Compositor. Arranjador. Instrumentista. Filho de Jorge de Oliveira Jobim e de Nilza Brasileiro de Almeida. Nascido na Tijuca, mudou-se para Ipanema em 1931. Lá viveu com os avós maternos, Mimi e Azor, os pais e sua única irmã, Helena Jobim. Depois da morte prematura do pai, sua mãe casou-se com Celso Frota Pessoa, que lhe deu muito incentivo para a vida musical, chegando a lhe presentear com um piano. Em 1940, sua mãe fundou o Colégio Brasileiro de Almeida. Iniciou seus estudos de música em 1941, com aulas de piano com o professor Hans Joachim Koellreuter. Estudou, ainda, com Lúcia Branco, Tomás Terán, Leo Peracchi e Alceu Bocchino. Cursou a Faculdade de Arquitetura, chegando a trabalhar em um escritório, por um curto período. Em 1949, casou-se com Thereza Hermanny e, no ano seguinte, nasceu seu primeiro filho, Paulo Jobim, que se tornaria músico como o pai. Em 1953, mudou-se para o apartamento 201 da Rua Nascimento Silva, 107, em Ipanema, endereço que viria a ser tema da música “Carta ao Tom 74”, de Toquinho e Vinicius de Moraes. Em 1957, nasceu Elizabeth Jobim, sua primeira filha, que se tornaria artista plástica e participaria da Banda Nova, grupo que o acompanhou nos últimos anos de sua carreira, atuando no coro feminino característico de seus últimos trabalhos. Em 1962, mudou-se, com a família, para a casa da Rua Barão da Torre, em Ipanema. Seu primeiro neto, Daniel Jobim, nasceu em 1973. Tornou-se músico e, após a morte do avô, formou, ao lado do pai, Paulo Jobim, e de Jaques e Paula Morelenbaum, o quarteto Jobim-Morelenbaum. Em 1965, ao regressar dos Estados Unidos da América, disse, em enrevistra exclusiva ao jornal O Globo, que mais do que nunca a música popular reflete a perplexidade do homem diante dos problemas mundiais. Revelou, ainda, que, se o melhor lugar para vender música são os Estados Unidos, o melhor para compor é o Rio, onde há papo com os amigos, ambiente para o violão e praia. “O mercado norte americano é um consumidor fabuloso. Há lugar para a música inglesa, francesa, italiana, de qualquer lugar do mundo. E o interesse pela música popular brasileira aumenta dia a dia”. Em 1976, nasceu Dora, irmã de Daniel. Foi neste ano que Tom conheceu a fotógrafa Ana Beatriz Lontra, então com 19 anos, com quem saiu em lua-de-mel, em 1978, vindo a se casar, oficialmente, somente em 1986. Ana lhe deu mais dois filhos: João Francisco, em 1979, e Maria Luiza Helena, em 1987. Ana Lontra também participou do coro feminino da Banda Nova, acompanhando o marido em shows e gravações, e lançou, em 1988, um livro de fotos sobre o maestro intitulado “Ensaio Poético”. Morreu dia 8 de dezembro de 1994, aos 67 anos de idade, em Nova York, no Hospital Mount Sinai. Em 1998, morreu, aos 18 anos, João Francisco, seu primeiro filho com Ana Jobim, em consequência de um acidente de carro no Rio de Janeiro. Em 2014, em comemoração aos 20 anos de sua morte, foi inaugurada uma estátua sua em tamanho real na orla da praia de Ipanema, próximo ao Arpoador, no Rio de Janeiro. A escultora Christina Motta afirmou que se baseou em uma antiga foto de Tom com o amigo Vinicius de Moraes para fazer a estátua, que demorou 4 meses para ficar pronta e foi encomendada pela Prefeitura do Rio. O evento contou com a participação do Sexteto Terra Brasilis, convidado pela família do músico.
Em 2024 o escritor e biografo Ruy Castro lançou, pela Cia. das Letras, o livro “O ouvidor do Brasil”, um compilado com 99 crônicas sobre Tom Jobim publicadas ao longo da carreira do escritor.
