicídio doloso. Nessas hipóteses admite-se novo casamento.[18] é permitido em caso de violência, abuso físico e/ou psicológico, adultério, abandono emocional e espiritual, incluindo pastores e líderes. Nessas hipóteses admite-se novo casamento.[19][20]
Ordenação Não admite a ordenação de mulheres como pastoras[21] Ordena mulheres em todas as funções[21] Ordena mulheres em todas as funções[22]
Governo Convenção de pastores, cujo Presidente é eleito por Assembleia Geral em maioria absoluta, para mandato de 2(dois) anos.[23] Os ministérios que integram a convenção são independeres entre si. Governo episcopal, exercido pelo Bispo Primaz vitalício. Além do Bispo Primaz, a igreja possui um colégio de bispos.[24]

Costumes

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Assembleia de Deus do Gama Oeste (Brasília), um exemplo de uma AD 'renovada'.

Inicialmente caracterizada por um rigorismo de conduta, fruto do que o sociólogo Paul Freston chama de "ethos sueco-nordestino", mesclando o pietismo nórdico com o patriarcalismo nordestino, hoje muitas igrejas Assembleias de Deus vêm experimentando, recentemente, grandes mudanças comportamentais concernente a usos e costumes.[25]

Atualmente, a Assembleia de Deus passa por uma relativação dos usos e costumes, em quanto muitos pastores e ministérios e regiões do país se renovam, outros preferem manter as tradições assembleianas do passado. Contudo, a CGADB ratificou seu estatuto em 2011, e na seção de usos e costumes removeu diversos itens, dando mais liberdade às mulheres. Já a Convenção Nacional nem sequer cita em sua resolução (na atualidade) usos e costumes em seu estatuto, deixando clara a liberdade.[18]

Ver também

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Referências

  1. Souza Matos, Alderi de. Centenário do movimento pentecostal. FIDES REFORMATA XI, Nº 2 (2006): 23-50
  2. Conde, Emilio História das Assembleias de Deus
  3. História
  4. Corten, André; Echalar, Mariana N. R. (1996). Vitório Mazzuco, OFM, ed. Os pobres e o Espírito Santo: o pentecostalismo no Brasil. 1. Petrópolis, RJ: Vozes. p. 66. 285 páginas. ISBN 85-326-1713-1 
  5. Corten, André (1995). «3». Le pentecôtisme au Brésil: émotion du pauvre et romantisme théologique. Col: Collection Chrétiens en liberté (em francês). 1. ISBN 978-2865375639. Paris: KARTHALA Editions. p. 74. 307 páginas. ISBN 2-86537-563-3. OCLC 408192473 
  6. «Quem Somos – CGADB». cgadb.org.br. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  7. Gospel+, Redação (21 de maio de 2010). «Silas Malafaia quebra silêncio e fala sobre sua saída da Convenção das Assembléias de Deus». Notícias Gospel. Consultado em 18 de fevereiro de 2024 
  8. «Quais são as principais diferenças entre igrejas evangélicas americanas e brasileiras ?». Quora. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  9. a b «Diretoria – CGADB». cgadb.org.br. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  10. G1, José Wellington é reeleito presidente da Assembleia de Deus, g1.globo.com, Brasil, 11 de abril de 2013
  11. A Declaração de Verdades Fundamentais da Assembleia de Deus (em inglês)
  12. «O Pentecostalismo Clássico (1910 a 1950): adaptações e transformações sócio religiosas». Recanto das Letras. Consultado em 12 de outubro de 2022 
  13. «Declaração de Fé das Assembleias de Deus» (PDF). 2016. Consultado em 12 de março de 2024 
  14. «Malafaia: A quem ele representa?». Cristianismo Hoje. 5 de julho de 2013. Consultado em 17 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2017 
  15. Betto, Frei (6 de dezembro de 2016). «Por que fizemos opção pelos pobres (e eles pelo neopentecostalismo...)?». Le Monde Diplomatique Brasil. Consultado em 17 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 17 de fevereiro de 2017 
  16. a b c d e f g h i j k Nossa Doutrina. Rio de Janeiro: Assembleia de Deus dos Últimos Dias. 2014. Consultado em 21 de fevereiro de 2017 
  17. a b JACOB, C.R.; HEES, D.R.; WANIEZ, P.; BRUSTLEIN, V. (2003). Atlas da Filiação Religiosa e Indicadores Sociais no Brasil (PDF). São Paulo: PUC-Rio - Edições Loyola. ISBN 85-15-02719-4 
  18. «Divórcio na Convenção Geral das Assembleias de Deus». 22 de setembro de 2015. Consultado em 17 de janeiro de 2024 
  19. «Consciência Cristã:Assembleia de Deus Ministério Madureira: Divórcio e Novo Casamento». 14 de setembro de 2015. Consultado em 16 de dezembro de 2017. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2017 
  20. «Centro Apologética Cristão de Pesquisa: Divórcio na Assembleia de Deus Ministério Madureira». 10 de setembro de 2015. Consultado em 16 de dezembro de 2017 
  21. a b «Ordenação feminina nas Assembleias de Deus». 9 de novembro de 2011. Consultado em 16 de dezembro de 2017. Arquivado do original em 13 de dezembro de 2011 
  22. «Ordenação feminina na Convenção da Assembleia de Deus no Brasil». Consultado em 16 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 29 de novembro de 2023 
  23. «Estatuto da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil» (PDF). 25 de janeiro de 2016. Consultado em 16 de dezembro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 6 de dezembro de 2017 
  24. «Bispo Primaz da Assembleia de Deus Ministério Madureira». 25 de janeiro de 2016. Consultado em 16 de dezembro de 2017 
  25. Mariano, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. p32
Fontes
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  • Almeida, Abraão de. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1982.
  • Berg, David. Enviado por Deus - Memórias de Daniel Berg Rio de Janeiro: CPAD,
  • Conde, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
  • Freston, Paul. "Breve História do pentecostalismo brasileiro". Antoniazzi, A. (org.). Nem anjos nem demônios interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994.
  • Vingren, Ivar. O Diário do Pioneiro.Rio de Janeiro: CPAD,
  • Vingren, Ivar, Nyberg Gunilla, Alvarsson Jan-Åke, Johannesson Jan-Endy. Det började i Pará: svensk pingstmission i Brasilien. Estocolmo: Missionsinstitutet-PMU, 1994.

Ligações externas

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