10/08/2016 - 12:08
Vocês já pararam para ouvir a letra deste funk “Malandramente”?
Autoria do poeta MC Nandinho.
A música esconde um alerta para o qual a sociedade deveria estar atenta.
Proponho, portanto, analisar esta obra de arte verso a verso.
~ Malandramente ~
Adjetiva o sujeito “menina inocente”, nosso personagem que será apresentado no próximo verso.
~ A menina inocente ~
Nossa protagonista. Uma menina inocente, talvez menor de idade. Imagino uma menina jovem, ingênua, num uniforme escolar, abraçada aos seus livros.
~ Se envolveu com a gente ~
Pressupõe que “a gente” não é inocente. E “se envolver” remete a uma atitude questionável. Quem se envolve, parece que não pode escapar facilmente. Envolvido num crime. Envolvido num romance. Algo além da própria vontade. Essa menina, inocente, parece estar procurando problemas.
~ Só pra poder curtir ~
A menina inocente, malandramente, se envolveu com gente que não é flor que se cheire, para poder curtir. Curtir o que? Nunca saberemos. Prevejo problemas.
~ Malandramente ~
De novo nos lembram que a menina inocente, é malandra. O que é um paradoxo. Pode vir uma surpresa por aí. Já não a vejo mais de uniforme escolar. Um jeans e um top, talvez.
~ Fez cara de carente ~
Aqui não podemos afirmar que a menina inocente e malandra tenha simulado ou não sua carência. De qualquer forma,”a gente” se sensibilizou. O que mostra que não são tão desumanos.
~ Envolvida com a tropa ~
Surpresa. “A gente” assume tratar-se de uma tropa. Quem sabe uma milícia? O risco da menina inocente e malandra está claro agora.
~ Começou a seduzir ~
Apesar de inocente, é malandra o suficiente para seduzir uma milícia inteira. Na minha imaginação, sai o jeans, entra uma mini saia.
~ Malandramente ~
Apenas reforça o que já sabemos sobre a menina inocente, carente, malandra e sedutora.
~ Meteu o pé pra casa ~
A menina inocente, carente, malandra e sedutora parece não ser tão inocente, porque curtiu e foi para casa sem grande dificuldade, mesmo estando envolvida com a milícia. Como ela teria escapado? Malandramente, é claro.
~ Diz que a mãe tá ligando ~
Suspeita-se que a menina inocente, carente, malandra e sedutora simulou uma ligação da mãe. Apesar da milícia não ser inocente e representar certo perigo, entende que ligação da mãe é coisa sagrada e deve ser respeitada.
~ Nós se vê por aí ~
Aqui a menina inocente, carente, malandra e sedutora demonstra que também é ignorante. Não a imagino mais abraçada aos livros. Talvez até fume escondido.
~ Aí safada! ~
A menina inocente, carente, malandra, sedutora e ignorante é também safada. Aos poucos vamos conhecendo mais sobre sua personalidade. E essa gradual mudança de personalidade é onde reside o brilhantismo artístico da obra. Os próximos três versos serão fundamentais para a conclusão da trama.
~ Na hora de ganhar madeirada ~
Aqui fica claro o perigo que a milícia representava para a menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada. Pretendiam agredi-la a madeiradas. Pior. Como utilizam o verbo “ganhar”, sugerem que já fizeram isso antes.
~ A menina meteu o pé pra casa ~
Por sorte ou sensibilidade, a menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada percebeu o risco que corria, conseguindo fugir.
~ E mandou um recadinho pra mim ~
Quem sabe a menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada vai concluir sua aventura informando que irá prestar queixa à polícia.
~ Nós se vê por aí ~
Não. O final surpreendente, prova do gênio. A menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada continuará correndo um enorme risco no próximo encontro.
Fica claro, portanto, que essa canção, mais do que uma obra artística, é um alerta de que existe uma gang agredindo jovens às madeiradas.
As autoridades responsáveis precisam tomar providências antes que seja tarde demais.