No início de sua carreira, trabalhou como pianista em casas noturnas cariocas, como Drink, Bambu Bar, Arpège, Sacha’s, Monte Carlo, Night and Day, Casablanca, Tasca e Alcazar. Muitas vezes revezava com Newton Mendonça de quem se tornou grande amigo e com quem iniciou uma bem sucedida parceria musical, que gerou canções como “Desafinado” e “Samba de uma nota só”, entre outras.
Em 1952 foi contratado pela Continental Discos, com a função de fazer transcrições de músicas para registro. Decidido a trocar a vida boêmia e noturna pela diurna, declarou: “Resolvi mudar de vida, de repente. Para ser bicho diurno, arranjei emprego na Continental Discos. Levava a minha pastinha, com algumas partituras. Alguém cantava uma música, batendo na caixa de fósforo, e eu punha a melodia no papel” (JOBIM, Helena p.85).
O primeiro registro fonográfico de uma composição de sua autoria ocorreu em 1953, quando sua canção “Incerteza” (parceria com Newton Mendonça) foi lançada pela gravadora Sinter, no disco de 78 rpm de Mauricy Moura. Nesse mesmo ano, Ernâni Filho gravou, também pela Sinter, “Pensando em você” e “Faz uma semana” (c/ Juca B. Stockler). Em seguida, atuou como arranjador, auxiliado, no início, pelo maestro Radamés Gnattali.
Seus primeiros arranjos gravados pela Continental foram em discos de 78 rpm. O primeiro foi para a composição “Outra vez”, também de sua autoria, gravada por Dick Farney, em 1954. Fez arranjo, ainda, para músicas gravadas por Dóris Monteiro, Nora Ney, Orlando Silva e Dalva de Oliveira, entre vários outros. Seu primeiro sucesso foi “Tereza da praia” (c/ Billy Blanco), gravada em 1954 por Dick Farney e Lúcio Alves. Também nesse ano, lançou, com Billy Blanco, o LP “Sinfonia do Rio de Janeiro”, pela Continental, com arranjos de Radamés Gnattali. Essa obra foi incluída, mais tarde, na trilha do filme “Esse Rio que eu amo”, de Carlos Hugo Christensen. Ainda em 1954, teve músicas gravadas por Nora Ney, Elizeth Cardoso e Lúcio Alves, entre outros. A partir de então, suas músicas vêm sendo gravadas, ano após ano, por centenas de artistas nacionais e estrangeiros. Com o prestígio cada vez maior, foi chamado para comandar, em São Paulo, o programa “Bom Tom”, no qual recebia convidados como Lúcio Alves e Silvinha Telles, entre outros.
Em 1956, foi apresentado a Vinicius de Moraes, que viria a se tornar seu parceiro mais importante. O encontro se deu através de Lúcio Rangel, no Bar Gouveia, em frente à Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, foi convidado por Vinicius a musicar a peça “Orfeu da Conceição”. O espetáculo estreou no dia 25 de setembro de 1956, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e, no mesmo ano, foi lançado o LP da peça. Ainda em 1956, começou a trabalhar na gravadora Odeon, como diretor artístico. Além de Vinicius, teve outros parceiros importantes. Com Dolores Duran compôs “Se é por falta de adeus”, “Estrada do Sol” e “Por causa de você”, um repertório pequeno, mas bastante expressivo na MPB.
Em 1957, foi lançado, pela Odeon, o LP “Carícia”, de Sylvia Telles, com o samba-canção “Foi a Noite”, que compôs com Newton Mendonça. Nesse ano, recebeu, da prefeitura do Distrito Federal, o prêmio de Melhor Compositor.
Compôs, com Vinicius de Moraes, a canção “Chega de saudade”, que marcou o início da bossa nova e que foi lançada por Elizeth Cardoso, em 1958, no emblemático LP “Canção do amor demais”, para o qual assinou os arranjos e a direção musical. Nesse disco, João Gilberto aparece pela primeira vez em gravação, tocando, no violão, a batida que caracterizaria a bossa nova – nas faixas “Chega de saudade” e “Outra vez”. Também nesse ano, compôs a trilha sonora para o filme de Haroldo Costa “Pista de Grama”, no qual apareceu tocando piano ao lado de João Gilberto (ao violão) e Elizeth Cardoso, interpretando a música “Eu não existo sem você”, de sua parceria com Vinícius. Ainda em 1958, Sylvia Telles gravou o LP “Amor de gente moça”, contendo nove composições inéditas de sua autoria, e a soprano Lenita Bruno lançou o LP “Por toda a minha vida”, contendo canções de sua parceria com Vinicius de Moraes. Também nesse ano, recebeu diversos prêmios como compositor, entre eles o “Microfone de Ouro”, da Radiolândia.
Compôs, em 1960, com Vinicius de Moraes, a pedido do então presidente Juscelino Kubitscheck, “Brasília, Sinfonia da Alvorada” e, no ano seguinte, a trilha sonora para o filme “Porto das Caixas”, de Paulo César Saraceni.
Ainda com Vinicius de Moraes, compôs, em 1962, uma das músicas mais gravadas em todo o mundo: “Garota de Ipanema”. Nesse mesmo ano, realizou show no restaurante “Au Bon Gourmet”, em Copacabana (RJ), ao lado de Vinicius, João Gilberto, Os Cariocas e dos músicos Otávio Bailly (baixo) e Milton Banana (bateria). Nesse show, suas músicas “Só danço samba” e “Garota de Ipanema”, ambas com Vinicius de Moraes, e “Samba do avião”, entre outras, foram ouvidas pela primeira vez pelo público. Recebeu prêmio conferido por The National Academy of Recordings Arts and Sciences, na categoria Best Background Arrangement, pelo disco “João Gilberto”. Ainda em 1962, viajou pela primeira vez aos Estados Unidos, onde participou, ao lado de outros artistas brasileiros, do Show da Bossa Nova, apresentado no Carnegie Hall de Nova York.
Lançou, nos Estados Unidos, os LPs “The composer of Desafinado plays” (Verve/1963), com arranjos de Claus Oggerman, e “The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim” (Warner Bros/1964). Seu sucesso nos Estados Unidos foi tão grande que, ainda no início da década de 1960, teve uma versão instrumental de “Desafinado” gravada por Stan Getz e Charles Byrd, que chegou a vender um milhão de cópias.
Em 1964, foi para Los Angeles encontrar-se com Ray Gilbert, que faria as versões de suas músicas para o inglês. Em visita ao Rio de Janeiro, o cantor de bossa nova norte-americano Paul Winter fez uma interessante revelação. Por conta do sucesso de suas músicas, Tom Jobim vinha sendo constantemente assediado por Frank Sinatra, que tentava convencê-lo a permitir a reedição de suas composições nos EUA. No ano seguinte, lançou os LPs “Antônio Carlos Jobim” e “A certain Mr. Jobim”, pela Warner Bros, ambos com arranjos de Claus Ogerman.
Em 1967 gravou com Frank Sinatra o LP “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”. Ainda nesse ano, compôs a trilha sonora para o filme “Garota de Ipanema”, de Leon Hirszman. Também em 1967 recebeu indicação para o Grammy.
Em 1968 venceu o III Festival Internacional da Canção (FIC), realizado no Rio de Janeiro, com a música “Sabiá” (c/ Chico Buarque), tirando o primeiro lugar na fase nacional e na fase internacional (sob vaias do público, que torcia pela canção “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré). Ainda nesse ano, logo depois de chegar de uma bem sucedida viagem aos Estados Unidos, gravou depoimento para o Museu da Imagem e do Som, coordenado pelo então diretor Ricardo Cravo Albin, auxiliado por Vinicius de Moraes, Dori Caymmi, Chico Buarque e Oscar Niemeyer.
Em 1969, compôs mais uma trilha para o cinema, desta vez para o filme “Os Aventureiros”. A trilha foi gravada em Londres, com arranjos e regência de Eumir Deodato. Em seguida, assinou a trilha sonora dos filmes “Tempo de mar”, dirigido por Pedro de Moraes, filho de Vinicius de Moraes, e “A casa assassinada”, de Paulo César Saraceni.
Em 1970, Jobim lançou o LP “Stone Flower”, com arranjos de Eumir Deodato, que também foi o arranjador do LP de Frank Sinatra, “Sinatra & Cia”, lançado no ano seguinte, que continha cinco músicas de sua autoria.
Uma das canções mais representativas de sua trajetória como compositor é “Águas de março”, cuja primeira gravação saiu em um compacto encartado no semanário “O Pasquim”, em 1972. A música contaria depois com a célebre gravação que fez em dueto com Elis Regina, no disco “Elis & Tom”, gravado em Los Angeles e lançado em 1974.
Recebeu, por três vezes, o prêmio da BMI – Broadcast Music Inc., como Great National Popularity, com “The Girl From Ipanema” (versão de “Garota de Ipanema”), em 1970, “Meditation” (versão de “Meditação”), em 1974, e “Desafinado”, em 1977.
Gravou, com Miúcha, em 1978, o LP “Miúcha & Antônio Carlos Jobim”.
Sua composição “Luiza” foi tema de abertura da novela “Brilhante” (Rede Globo) em 1981.
Ainda na década de 1980, compôs a trilha sonora dos filmes “Eu te amo”, de Arnaldo Jabor, e “Gabriela”, dirigido por Bruno Barreto. Com Chico Buarque, compôs, ainda, a trilha do filme “Para viver um grande amor”, de Miguel Faria. Recebeu o prêmio Shell na categoria Melhor Compositor do ano de 1982, na festa realizada na Sala Cecília Meireles (RJ).
Em 1984, foi convidado pelo diretor Marco Altberg para fazer a trilha sonora do filme “Fonte da Saudade”, baseado no romance “Trilogia do Assombro”, de Helena Jobim. Com esta trilha, ganhou o Kikito de Melhor Música no Festival de Gramado. Nesse mesmo ano, fez a trilha para o filme “O tempo e o vento”, baseado no romance homônimo de Érico Veríssimo. Ainda em 1984, formou a Banda Nova, grupo que o acompanharia em shows e gravações até o fim de sua vida. Ao lado de Paulo Jobim (violão), Danilo Caymmi (flauta e voz), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Tião Neto (baixo), Paulo Braga (bateria) e do coro formado por Ana Jobim, Elizabeth Jobim, Paula Morelenbaum, Maucha Adnet e Simone Caymmi, realizou show no Carnegie Hall, em Nova York.
Em 1985, junto com a Banda, apresentou-se, com João Gilberto, na abertura do Festival de Montreux, na Suíça. Nesse ano, ganhou o título de “Grand Commandeur da Ordre des Arts et des Lettres”, concedido pelo governo francês, através de seu Ministério da Cultura.
Em 1986, recebeu o prêmio “Millionaired Songs”, conferido pela BMI aos autores de canções que foram ao ar mais de um milhão de vezes. Nesse mesmo ano, compôs a trilha sonora para o filme “Brasa adormecida”, dirigido por Djalma Limonji Batista. Ainda em 1986, compôs “Anos dourados”, que foi tema de abertura da minissérie homônima exibida pela Rede Globo e que, posteriormente, ganhou letra de Chico Buarque. Também nesse ano, lançou com a Banda Nova, o LP “Passarim”, pelo qual recebeu o primeiro Disco de Ouro de sua carreira e os Prêmios Sharp de Melhor Disco MPB e Melhor Música do ano.
Em 1987, participou do disco “Há sempre um nome de mulher”, álbum duplo dedicado à campanha do aleitamento materno e do qual se venderam 600.000 cópias apenas nas agências do Banco do Brasil. A gravação foi realizada em sua própria casa, tocando apenas ao piano a canção “Luiza”, registro considerado um dos seus melhores momentos como cantor. No encarte do disco, o produtor Ricardo Cravo Albin escreveu: “Tom é hoje uma coleção completa de boa parte do que ocorreu com a MPB de 1956 para cá”.
Em 1990, tornou-se membro da Academia Nacional de Música Popular Americana. Foi ainda nomeado reitor e, depois, presidente do Conselho Diretor da Universidade Livre de Música, situada em São Paulo, e Doutor Honoris-causa pela UERJ. Mais tarde, recebeu o mesmo título da Universidade de Lisboa.
Foi homenageado pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira (RJ), em 1992, com o samba-enredo “Se todos fossem iguais a você”, título da canção que fez em parceria com Vinicius de Moraes.
Gravou inúmeros programas para as TVs brasileira e americana, entre os quais o especial com Milton Nascimento, exibido, em 1993, pela TV Bandeirantes.
Em 1994, realizou mais uma apresentação no Carnegie Hall, desta vez ao lado do guitarrista Pat Metheny e do pianista Herbie Hancock, e lançou o último trabalho de sua carreira: o CD “Antônio Brasileiro”, pelo qual recebeu os Prêmios Sharp de Melhor Disco MPB e Melhor Música-samba, com “Piano na Mangueira”, composta em parceria com Chico Buarque. O CD foi, também, contemplado com o Prêmio Grammy, na categoria Best Latin Jazz Performance. Ainda em 1994, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro concedeu-lhe a Medalha Pedro Ernesto. Morreu no dia 8 de dezembro desse ano.
Em 1996, Helena Jobim lançou o livro “Um homem iluminado”, uma biografia do irmão. No ano seguinte, Sérgio Cabral publicou “Antonio Carlos Jobim – uma biografia”. O selo Revivendo, de Curitiba (PR), lançou o CD “Meus primeiros passos e compassos”, contendo as primeiras gravações de suas músicas.
Em 2000, foi lançada a caixa “Raros Compassos” (Revivendo), contendo três CDs com músicas do início de sua carreira, interpretadas por vários artistas. Nesse mesmo ano, foi lançado o CD “Tom Canta Vinicius”, com a gravação ao vivo do show realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), em janeiro de 1990. A cantora Gal Costa lançou, ainda, um CD interpretando suas composições, projeto que idealizou quando o maestro ainda vivia.
Diversas homenagens póstumas foram realizadas, como a polêmica mudança do nome da Avenida Vieira Souto, situada em Ipanema (RJ), para Avenida Tom Jobim. Com isso se criaria a esquina Tom Jobim com Vinicius de Moraes, antiga Rua Montenegro, onde situava-se o Bar do Veloso, hoje Garota de Ipanema, muito freqüentado por Tom e Vinicius e onde nasceu a inspiração para compor “Garota de Ipanema”. As placas chegaram a ser trocadas, mas a família Vieira Souto apelou para a justiça e a troca foi desfeita. Mais tarde, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro passou a se chamar Aeroporto Internacional Maestro Antônio Carlos Jobim, por pressão junto ao Congresso Nacional de uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antonio Candido, Antonio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin. Foi criado o Parque Tom Jobim, na Lagoa Rodrigo de Freitas e lançada a caixa “Tom Jobim – inédito”, contendo dois CDs.
Em 2000, foi lançada a edição de luxo do “Cancioneiro Jobim”, contendo partituras de 42 de suas composições, textos biográficos, fotos e reproduções de manuscritos. Esgotada a primeira edição, a publicação ganhou novo formato, dividido em dois volumes, um contendo texto biográfico e imagens e o outro contendo as partituras.
Em 2001, foi lançado o “Cancioneiro Jobim – obras completas”, reunindo partituras e letras de todas as músicas do maestro divididas em 5 volumes, com ilustração de Elizabeth Jobim. Nesse mesmo ano, foi inaugurado, com a exposição “Nas Trilhas do Tom”, o Instituto Antonio Carlos Jobim, presidido por Paulo Jobim e dirigido por Ana Lontra Jobim, Elizabeth Jobim e Wanda Mangia Klabin, tornando acessível a músicos e pesquisadores a obra e o acervo particular do compositor.
Em 2003, foram lançados o CD e o DVD “Jobim Sinfônico”, contendo suas peças orquestrais. O projeto foi idealizado e produzido por Mario Adnet e Paulo Jobim, registrando o espetáculo homônimo gravado em 2002, na Sala São Paulo (SP), com a Orquestra Sinfônica de São Paulo, sob a regência de Roberto Minczuk, assistente da Filarmônica de Nova York, e a participação de Milton Nascimento e 80 músicos. Ainda em 2003, chegou às livrarias o “Cancioneiro Vinicius de Moraes: Orfeu” (Jobim Music), songbook do espetáculo “Orfeu da Conceição”, encenado em 1956 no Teatro Municipal, trazendo 14 partituras das canções compostas com Vinicius para o musical, além de desenhos de Carlos Leão e Carlos Scliar, cartazes, críticas, capas de discos, textos de Sérgio Augusto, Susana de Moraes, Paulo Jobim e Cacá Diégues, uma edição assinada por Maria Lúcia Rangel dos textos do poeta sobre a criação da peça e a correspondência mantida com Vinicius sobre a primeira adaptação da obra para o cinema, realizada por Marcel Camus, em 1959, com o título de “Orfeu negro”.
Em 2004, o crítico Ricardo Cravo Albin propôs à Associação Comercial do Rio de Janeiro que se promovesse junto ao Aeroporto Maestro Antônio Carlos Jobim um memorial a ele dedicado, por ocasião dos 10 anos de seu falecimento.
Entre os artistas estrangeiros que gravaram suas canções estão Frank Sinatra, Miles Davis, Stan Getz, Quincy Jones, Dizzie Gillespie, Charlie Byrd, Sara Vaughan, Clare Fischer, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Oscar Peterson, Joe Pass e Sting, entre outros.
Em 2004, foi lançado o CD “Antonio Carlos Jobim em Minas ao vivo Piano e Voz”, registro do recital apresentado pelo compositor, em 1981, no Palácio das Artes (BH).
No ano seguinte, “The Girl from Ipanema” histórica gravação de Astrud Gilberto, ao lado de João Gilberto, Stan Getz e do próprio compositor, realizada em 1963, foi escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano. Também em 2005, a Jobim Biscoito Fino relançou o álbum duplo “Tom Jobim Inédito”. O disco, gravado em 1987 para a Odebrecht, com produção de Jairo Severiano e Vera Alencar, teve distribuição comercial em tiragem limitada, no final de 1995.
Em 2006, foi lançado, também pela Jobim Biscoito Fino, o DVD “Tom Jobim ao vivo em Montreal”, registro do show gravado em 1986, no Festival Internacional de Jazz daquela cidade. Ao lado do compositor, os músicos Jaques Morelenbaum (violoncelo), Paulo Jobim (violão), Danilo Caymmi (flauta), Tião Neto (baixo) e Paulo Braga (bateria), e do vocal de Paula Morelenbaum, Maucha Adnet, Simone Caymmi, Ana Jobim e Elizabeth Jobim. O DVD traz ainda uma entrevista concedida pelo compositor em sua casa, no bairro do Jardim Botânico (RJ), em 1981, ao jornalista Roberto D’Ávila.
Em 2007, a gravadora Biscoito Fino lançou o CD “Tom Jobim ao Vivo em Montreal”, contendo o áudio do DVD homônimo, lançado no ano anterior. No repertório, suas canções “Água de beber”, “Chega de saudade”, “A felicidade” e “Garota de Ipanema”, todas com Vinicius de Moraes, “Samba de uma nota só” (c/ Newton Mendonça), “Two kites”, “Wave”, “Borzeguim”, “Falando de amor”, “Gabriela”, “Samba do avião” e “Waters of March”.
Em 2007 foi lançado o DVD “A casa do Tom – Mundo, Monde, Mondo”, filme de Ana Jobim que conta a história de amor do compositor com a música, a família e a natureza. Narrado pela própria Ana Jobim, o documentário inclui falas, fotos, filmes caseiros e filmes profissionais, poemas, uma longa entrevista e uma trilha sonora composta de 24 músicas.
Em 2010, foi relançado o CD “Minha alma canta”, com interpretações suas de músicas de outros compositores, gravadas ao lado de amigos como Edu Lobo, Chico Buarque e Gal Costa para alguns dos songbooks produzidos por Almir Chediak. Nesse mesmo ano, a remontagem do musical “Orfeu da Conceição”, com trilha sonora de sua parceria com Vinicius de Moraes, estreou turnê nacional no Canecão (RJ), com direção geral de Aderbal Freire-Filho e direção musical de Jaques Morelenbaum e Jaime Alem, com elenco formado por Érico Brás, Wladimir Pinheiro, Jéssica Barbosa e Isabel Fillardis, coreografia de Carlinhos de Jesus e figurino de Kika Lopes.
Em 2011, o musical “Passarim – As peripécias de um sabiá apaixonado por Luiza”, com direção e roteiro de Rony Guilherme, estreou no Teatro das Artes (RJ), com canções de sua autoria, entre as quais “Eu sei que vou te amar” (c/ Vinicius de Moraes), “Imagina” (c/ Chico Buarque) “Brasil nativo”, “Borzeguim”, “Passarim” e “Wave”. Nesse mesmo ano, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box “100 Anos de Música Popular Brasileira”, contendo quatro CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos “MPB 100 ao vivo” realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 5 da caixa, com suas canções “Se é por falta de adeus” (c/ Dolores Duran), na voz de Dóris Monteiro, “Foi a noite” (c/ Marino Pinto), na voz de Lúcio Alves, “Desafinado” (c/ Newton Mendonça), na voz de Alaíde Costa, e ainda com as seguintes canções em parceria com Vinicius de Moraes: “Se todos fossem iguais a você”, “Eu sei que vou te amar” e “A felicidade”, todas na voz de Lúcio Alves, “Eu não existo sem você”, na voz de Alaíde Costa, e “Garota de Ipanema”, interpretada em dueto por Johnny Alf e Alaíde Costa.
Em 2012, estreou no Brasil o documentário “A música segundo Tom Jobim”, de Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim, com roteiro de Nelson Pereira dos Santos e Miúcha, após passar pelos festivais de Nova York, Copenhague, Santa Maria Feira (em Portugal) e ainda pelo Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, considerado como o mais importante festival mundial do gênero. Nesse mesmo ano, foi lançado o livro “Histórias de canções – Tom Jobim”, de Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira (Leya Brasil). Pelo conjunto de sua obra, foi homenageado com o “Lifetime Achievement Award” do Grammy 2012, premiação pela primeira vez conferida a um artista brasileiro.
Em 2013, entrou no circuito cinematográfico o documentário “A Luz do Tom”, de Nelson Pereira dos Santos, no qual o compositor tem sua vida narrada por vozes femininas. Nesse mesmo ano, foi o homenageado da 24ª edição do Prêmio da Música Brasileira. O evento contou com a participação de vários artistas, entre os quais Gal Costa, João Bosco, Ney Matogrosso e Leny Andrade, que interpretaram canções de sua autoria.
Em 2016, foi relembrado durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Sua composição “Garota de Ipanema” foi executada ao piano por seu neto Daniel Jobim enquanto a modelo Gisele Bündchen cruzava, no palco, uma passarela de 128 metros, representando a graça e a beleza da mulher brasileira. No mesmo ano, teve três músicas de sua autoria incluídas no livro de Nelson Motta “101 canções que tocaram o Brasil”: “Eu sei que vou te amar”, em parceria com Vinicius de Moraes, “Desafinado”, composta com Newton Mendonça, e “Águas de março”.
Em setembro de 2023, no dia 21, foi lançado o filme documentário “Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você”, dirigido por Roberto de Oliveira. Na ocasião do lançamento, o documentário já havia sido reconhecido como o Melhor Filme Brasileiro na 46ª Mostra de São Paulo. Também já hava sido exibido no Festival do Rio 2022 e na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Fora do Brasil, já havia sido apresentado no Marché du Film do Festival de Cannes, na França. O documentário mescla imagens de arquivo em película de 16mm, filmados na ocasião da gravação, e entrevistas posteriores com personagens envolvidos na produção do álbum, como o A&R da gravadora de Elis na ocasião André Midani, Roberto Menescal, o engenheiro de som Humberto Gatica, Cesar Camargo Mariano, o baterista Paulo Braga e Roberto Menescal, entre outros. O longa foi produzido pela Rinoceronte Entretenimento, com coprodução da Riofilme, patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e parceria com Universal Music Group.
Compilação
Filme de Ana Jobim.
Gravado ao vivo no Festival de Jazz de Montreal em 1986.
Gravado ao vivo no Festival de Jazz de Montreal em 1986.
Gravado em 1987.
Tributo, vários artistas.
Gravado ao vivo no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), em janeiro de 1990.
Compilação
Participação, vários artistas.
Participação, vários artistas.
Participação, vários artistas.
(Participação:)
Participação, vários artistas.
Participação, vários artistas.
Participação.
Participação, vários artistas.
Participação, vários artistas.
Tom Jobim e Gal Costa
CBPO
Participação, vários artistas
Participação
Participação
Participação, vários artistas
Participação, vários artistas. Trilha sonora original de Tom Jobim.
Participação
Edu Lobo e Tom Jobim
Tributo.
Frank Sinatra e Tom Jobim
Participação
Elis Regina e Tom Jobim
Frank Sinatra, Antonio Carlos Jobim, Don Costa e Eumir Deodato
Participação
Participação
Participação.
Participação como arranjador
Participação como arranjador
Participação como arranjador
Participação como compositor, arranjador e pianista
Participação como arranjador
Participação: composição, orquestrações e regência
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB: A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1997.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB – A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014. 4ª ed. EAS Editora, 2020.
CABRAL, Sérgio. Antônio Carlos Jobim: uma biografia. Rio de Janeiro: Lumiar, 1997.
CASTRO, Ruy. Chega de saudade. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
HOMEM, Wagner e OLIVEIRA, Luiz Roberto. Histórias de canções – Tom Jobim. São Paulo. Leya Brasil, 2012.
JOBIM, Helena. Antônio Carlos Jobim: um homem iluminado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
JOBIM, Tom e Ana. Ensaio poético – passaredo. Rio de Janeiro: Record, 1988.
LISBOA, Luis Carlos. A vida de Tom Jobim. Rio de Janeiro: Rio Cultura/Faculdades Integradas Estácio de Sá, 1983.
SEVERIANO, Jairo e HOMEM DE MELLO, Zuza. A canção no tempo vol. 2. São Paulo: Editora 34, 1998.
Antônio Carlos Jobim foi o compositor brasileiro mais famoso dentro e fora do Brasil na última metade do século XX. Inicialmente tocando como pianista em todos os inferninhos do Rio, foi a partir do começo dos anos 50 que Tom Jobim iniciou sua carreira como compositor.
Ainda na fase das parcerias com Marino Pinto, Billy Blanco e Dolores Duran, Tom Jobim fazia música com um velho amigo de juventude na praia de Ipanema, o também ótimo pianista Newton Mendonça, que morreria prematuramente no começo dos anos 60. Com Mendonça, Jobim lançaria dois clássicos da bossa-nova: “Chega de saudade” e “Samba de uma nota só”.
Logo depois de compor a “Sinfonia de Brasília” com Vinícius, começou o sucesso internacional de Tom Jobim. Não certamente pela Sinfonia, mas porque duas músicas suas haviam entrado em 1961 nas paradas de sucesso norte-americanas: “Desafinado” e “Samba de uma nota só”, que em pouco tempo venderam mais de um milhão de cópias. Começou-se então a falar nos Estados Unidos da bossa-nova, que logo seria uma coqueluche que se espalharia não só pelo território americano como também por todos os países do mundo. E com essa consagração da bossa-nova estava definitivamente consagrado o seu estruturador, Antônio Carlos Jobim.
Antônio Carlos Jobim é até hoje o nome mais respeitado, acatado e até venerado pelas novas gerações de músicos e compositores do Brasil. Embora com todo esse sucesso, Tom continuou afável e simples com as pessoas que o procuravam: sorriso franco, roupas e cabelos sempre descuidados, ele nunca escondeu sua paixão pela vida simples. E as coisas simples de que Tom se embebeu fizeram-no também um poeta, além do grande compositor que sempre foi. Seu último grande sucesso popular refletia a excelente poesia que também o habitou: são os versos de “Águas de março” para os quais Tom compôs uma de suas mais simples, despojadas e ao mesmo tempo mais adoráveis melodias.
Ricardo Cravo Albin